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Após venda para Musk, Twitter deve sair da Bolsa; o que fazer com as ações?

Elon Musk comprou 100% da rede social por US$ 44 bilhões - Lucas Carvalho/Tilt
Elon Musk comprou 100% da rede social por US$ 44 bilhões Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/04/2022 19h14

Nesta segunda-feira (25), Elon Musk, dono da Tesla e SpaceX, anunciou ter chegado a um acordo para a compra da Twitter por US$ 44 bilhões (cerca de R$ R$ 218 bilhões). O bilionário já afirmou que pretende fazer mudanças importantes na rede social, como a redução do nível de moderação de conteúdos publicados na plataforma e o fechamento de capital da empresa.

Para isso, Musk vai desembolsar US$ 54,20 por ação, um prêmio de 4,83% sobre o valor do papel na Bolsa de tecnologia Nasdaq na última segunda (US$ 51,70).

Mas o que acontece com as ações de investidores caso o Twitter deixe de circular na Bolsa americana? E para quem possui os BDRs (recibos de ações) da rede social em corretoras no Brasil? Veja o que dizem os analistas e quais medidas tomar.

Papel não deve manter alta

Richard Camargo, analista da casa de análises Empiricus Research, afirma que apesar da alta de 5,66% nas ações do Twitter na segunda-feira, esse movimento não deve continuar nas próximas semanas. Com o sinal positivo dos acionistas para a oferta de Musk, o preço de US$ 54,20 funciona como uma espécie de teto para o valor do ativo. As ações e BDRs já apresentavam baixa nesta terça (26).

"Quem não tem, não deveria comprar. Na tela, há cerca de 4,5% de 'upside' (potencial de alta) para o preço oferecido por Musk. Cabe ao acionista ponderar se, em alguns meses —tempo necessário para fechamento do acordo—, ele não enxerga nenhuma alternativa capaz de oferecer retornos superiores a este", afirma Camargo.

Outros especialistas compartilham da mesma opinião. O sócio e analista da casa de análises Nord Research, Cesar Crivelli, diz que além do fechamento do capital, os últimos resultados trimestrais do Twitter não foram positivos e há uma maior pressão regulatória nos Estados Unidos e na Europa sobre as plataformas de conteúdo.

Quem não tem ações do Twitter, não deve comprar. Como a ação subiu, o investidor não tem muito a ganhar.
Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research

Crivelli declara ainda que, à medida que o tempo for passando e os documentos forem assinados para a conclusão do negócio, a tendência é o preço da Bolsa colar no preço ofertado por Musk e fechar essa diferença de 5%.

Tenho ações do Twitter e/ou BDRs: e agora?

Segundo Cesar Crivelli, da Nord, cada investidor que possui ações deve analisar o seu caso em particular. Após a aprovação das entidades reguladoras e a conclusão do negócio, a companhia deve marcar a data de um leilão para fazer a recompra das ações.

A ideia é que os investidores vendam os ativos, uma vez que não haverá mais negociações no mercado. Portanto, a questão é qual o melhor momento para se desfazer do ativo.

O analista da Avenue Securities, Guilherme Zanin, afirma que os investidores que possuem ações devem mantê-las até a conclusão da transação entre a empresa e o bilionário. Assim, podem conseguir o valor máximo no momento da recompra.

"Pode ser que ocorra alguma correção no curto prazo, caso alguma notícia dificulte o negócio. Por outro lado, também não deve subir muito acima dos US$ 54,20. Pelo contrário, deve ficar sempre abaixo, negociando com um leve prêmio", diz Zanin.

Para quem detém os BDRs do Twitter (Brazilian Depositary Receipts), espécie de certificados que são oferecidos por corretoras brasileiras e simulam as ações de empresas no exterior, a orientação também é pela venda.

Uma vez que as ações são canceladas lá fora, os BDRs também serão cancelados no Brasil. É necessário checar como a instituição financeira vai realizar o processo, que também deve ser um leilão no último dia para cancelar os recibos no Brasil.
Cesar Crivelli, da Nord

O especialista da Nord Research declara que, assim como o pagamento de dividendos de BDRs demoram um tempo maior para chegar na conta do investidor brasileiro, o mesmo atraso deve acontecer com o fechamento de capital do Twitter.

"A instituição vai vender as ações lá fora e repassar esse dinheiro para quem tem os BDRs aqui", diz.

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