Quem não aguenta o trote não monta o burro.
Atribuído a Getúlio Vargas
Bolsonaro afirmou que não deseja mal ao Brasil. Como brasileiro, torce para que o país dê certo com esta nova gestão. As críticas dos bolsonaristas aos 100 primeiros dias do governo Lula, porém, provam que o discurso é um, mas as estratégias de ação em perspectiva são outras.
Na verdade, o ex-presidente só vai conseguir voltar ao Palácio do Planalto se o atual governo errar em suas decisões. Como presidente de honra do PL (Partido Liberal), Bolsonaro começará a visitar as principais cidades para ajudar na eleição dos candidatos conservadores à prefeitura.
O partido estabeleceu a meta otimista de eleger pelo menos mil prefeitos. É um objetivo audacioso, que vai exigir muita sola de sapato. Só conseguirão esse feito se puderem contar com a presença efetiva de Bolsonaro.
Cabo eleitoral
Lula tem dado uma mãozinha. Com o governo batendo de frente com os indicadores econômicos, acaba por se transformar em espécie de cabo eleitoral para os adversários. A cada notícia ruim da economia, nova onda de descontentamento abate o otimismo dos brasileiros.
Nesses primeiros três meses, a inflação, que havia caído sucessivamente no final do mandato de Bolsonaro, voltou a subir; o desemprego, que também diminuíra bastante, cresceu novamente. Sem contar o rombo recordista nas contas públicas e, como cereja do bolo, os impressionantes níveis de desmatamento. Nada a comemorar.
Os culpados
E pelo andar da carruagem, esses números vão piorar ainda mais. Assim como fez na época em que sucedeu a Fernando Henrique Cardoso, Lula tentou alegar que havia recebido de Bolsonaro uma herança maldita. Não colou. A situação em que encontrou o país, se não era um paraíso, estava longe de ser um inferno.
Por isso, girou a metralhadora verbal para o presidente do Banco Central. Desta vez assumiu o papel desempenhado pelo seu antigo vice, José Alencar, que vivia criticando as elevadas taxas de juros. Como a instituição não era independente, Lula só ouvia e resmungava: esse Zé Alencar!
Mudança de rumo
Com o Banco Central agora independente, tudo indicava que bater no seu presidente seria mais simples. Afinal, quem não gostaria de ter uma taxa de juros mais baixa?! Essa estratégia, entretanto, parece não ter dado bons resultados. Até colaboradores mais fiéis criticam a atitude do chefe do Executivo.
Com esse início de governo decepcionante, para não deixar a situação desmoronar de vez, Lula terá de mudar a maneira de administrar o país. Ainda há tempo, pois, afinal, estamos só no começo da sua gestão. Por outro lado, se não agir rápido, talvez perca a mão de vez. É tudo o que os opositores desejam.
Campanha na rua
A campanha presidencial de 2026, por incrível que pareça, já começou. As eleições municipais do próximo ano, por exemplo, não têm importância apenas para o pleito em si. Os prefeitos serão fundamentais para apoiar o candidato ao Palácio do Planalto. São eles que estão ao lado dos eleitores no dia a dia.
Bolsonaro vai percorrer o país de ponta a ponta, mas antes deverá ficar com os olhos abertos para resolver seus próprios problemas. Há pendências judiciais que poderão torná-lo inelegível. Se ficar de fora, terá de escolher um concorrente à altura para enfrentar os petistas.
O melhor candidato
Alguns especialistas indicam que talvez essa seja a possibilidade mais viável aos conservadores. Muita gente não gosta de Lula, mas também não morre de amores pelo ex-presidente. Isto é, não são muito chegados em Bolsonaro, mas votam nele por julgarem ser o menos ruim.
Se Bolsonaro ficar fora da competição, precisará escolher seu substituto. Ao que tudo indica, será Tarcísio Gomes de Freitas. O governador paulista foi eleito com expressiva votação e goza da simpatia do eleitorado. Até o momento tem se saído muito bem em suas iniciativas.
Depende da economia
Se o ex-presidente tiver mesmo que ficar fora do páreo, é muito provável que passe a ser visto como vítima de uma perseguição política. Nessa condição, não terá dificuldade em conquistar votos para o candidato que indicar. Tudo dependerá de como o Brasil caminhará nos próximos dois a três anos.
Se, todavia, o país continuar como está, com os indicadores econômicos despencando, Lula vai entregar o governo de mão beijada aos adversários. Nesse caso, ou Bolsonaro, ou o seu indicado estarão a um passo de vestir a faixa presidencial.
Superdicas da semana
- Nem sempre é bom eliminar o adversário
- Quase sempre as pessoas torcem por aquele que julgam ter sido injustiçado
- Com bolso cheio e a comida na mesa não há o que criticar
- Quase sempre as pessoas culpam os outros pelos próprios erros
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "Como Falar Corretamente e sem Inibições", "Comunicação a Distância", "Saiba Dizer Não", "Os Segredos da Boa Comunicação no Mundo Corporativo" e "Oratória para Advogados", publicados pela Editora Saraiva. "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "Oratória para Líderes Religiosos", publicado pela Editora Planeta.
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