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Caso Americanas: presidente era 'centralizador', diz CEO que revelou rombo

Leonardo Coelho (esq.), atual presidente da Americanas, e Sergio Rial (dir.), seu antecessor, em audiência no Senado - Letícia Casado / UOL
Leonardo Coelho (esq.), atual presidente da Americanas, e Sergio Rial (dir.), seu antecessor, em audiência no Senado Imagem: Letícia Casado / UOL

Do UOL, em Brasília

28/03/2023 12h43Atualizada em 28/03/2023 15h16

O executivo Sérgio Rial, que ficou apenas dez dias na função de CEO das Americanas e revelou um rombo de R$ 20 bilhões no balanço financeiro da empresa, disse nesta terça-feira (28) que seu antecessor, Miguel Gutierrez, era "centralizador" e controlava as informações da companhia.

O que aconteceu?

  • Rial foi a uma audiência pública no Senado prestar esclarecimentos sobre o caso da Americanas. O rombo teria acontecido em exercícios anteriores a 2022 -- antes, portanto, de Rial assumir a presidência da Americanas. A confirmação das irregularidades e dos valores envolvidos ainda será feita por uma auditoria independente.
  • Presidente da Americanas e da CVM. Também participam da audiência com senadores o atual presidente da varejista, Leonardo Coelho, e o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Pedro Barroso do Nascimento, além de Moacir de Almeida Reis, diretor de operações da Forte Minas, uma fornecedora da Americanas.

O que Rial disse?

  • Rial contou como foi seu processo de contratação na varejista. Disse que recebeu uma ligação de um conselheiro no início de 2022 e que a conversa evoluiu ao longo do ano. Sua entrada na empresa para suceder Gutierrez foi definida em agosto do ano passado, mas sua gestão começou apenas em janeiro de 2023.
  • Período de adaptação. Sergio Rial disse que no segundo semestre de 2022 ficou se "ambientando" com a empresa para assumir o cargo em janeiro.
  • Sem sucessão. Rial disse que Gutierrez, o presidente anterior, não fez a sua sucessão do cargo de maneira apropriada e que ele era centralizador.

Não aconteceu a sucessão como havia sido imaginado, com uma pessoa de fora chegando. Segundo ponto, natural, [havia] uma preocupação muito grande de que não houvesse dualidade de liderança: eu assumo em 2 de janeiro, ele permanece presidente até 31 de dezembro. Terceiro, uma pessoa com características de CEO com vasta experiência, tendo estado na empresa tanto tempo, [era] centralizador, no sentido de que as informações eram muito bem controladas por ele juntamente com a diretoria.
Sergio Rial

Gutierrez não foi localizado

Miguel Gutierrez, que comandou a Americanas por 20 anos antes de Rial assumir, também foi convidado a prestar esclarecimentos. No entanto, ele não respondeu à comissão, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA) a jornalistas após a sessão no Senado.

Gutierrez fugiu para a Espanha. Tentamos localizar ele, que não respondeu. Telefonema, ele não atende. É espanhol, fugiu para a Espanha. Esse deve ser o principal bandido da fraude, sem nenhum limite para chamar de bandido
Otto Alencar

Otto afirmou que os senadores não têm poder para convocar Gutierrez, uma vez que isso só caberia a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Portanto, o executivo só foi convidado para dar explicações.