Ação da Taurus tomba 22% após decreto; Bolsa cai, e dólar sobe, a R$ 3,725
As ações da fabricante de armas Taurus despencaram mais de 20% nesta terça-feira (15), após o presidente Jair Bolsonaro assinar um decreto que facilita a posse de armas no país.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 0,44%, a 94.055,72 pontos. A Taurus não faz parte do índice. Já o dólar comercial fechou em alta de 0,71%, cotado a R$ 3,725 na venda. É o maior valor em mais de uma semana, desde 7 de janeiro (R$ 3,734).
Na véspera, a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,41%, a R$ 3,699, e a Bolsa subiu 0,87%, a 94.474,13 pontos, sua maior pontuação de fechamento na história.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.
Fabricante de Armas despenca 22%
As ações preferenciais da Taurus fecharam em queda de 22,29%, a R$ 6,45, enquanto os papéis ordinários se desvalorizaram 21,35%, a R$ 7. Na abertura da Bolsa, as ações da empresa chegaram a disparar mais de 10%, mas passaram a cair no final da manhã, depois da assinatura do decreto.
Segundo o economista Pedro Coelho Afonso, a queda nas ações da Taurus depois de um fato positivo para a empresa (a assinatura do decreto sobre a posse de armas) "é algo normal no mercado de renda variável" e reflete um movimento de venda de ações para embolsar lucros.
"A Bolsa se antecipa ao fato sempre, e as ações se valorizam com essa expectativa. Quando chega próximo ou no dia do anúncio já não existe mais novidade, pois todo o ajuste de preço já havia sido feito antes. Agora é o momento de muitos venderem e realizarem o lucro de dias atrás", explicou.
Também pode ter afetado as ações da Taurus uma declaração dada pelo ministro da Casa Civil na tarde desta terça. Onyx Lorenzoni afirmou que o governo estuda a abertura do mercado brasileiro para a produção de armas no país. Isso significaria mais concorrentes para a Taurus, que, segundo analistas, já se encontra em situação financeira delicada.
Bancos, Vale e Petrobras caem
A queda do Ibovespa foi influenciada, principalmente, pela desvalorização das ações do Itaú Unibanco (-1,56%), do Banco do Brasil (-1,16%), da mineradora Vale (-0,48%), da Petrobras (-0,32%) e do Bradesco (-0,19%). Essas empresas têm grande peso sobre o índice.
Dúvidas sobre o futuro do Reino Unido
Investidores estavam cautelosos diante da votação do "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia, pelo Parlamento britânico. Havia a expectativa de que o acordo proposto pela primeira-ministra, Theresa May, poderia ser rejeitado.
De fato, após o fechamento do mercado de câmbio, o acordo foi rejeitado, o que obrigará o governo britânico a apresentar um plano alternativo, sob o risco de sair do bloco comercial de forma abrupta se nenhum acordo for aprovado pelos parlamentares.
Juros nos EUA e estímulos na China
Nesta terça, foi divulgado que o índice de preços ao produtor nos Estados Unidos ficou abaixo do esperado no mês passado. Com a inflação controlada, cresceram as apostas de que os juros por lá podem subir mais lentamente do que o indicado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) no final do ano passado.
Juros maiores nos EUA podem atrair para lá recursos atualmente aplicados em outras economias, como a brasileira. Com isso, a tendência é de alta do dólar por aqui.
Além disso, o mercado via com bons olhos a sinalização da China de mais medidas para cortar impostos e aumentar gastos, em meio ao risco de uma desaceleração mais acentuada após o país ter entrado numa disputa comercial com os Estados Unidos.
Atuação do BC
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão 13,4 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 6,7 bilhões do total de US$ 13,398 bilhões que vencem em fevereiro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
(Com Reuters)
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