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OPINIÃO

Incertezas sobre plano de expansão penalizam ações do Grupo Mateus

Ilson Mateus, dono do Grupo Mateus - Divulgação
Ilson Mateus, dono do Grupo Mateus Imagem: Divulgação

Rafael Bevilacqua

11/04/2022 09h18

Hoje comentaremos a desconfiança do mercado com o plano agressivo de expansão da rede varejista Grupo Mateus, um dos maiores conglomerados do Norte e Nordeste.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Mercado enxerga plano de expansão com desconfiança

O Grupo Mateus (GMAT3), quarta maior empresa de varejo alimentar do país em valor de mercado, tem sofrido com a falta de confiança dos investidores em relação à execução de seu agressivo plano de expansão.

A companhia abriu seu capital na B3 —a Bolsa brasileira—em 13 de outubro de 2020, em meio a um dos momentos mais críticos da pandemia do coronavírus, e captou R$ 4,63 bilhões com a operação, tendo suas ações sido disponibilizadas ao preço unitário de R$ 8,97.

Naquele momento, ações de companhias do varejo alimentício vinham se beneficiando do aumento da demanda por alimentos e itens de primeira necessidade propiciado pela implementação do auxílio emergencial e pelo fato de que o setor foi um dos únicos que pôde manter as portas abertas durante as medidas de restrição.

Os planos ambiciosos da empresa incluem dobrar de tamanho até 2025, devendo expandir para seis novos estados a partir deste primeiro trimestre de 2022, elevando o ritmo de abertura de lojas para até 50 por ano, com foco na expansão do seu formato de atacarejo (cash and carry). O plano implica investimentos de R$ 3,1 bilhões.

Mas a mudança de cenário observada ao longo de 2021 e dos primeiros meses deste ano tem gerado desconfiança entre os investidores. Os números divulgados pela companhia referentes ao resultado do quarto trimestre do ano passado apontam que o Grupo Mateus já usou todos os recursos captados na abertura de capital e vem perdendo rentabilidade.

Em meio a um cenário bastante desafiador para o varejo devido à alta da inflação, preços mais agressivos passaram a ser praticados pela companhia. O ponto de atenção é a rede estar acelerando demais em um cenário bastante arriscado, ponto este que parece não estar sendo visto com bons olhos pelo mercado, que tem penalizado as ações do Grupo Mateus.

Quando estreou na Bolsa, o Grupo Mateus foi avaliado em R$ 20 bilhões, patamar que nunca foi recuperado, com o valor de mercado atual da empresa rondando a marca de R$ 12 bilhões.

Dessa forma, enxergamos um curto prazo menos atraente para a companhia, com a alta dos preços minando o poder de compra do consumidor, margens apertadas e uma concorrência bastante acirrada. Podemos ver um cenário mais otimista caso ocorra uma desaceleração expressiva da inflação no segundo semestre do ano.

Na sexta-feira (8), as ações preferenciais do Grupo Mateus fecharam em queda de 2,11%, cotadas a R$ 5,11.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.