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Boeing 737 Max é liberado nos EUA, mas ainda está proibido no Brasil

Boeing 737 Max - Divulgação
Boeing 737 Max Imagem: Divulgação

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/11/2020 11h30Atualizada em 18/11/2020 12h50

O Boeing 737 Max continua proibido de voar no Brasil. O modelo recebeu autorização para retornar às operações nos Estados Unidos, mas a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que a liberação para voltar a voar aqui ainda depende de análise das modificações do projeto. Essa avaliação é feita pela própria Anac.

Segundo a agência, "o objetivo é demonstrar que o projeto com as modificações propostas é seguro e atende aos requisitos de aeronavegabilidade necessários". A tendência, no entanto, é que a liberação no país ocorra em breve, já que a Anac tem trabalhado em conjunto a agência norte-americana FAA (Administração Federal de Aviação, na sigla em inglês, responsável pelo setor aéreo no país).

Engenheiros e pilotos participam de grupo

Em comunicado, a Anac afirmou que procederá com os ajustes finais para conclusão do processo. A agência afirmou que participa desde abril de 2019 de um grupo para análise desses estudos. Ao todo, cerca de 20 profissionais da agência participaram do processo. São engenheiros de diversas especialidades e pilotos.

A Anac trabalha com avaliações independentes para assegurar que todos os requisitos necessários serão atendidos no retorno seguro das operações dessas aeronaves no Brasil
Rafael Botelho, diretor-presidente substituto da Anac

Além da Anac, outras agências estrangeiras também precisam emitir suas próprias autorizações para liberar o retorno das operações do avião em todo o mundo. A agência europeia Easa já havia afirmado que o modelo poderia ser liberado para retomar os voos até o final do ano.

Max deve voar 30 dias após a liberação, diz Gol

A Gol é a única companhia aérea brasileira a operar com o modelo. Segundo a Anac, após a liberação, a empresa deverá incorporar e demonstrar de forma satisfatória o cumprimento de todas as novas diretrizes, tanto em termos de projeto quanto de treinamento de pilotos.

A partir da liberação oficial da Anac, estimamos que o 737 Max retorne a voar em nossa frota em até 30 dias
Nota da Gol

A companhia afirmou que participou de todo o processo de recertificação da aeronave e que reitera sua confiança na Boeing, parceira exclusiva desde o início da operação da empresa, em 2001.

Liberação após 20 meses

A autorização emitida nesta quarta-feira (18) pela FAA ocorre após 20 meses da suspensão total dos voos do Boeing 737 Max. O avião foi proibido de voar em todo o mundo após dois acidentes que mataram 346 pessoas na Indonésia e na Etiópia. Nos dois acidentes, uma falha no sistema MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System, ou sistema de ampliação de característica de manobra) teria sido a principal causa para a queda dos dois aviões.

O sistema seria responsável por evitar que o avião entrasse em uma atitude que pudesse gerar perda de sustentação. A atuação do MCAS, no entanto, forçava que a aeronave baixasse o nariz em uma fase crítica do voo, levando a um mergulho em direção ao solo.

Diretor da FAA pilotou o avião

A FAA "seguiu um processo de revisão de segurança abrangente e metódica que levou 20 meses para ser concluído. Durante esse tempo, os funcionários da FAA trabalharam diligentemente para identificar e resolver as questões de segurança que desempenharam um papel na trágica perda de 346 vidas a bordo do Lion Air Flight 610 e do Ethiopian Airlines Flight 302", diz o comunicado divulgado pelo órgão e assinado pelo diretor Steve Dickson.

O diretor da FAA participou ativamente do processo. "Dickson realizou pessoalmente o treinamento de piloto recomendado e pilotou o Boeing 737 Max para que pudesse experimentar o manuseio da aeronave em primeira mão", afirmou a nota.

O órgão também publicou uma diretriz de aeronavegabilidade, na qual especifica alterações de design que devem ser feitas antes de a aeronave voltar a voar e novos requisitos de treinamento. A FAA informou que ainda deve aprovar a formação necessária para os pilotos antes de qualquer voo do 737 Max operar sobre o espaço aéreo dos Estados Unidos. Ainda assim, o CEO da Boeing, David Calhoun, afirmou que a decisão constitui "uma etapa importante".

Mais de 800 aviões parados

Atualmente, são cerca de 800 aviões do modelo parados em todo o mundo. Quando foi proibido de voar após o segundo acidente em março do ano passado, 387 aeronaves já haviam sido entregues às companhias aéreas. Mesmo com a proibição dos voos, a Boeing continuou produzindo o modelo. Nesse período, foram fabricados cerca de 400 aviões que ainda não puderam ser entregues.

Antes de voltarem a voar, a FAA deverá emitir certificados de aeronavegabilidade nacionais e internacionais para todas as novas aeronaves 737 Max fabricadas desde que a FAA emitiu a ordem de aterramento.

"Além disso, as companhias aéreas que estacionaram suas aeronaves Max devem tomar as medidas de manutenção necessárias para prepará-las para voar novamente", afirmou a agência norte-americana.