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Guerra da Rússia e Ucrânia: qual o impacto nos investimentos de renda fixa?

Yolanda Fordelone

22/03/2022 04h00

Há uma frase bem famosa em guerras que é "você sabe quando começa, mas não quando termina". No conflito entre Rússia e Ucrânia, a incerteza é gigante, mas de uma coisa a gente já sabe: nosso bolso vai sentir bem a alta de preços.

Ambas nações são grandes exportadoras de petróleo, trigo e milho. Por isso mesmo, o conflito no território ucraniano junto às sanções à Rússia promoveram uma diminuição da oferta. O preço de todos esses produtos já tem ficado mais caro.

Na renda fixa também há consequências. Leia abaixo uma avaliação completa do que muda na sua carteira de investimentos com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Renda fixa e inflação

Vamos começar pelos investimentos que acompanham a inflação, porque todo mundo tem sentido os valores no bolso.

Quando 2021 acabou, deu até um alívio. Muita gente acreditou que a economia iria melhorar. Afinal, o dólar estava caindo e a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, usado para medir a inflação) estava melhorando, mas veio a guerra e as consequências começaram a aparecer.

Um exemplo desse impacto ocorreu há algumas semanas, quando vimos o preço dos combustíveis ser reajustado e consumidores formarem filas nos postos de gasolina.

A inflação medida pelo IPCA recentemente passou de 10% no acumulado de 12 meses. Tem até economista já falando que em breve vamos ver um índice de mais de 11%.

Já que os preços vão subir, o que é possível fazer é atrelar parte da carteira à renda fixa que paga inflação. No mercado, você pode encontrar esse investimento como renda fixa híbrida ou do IPCA.

É um tipo de investimento que paga um juro fixo mais o IPCA. Um exemplo é o Tesouro IPCA, um título público encontrado dentro do Tesouro Direto. A aplicação rende o IPCA mais um juro fixo, que atualmente está um pouco acima de 5% ao ano.

Se em 2022 a inflação for de 10% (esperamos que não), esse investimento vai render o juro fixo de 5%, mais 10%. Caso no ano que vem os preços não subam tanto e a inflação fique em 4%, o investimento vai render isso mais o juro fixo.

Esse tipo de investimento é interessante, porque protege o chamado "poder de compra".

Vamos supor que você juntou R$ 100 e hoje em dia, com esse valor, compra uma calça. Se o preço subir 10% em um ano, isso significa que a mesma calça custará R$ 110 no futuro. Em uma situação em que você pegou seus R$ 100 e simplesmente guardou, sem investir, essa economia não seria suficiente para comprar a calça daqui um tempo.

Mas se você investiu no Tesouro IPCA ou em outra opção que acompanhe a inflação, o dinheiro não vai só acompanhar essa alta como ganhar dela. O rendimento extra é justamente o juro fixo de que falamos antes.

Além do Tesouro IPCA, é possível encontrar CDBs e LCIs que rendem a inflação mais um juro fixo.

Renda fixa pós-fixada

Até aqui você já percebeu que a inflação vai pegar em 2022. Mas e o juro, como fica nisso? Se os preços sobem, o juro acompanha, já que a Selic (taxa básica de juros) é o principal instrumento que o país tem para tentar segurar os preços.

A taxa Selic já vem subindo há um tempo e, com essa inflação que temos visto, vários economistas já estão revisando a projeção de 2022. No começo do ano, a maioria esperava um juro na casa de 11%. Agora, já há quem fale em mais de 12%.

Por causa disso, os investimentos pós-fixados que têm rentabilidade atrelada à Selic ou à taxa CDI tendem a dar retornos maiores.

Um exemplo de investimento pós-fixado é o Tesouro Selic. São duas opções de título com vencimentos diferentes: 2025 e 2027. Em ambos você ganha a taxa Selic, estando em 10%, 11% ou 12%, além de um pequeno bônus que mostramos no vídeo acima.

Há também CDBs pós-fixados, mas neste caso acompanham o CDI. Em corretoras, você encontrará ofertas com um porcentual do CDI, como 110% do CDI.

Prefixados

Se os investimentos de inflação e pós-fixados estão em um bom momento, o mesmo a gente não pode falar para os prefixados, aqueles que pagam um juro fixo.

Isso não significa que o rendimento não esteja bom. O Tesouro Prefixado, por exemplo, está pagando mais de 12% ao ano, o que é um bom retorno.

O problema é que ninguém sabe onde a inflação e o juro vão parar. Assim, a pessoa que fixar o rendimento em 12% ao ano pode perder oportunidades. Se a taxa Selic for para 13% ao ano, por exemplo, esse investidor terá um investimento que paga 12% ao ano, sendo que facilmente conseguiria um retorno maior.

Além disso, se o juro subir muito, os títulos que pagarem menos acabam se desvalorizando por um efeito chamado marcação a mercado.

O fato é: investimentos prefixados podem até estar rendendo bem, mas é arriscado investir neles atualmente.

Quanto investir?

O que eu gosto na renda fixa é que há opção para todo bolso: tem investimento para quem quer juro fixo, mas também para quem quer acompanhar a inflação.

Por isso, todo investidor pode ter a aplicação na carteira, mas quanto investir? Se essa é a sua dúvida, recomendo que veja o vídeo abaixo, no qual ensinamos a Regra dos 100. É uma conta bem simples que diz quanto cada investidor deveria aplicar em renda fixa de acordo com a idade.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL