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6 empresas na Bolsa são mais ameaçadas pela crise da Evergrande; saiba mais

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/09/2021 04h00

A possibilidade de uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China falir causou impacto sobre as Bolsas pelo mundo nesta semana. A Evergrande anunciou que pode deixar de pagar seus credores, o que coloca um ponto de interrogação na cabeça do investidor brasileiro sobre qual o impacto disso sobre os investimentos no Brasil.

Analistas ouvidos pelo UOL mostram quais são os setores e as empresas que podem ser afetados pela crise da gigante chinesa. Mas nem tudo é preocupação. Os especialistas dizem que há possibilidades de ganhos na Bolsa com as incertezas na China. Entenda abaixo.

Mineradoras e siderúrgicas devem sentir primeiro

O setor da Bolsa brasileira mais impactado pela crise da Evergrande é o de mineradoras e siderúrgicas, dizem analistas.

Na segunda (30), dia em que o Ibovespa derreteu 2,33%, o preço do minério de ferro sofreu uma queda de 8% por conta dos temores no mercado imobiliário chinês, um dos maiores importadores de minério de ferro que sai do Brasil.

O mercado imobiliário chinês já vinha desacelerando antes da crise da Evergrande, acumulando uma baixa de 55% em apenas dois meses, por conta da política chinesa de sustentabilidade, que exige a diminuição da produção de aço.

Para Filipe Fradinho, analista da Clear Corretora, o momento de instabilidade pode ser positivo para o investidor, principalmente diante da perspectiva de uma intervenção do governo chinês na Evergrande. O governo tende a salvar a empresa e frear os riscos que uma falência que pode gerar um efeito dominó na economia do país.

Para ele, ainda que o governo chinês não salve a empresa, ele deve conter uma crise de crédito no país, pagando os credores da Evergrande.

O momento é de comprar ações para o longo prazo, dizem analistas

Diante desse cenário de incertezas, não é o momento de vender os papéis das mineradoras e siderúrgicas brasileiras, como CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3).

"Ao contrário, é boa hora para comprar, principalmente se você acredita na empresa e a ideia é ficar com o papel no longo prazo. Se a visão é mais de curto prazo, o melhor é esperar", afirma.

Thayná Vieira, economista da Toro investimentos, diz que os preços das ações das mineradoras e siderúrgicas brasileiras ainda devem apresentar uma grande oscilação no curto prazo, o que torna a compra das ações neste momento arriscada, mas ela concorda que podem ser um bom negócio se a ideia for manter os papéis por bastante tempo.

"Acreditamos que a demanda por minério de ferro tende a continuar aquecida, em função das perspectivas de retomada econômica mundial e dos programas de infraestrutura e de estímulos adotados pelos governos de diversas economias, principalmente, dos Estados Unidos. Tendo isso em vista, o momento pode ser uma boa oportunidade de compra para ações de empresas com bons fundamentos, visando o longo prazo", diz a especialista.

Para investimentos de longo prazo, a Vale é a indicada pela especialista como o melhor papel para investir no setor de mineração.

"A empresa possui capacidade de continuar entregando bons resultados ao longo dos próximos trimestres", diz. Além disso, a empresa anunciou que deve pagar R$ 40 bilhões em dividendos referentes ao desempenho da companhia no primeiro semestre deste ano.

Outros pontos positivos da Vale diante das concorrentes são a alta qualidade do minério e o grande volume de reservas inexploradas, diz Thayná.

"Entretanto, vale ressaltar que a volatilidade tende a continuar afetando o desempenho do ativo no curto prazo", afirma.

Empresas de carne e papel também são afetadas

Como boa parte do patrimônio chinês é composto por propriedade imobiliária, uma crise que afetasse todo o sistema imobiliário chinês causaria um grande impacto no consumo local, avisa Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.

"Afetando o consumo, afeta outras coisas em que a China é grande importadora, como bens", diz.

O mesmo alerta faz Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos. Ele avalia que a não interferência do governo chinês na Evergrande poderia causar uma crise de crédito no país e se espalhar para outros setores, prejudicando o consumo e as importações, principalmente de proteína animal e celulose. "As exportadoras são as que mais sofrem com o risco de crédito", diz.

Nessa linha, quem se prejudicaria seriam a JBS (JBSS3) e a Suzano (SUZB3).

Por enquanto, segundo os analistas, não houve impacto relevante sobre o preço das ações de empresas desses setores. E elas seriam mais afetadas caso uma crise de fato se concretizasse.

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