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Procura por táxi-aéreo cresce no Brasil e já faltam jatos e helicópteros

Procura pela aviação executiva teve aumento de mais de 300% em dezembro - Divulgação
Procura pela aviação executiva teve aumento de mais de 300% em dezembro Imagem: Divulgação

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/01/2021 04h00

A pandemia do novo coronavírus fez com que a procura pelo aluguel de jatos e helicópteros executivos tivesse forte alta no Brasil no ano passado. Foi um fenômeno que ocorreu ao longo do ano, mas que ficou ainda mais evidente em datas badaladas, chegando até mesmo a faltar aviões e helicópteros para fretamento. Algo que pode ser repetir em feriados como o carnaval.

Às vésperas do Réveillon, destinos como Trancoso (BA) e Porto Seguro (BA) registraram até mesmo congestionamento de jatinhos no final do ano. Búzios (RJ), Angra dos Reis (RJ) e Paraty (RJ) também tiveram forte procura por voos particulares.

O aumento das buscas foi tanta que chegou até mesmo a faltar aeronaves para atender a todos os pedidos por voos fretados. "No final do ano, a demanda superou a oferta. Na última semana de dezembro no Rio de Janeiro faltou helicóptero", afirmou Paul Malicki, CEO da Flapper.

O aplicativo de reserva de voos executivos registrou um aumento de 194% na receita de dezembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a plataforma Fly Adam registrou uma alta de 300% nas buscas e fretamentos de aeronaves em dezembro, comparada ao mesmo mês em 2019.

No começo deste ano, a procura continua em alta. No aplicativo Flapper, nos primeiros 20 dias do ano já houve um aumento de 397% nos pedidos de cotação para voos executivos, em relação ao mesmo período do ano anterior. O mesmo fenômeno é registrado pela plataforma Fly Adam. "A demanda segue elevada por causa das férias de verão. A preocupação é com a falta de aeronaves para atender todos os interessados em fretamento", afirmou a empresa.

Rio e Bahia são principais destinos

Na Fly Adam, os destinos mais procurados para o fretamento são Rio de Janeiro e Angra dos Reis, além de Trancoso e outros destinos na Bahia, principalmente. Na Flapper, Angra dos Reis aparece em três das dez rotas que apresentaram maior aumento na procura de voos. São viagens saindo de Brasília (DF), Campinas (SP) e Porto Alegre (RS).

Além dos voos turísticos, outras rotas mais corporativas tiveram forte alta. A busca por voos entre Cuiabá (MT) e São Paulo foi a que mais cresceu, com alta de 637%.

Carnaval deve ter novo pico

As empresas de táxi-aéreo já avaliam que o carnaval deve ter um novo pico na procura por voos executivos. "No Rio, certamente vai faltar avião. O carnaval foi cancelado, mas vai ter muitas pessoas saindo da cidade", disse Paul.

O executivo afirmou que ainda não é possível ter uma previsão da quantidade de fretamentos e destinos porque a tendência é que os contratos sejam fechados somente na última semana antes do voo. "Em geral, os pedidos são feitos com dez a 20 dias de antecedência, mas hoje a maioria dos pedidos é com apenas dois dias de antecedência", afirmou.

Segundo o CEO da Flapper, isso é um reflexo das constantes mudanças nas regras de isolamento impostas pelos governos para conter o avanço da covid-19. "Com o início da vacinação, há quem ainda ache que vai ter carnaval, mas isso não vai acontecer. Na última hora, vão procurar outro destino", disse. São mais de 500 aeronaves de táxi-aéreo para fretamento certificadas no aplicativo Flapper.

"Nossa recomendação é para que as pessoas antecipem a reserva para garantir a aeronave, uma vez que a oferta é limitada. Estamos ampliando nossas estratégias e atendimento para contemplar todos os interessados", disse Daniel Diniz, CEO da Fly Adam.

Procura por UTI aérea

Outro serviço que teve forte aumento de demanda foi a de UTI aérea para remoção de pacientes. A Fly Adam registrou uma alta de 150% nas buscas e fretamentos de aeronaves equipadas com UTI Aérea nas últimas oito semanas, em relação ao período anterior.

"São famílias que querem levar seus entes queridos para outras localidades em busca de tratamento adequado para a doença e não encontram outra forma que não seja o transporte aéreo", disse Diniz. Segundo a plataforma, grande parte das consultas é oriunda de cidades nas regiões Norte e Nordeste.