Zerar o déficit público em um ano, arrecadar R$ 2 trilhões com privatizações e venda de imóveis da União, aplicar uma ampla agenda de reformas estruturais. A lista de promessas feitas desde a campanha presidencial de 2018 pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, é grandiosa. Mas ainda estão distantes de serem concretizadas, 20 meses depois do início do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A lentidão para aplicar sua agenda liberal, que sofre resistência de setores do próprio governo, levou ao que Guedes chamou de "debandada" de sua equipe, após as saídas do secretário especial de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e do secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel,.
"A equipe econômica cometeu alguns erros e está pagando por isso", afirma Roberto Ellery, professor da UnB (Universidade de Brasília). "E, para mim, um dos grandes erros foi prometer muito o que não podia entregar. Uma agenda de reformas não traz crescimento no ano que vem, ela não zera o déficit público em um ano, como foi prometido. A agenda de reformas, pela natureza dela, é lenta."
Para o pesquisador Bruno Carazza, professor do Ibmec e autor de "Dinheiro, Eleições e Poder: as Engrenagens do Sistema Político Brasileiro" (Companhia das Letras), o desempenho de Guedes é muito ruim, se analisado pelo que foi prometido. Por outro lado, ele considera que Guedes conseguiu assegurar uma política de sustentabilidade fiscal e controlar os gastos do governo.
"Se você comparar o que Guedes anunciava e o que ele entregou, o desempenho dele é muito ruim. Realmente entregou muito pouco do que prometia", diz Carazza.
"Agora, do ponto de vista do que ele manteve, em relação ao que poderia ter acontecido se tivesse prevalecido essa visão intervencionista, estatizante e gastadora do Bolsonaro, o Guedes, bem ou mal, conduziu o país nesse período. Assegurou uma situação que vinha desde o Temer. Houve uma continuidade no aspecto de sustentabilidade fiscal."
Relembre a seguir as promessas, a realidade, propostas e frases polêmicas do ministro.