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IPCA-15 indica inflação além do esperado em março e piora ao longo do ano
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Depois da divulgação, nesta sexta-feira, do IPCA-15, que subiu 0,95% em março, especialistas aumentaram as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) cheio de março. O economista Fabio Romão, da consultoria LCA, um dos mais experientes analistas brasileiros de inflação, elevou sua previsão de 0,99% para 1,26% no mês. Se a estimativa for confirmada, a inflação acumulada em 12 meses, em março, continuará em alta, alcançando 10,9%.
Nos resultados do IPCA-15 de março, a intensidade, a velocidade e a disseminação das altas nos preços dos alimentos chamaram a atenção de Romão. "Tínhamos, em fevereiro, previsão de alta de 5,8% para alimentos, em 2022, mas agora essa alta saltou para 9% no ano", diz Romão, que se diz "assustado" com a difusão das altas e a velocidade dos aumentos. O grupo "Alimentação e bebidas" só perderia o campeonato das maiores altas em 2022 para "Transportes", onde estão os combustíveis, com alta projetada no ano de 10,5%.
As razões para a alta em alimentos, segundo Romão, são duas. A primeira tem origem em frustrações de safras, envolvendo inclusive culturas de ciclo curto, sujeitas às variações climáticas — legumes, hortaliças, verduras. Os preços nesses produtos, nas avaliações do economista, devem subir entre 10% e 15% de março. A segunda razão se vincula às consequências, para os preços das commodities — energéticas e alimentícias — da guerra na Ucrânia
As projeções da LCA para a inflação de 2022 avançaram agora de 6,7% para 7%, com a coleta de dados mais recentes e os modelos de projeção indicando a possibilidade de que o número final do ano seja ainda mais elevado. Contribuem para isso, o índice de diversão do IPCA-15, que atingiu o recorde histórico de 75,5%, e a média dos núcleos, que, embora recuando para 0,83%, em relação à variação de 0,98%, em fevereiro, permanece bastante pressionada.
Dispersão em máxima histórica é sinal de que novos repasses de preços podem estar a caminho. Ao mesmo tempo, núcleos elevados, próximos já à própria variação do IPCA, sinalizam pressões inflacionárias mais estruturais.
A marcha das projeções da inflação, mês a mês, a partir das indicações fornecidas pelo IPCA-15 de março, é um indicativo dessas pressões. Na planilha de Fabio Romão, a inflação cheia em 12 meses chegaria a 11,8% em abril, descendo a partir daí, mas lentamente.
Com base nas perspectivas conhecidas no momento, o economista estima que a inflação só recuará dos dois dígitos em agosto, ficando em torno de 9,5%. Em setembro, às vésperas das eleições, a alta de preços ainda andará nas vizinhanças de 8,5%.
Beneficiado pela inflação alta de outubro de 2021, que atingiu 1,25%, a variação do IPCA cairia então mais forte para o intervalo entre 7,5% e 8%, fechando o ano com inflação de 7% em novembro e dezembro.
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