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Negócios e oportunidades com o cafezinho de todo dia

Rose Mary Lopes

Colunista do UOL

06/02/2015 06h00

Que o café está ligado à nossa história, economia e costumes todos nós sabemos. Mas pode ser interessante configurar o cenário atual em torno desta commodity e dos produtos e negócios em torno dela.

O Brasil, apesar de tudo, continua a desempenhar um papel relevante como o maior produtor mundial. Dados da Abic (Associação Brasileira das Indústrias de Café) dão conta de um decréscimo na produção anual: 50,8 milhões de sacas em 2012 para 45,3 (segundo dados de dezembro dos levantamentos de Safra da Conab).

Entretanto, no mesmo período, houve avanço nas exportações. Em milhões de sacas, de 28,7 para 36,7, representando um pequeno avanço em valor, de US$ 6,5 para US$ 6,7 bilhões (sobretudo devido à desvalorização do real frente ao dólar, o preço médio caiu de $ 225 para 181 dólares por saca).

Deste modo, avançamos na participação do país nas exportações mundiais – de 25,4% para 32,2%. Isto significa que o café, no quadro geral do agronegócio brasileiro, em termos de percentual medido pelo valor em US$, passou de 6,7% para 6,9%.

Não somente somos grandes produtores, como também grandes consumidores: nosso país somente fica atrás do consumo global dos Estados Unidos. Entretanto, medidos por consumo por habitante, são os holandeses, finlandeses, suecos e dinamarqueses que mais bebem café (Statista 2013).

Dados reportados pela Abic, em 2014, mostra que consumimos 20,3 milhões de sacas de café – torrado, moído ou solúvel -, e desde 2012 aumentamos de 6,2 kg para 6,4 kg de café per capita por ano.

Os últimos anos assistiram a muitas mudanças nos hábitos de consumo de café da população brasileira. Ainda é a peça de resistência do café da manhã, afinal 97% da nossa população bebe café, quer em casa, na rua ou no trabalho. Entretanto, tem sido enorme o crescimento do seu consumo fora dos lares.

As padarias ainda são o local de consumo mais frequente: 64% do café é bebido nestes estabelecimentos.Porém, mais e mais brasileiros adquiriram o hábito de ir às cafeterias: a Abic indica que 50% do consumo se dá nestes locais. E o mais importante é que parte dos consumidores bebe café mais de uma vez por dia, e nos dois tipos de estabelecimento.

Ao mesmo tempo, houve melhoria da qualidade dos cafés oferecidos, com investimento em grãos de qualidade e produção de cafés gourmets. Assim, dados da mesma associação revelam que em termos de ritmo de crescimento, o de cafés especiais cresceu cinco vezes mais do que os tradicionais – 15% contra 3%.

A exigência de qualidade cresceu de parte a parte – tanto da indústria que apresenta variedades, selos de qualidade e certificados de origem – como dos consumidores que partiram para experimentar novas variedades, novas misturas e, no geral, passou a gastar um pouco mais com o cafezinho nosso de todo dia.

Cresceu também a oferta de máquinas para os cafés expressos, cappuccinos, mocha, moccaccino, macchiato, latte e estão presentes em padarias, cafeterias, restaurantes, empresas e organizações. Máquinas menores são ofertadas para os lares e seu consumo tem crescido muito.Grande parte  é importada e comercializada aqui, havendo poucos empreendedores produzindo-as no país (exemplo: Farat Café).

Por outro lado, há a oferta de cafés em doses únicas, por meio de sachês ou cápsulas. Estas últimas revolucionaram o setor, oferecendo mais uma alternativa para o consumidor. Poucas nacionais, como a Três Corações (que tem o selo selo Rainforest Alliance Certified). E, caminha-se para o oferecimento de cafés e bebidas geladas neste formato.

Entretanto, tendências atuais revelam que o consumidor se preocupa cada vez mais com o impacto de seu consumo, da produção no campo até o produto final, e as indústrias estão recebendo pressão para adquirirem de produtores que protejam o meio ambiente, assim como a de ofertar cápsulas com maior possibilidade de reciclagem.

Para os empreendedores o leque de oportunidade é grande. Focando apenas a ponta do consumo, as cafeterias continuam a ser negócios mais acessíveis. Podem ser lojas, quiosques ou minicafeterias, próprias ou franquias. Além de ofertar diversos tipos de bebidas baseadas em café, podem oferecer uma variedade de acompanhamentos, salgados e doces.

Mesmo com um cenário econômico pouco animador, o que não vai faltar para o público são razões e momentos para tomar um bom cafezinho!