Fale mal do Trump, mas não deixe de aprender com o exemplo dele
Vamos lavar a alma e começar descendo o cacete no Donald Trump, presidente eleito dos EUA. Já ouvi de tudo: xenófobo, misógino, grosseiro, tarado, aproveitador, mentiroso, superficial, despreparado. Se esses adjetivos não forem suficientes, fique à vontade para acrescentar todos que puder se lembrar. A lista parece infindável.
Na imprensa brasileira, é espécie de unanimidade. Todos que ouvi eram contra a eleição do republicano e ficaram decepcionados com sua vitória. Dentro dos Estados Unidos, as manifestações contra ele explodem em cada canto. A todo instante sabemos de grupos ainda revoltados com a derrota de Hillary. Na verdade, mais com a vitória de Trump que com a derrota da democrata.
Muito bem, imagino que até aqui a maioria vai concordar comigo. Daqui para frente nem tanto. Acompanhei a trajetória de Trump nas eleições presidenciais desde o princípio. Ele não teve um minuto de sossego. Enfrentou resistências de toda sorte. Os próprios republicanos não o queriam como candidato.
Muitos ameaçaram abandonar a campanha se ele fosse o candidato. E alguns abandonaram mesmo. Ele ameaçou até ser candidato independente. Toda vez que ouvia um comentário sobre sua continuidade na campanha, era uma só voz: “Esse cara não passa desta semana”. E passava. E as previsões se repetiam: “Passou desta, mas da semana que vem não escapa”. E escapava.
O que eu percebia é que os comentários não eram lógicos, quase todo mundo analisava torcendo contra ele. Como minha especialidade é analisar a comunicação, e não torcer para a vitória ou a derrota de algum candidato, senti que ele poderia ser o vencedor.
Até apostei uma caixa de vinho com meu amigo César Souza. Não fiquei feliz com a vitória do Trump, mas ganhei a aposta. Ah, e mais um jantar por conta do Cesão. No princípio, analisei a comunicação do candidato republicano. Cheguei a compará-lo com os nossos tupiniquins Enéas Carneiro, Jânio Quadros, Lula e Tiririca.
Todos eles adotaram fórmulas de discurso que saiam da curva normal e venceram eleições. Por que Trump também não poderia? Nos debates, avaliei o comportamento dos contendores e concluí que ele sempre era o vencedor. Só quem analisava torcendo achava que não. As urnas me deram razão.
Noves fora, nada. Se quiser, continue detestando o Trump. Desça o pau nele sempre que tiver vontade. Repudie todas as promessas diabólicas que ele fez na campanha, e que parece, vai pôr em prática. Desopile o fígado, mas seja frio para aprender com ele que determinação e crença no que pode fazer levam à vitória.
Tudo na vida é muito difícil. É duro conseguir um bom emprego. Quase impossível entrar numa boa faculdade. Dá um tremendo trabalho viver em harmonia com a família. Temos de engolir sapos para tolerar as pessoas, até os amigos mais queridos. Falar bem em público parece ser apenas uma dádiva concedida a poucos privilegiados.
Achar uma boa editora que queira publicar nossos livros fica quase fora dos planos. Se conseguirmos publicar, na maior parte das vezes nos frustraremos por não ver nossa obra bem exposta nas livrarias. Diremos que o mercado livreiro é uma máfia. Para cada empreitada, a vontade é a de desistir.
Trump, com todos os seus defeitos, mostrou que determinação, crença nos próprios ideais e obstinação na busca dos objetivos de vida são capazes de superar todos os obstáculos e nos mostrar as portas da conquista. É fácil criticar quem vence, mas não é simples trilhar os caminhos que os vencedores trilharam.
Como eu disse, dá para encontrar todos os adjetivos que tornam Trump uma pessoa insuportável, mas ninguém poderá criticar sua força de vontade e capacidade de enfrentar os desafios que parecem ser insuperáveis. Esse diabo transvestido de gente conseguiu se eleger para o posto mais importante do mundo --presidente dos Estados Unidos.
Temos duas possibilidades: continuar só falando mal dele, ou aproveitar o seu exemplo para darmos um rumo na nossa própria vida. Conclamar aos quatro cantos que ele é uma pessoa deplorável, ou ver na sua trajetória uma forma de saber que tudo pode ser difícil e aparentemente impossível, mas que sempre haverá um jeito de chegarmos lá. Você decide.
Superdicas da semana
- Pare de reclamar e lute pelos ideais da sua vida
- Por mais difícil que seja uma empreitada, sempre haverá chance de vitória
- Deixe de criticar quem vence e aprenda com os vencedores como triunfar
- Ninguém é só mau ou bom. Podemos aprender com os defeitos e qualidades de cada um
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema:, "Como Falar Corretamente e sem Inibições", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria", publicados pela Editora Saraiva e "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante.
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