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Dólar cai 3,63% na semana, a R$ 4,874, menor valor em 1 mês; Bolsa sobe

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

20/05/2022 17h25

O dólar comercial emendou hoje a segunda queda seguida, de 0,87%, cotado a R$ 4,874 na venda. É o menor valor do dólar em quase um mês, desde 22 de abril (R$ 4,805). Com o resultado de hoje, a moeda encerrou a semana com desvalorização de 3,63%, a segunda seguida. É a maior queda semanal em cerca de dois meses, desde 25 de março (-5,35%).

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou o dia com valorização de 1,39%, a segunda seguida, aos 108.487,88 pontos. É a maior alta diária em mais de duas semanas, desde 4 de maio (1,7%). Assim, o índice registrou avanço de 1,46% na semana, a segunda consecutiva.

A visita do bilionário Elon Musk ao Brasil atraiu atenção ao país e tornou o cenário mais interessante para investidores, enquanto o mercado acompanhava possíveis anúncios.

O corte da China na sua taxa de juros e desdobramentos da nova onda de covid-19 na Ásia Oriental também movimentaram o mercado hoje.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Musk no Brasil

Elon Musk participou de evento para anúncio do governo federal sobre uso de tecnologia para proteção da Floresta Amazônica. Musk é presidente-executivo da fabricante de veículos elétricos Tesla e da empresa de foguetes espaciais SpaceX.

A agenda macroeconômica está esvaziada, com divulgação apenas de relatório de avaliação de receitas e despesas do segundo bimestre à tarde.

O governo anunciou um bloqueio de mais R$ 8,2 bilhões no Orçamento da União deste ano para acomodar no limite do teto de gastos novas despesas que apareceram nos últimos dois meses. Em março, o governo já tinha feito um bloqueio no Orçamento de R$ 1,7 bilhão.

Com o bloqueio adicional de R$ 8,2 bilhões, o total de verbas que devem ser remanejadas chega a R$ 9,9 bilhões. Apesar da pressão de categorias do funcionalismo, o relatório não inclui previsão do impacto nas despesas do aumento salarial dos servidores públicos além dos R$ 1,7 bilhão já previstos anteriormente.

China corta taxa de juros

A China cortou sua taxa de juros de referência para hipotecas por uma margem inesperadamente ampla hoje, sua segunda redução neste ano, conforme Pequim procura reanimar o setor habitacional e sustentar a economia.

O estímulo vem na esteira de lockdowns prolongados em algumas cidades chinesas, incluindo o centro financeiro de Xangai, conforme o país enfrentava uma nova onda de casos de covid-19. As restrições levantaram temores no mercado nas últimas semanas de que uma desaceleração na segunda maior economia do mundo poderia minar a atividade global, embora um arrefecimento recente no número de casos da doença na China possa levar à suspensão dos bloqueios em breve.

Participantes do mercado receberam bem a notícia de estímulo. Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, comentou que o corte de juros pode elevar esperanças de que a China conseguirá superar a crise que tem enfrentado diante da deterioração da situação sanitária.

Mas Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, viu impacto limitado da medida nos mercados de câmbio, já que a redução ocorreu apenas nos juros de longo prazo —os custos dos empréstimos de prazo mais curto da China ficaram inalterados.

Segundo ela, a queda do dólar tanto nesta sessão quanto na anterior é reflexo do alinhamento do mercado doméstico ao internacional, onde o índice da moeda norte-americana contra uma cesta de rivais fortes recuou nesta semana de picos em duas décadas atingidos mais cedo neste mês, ao mesmo tempo que cedeu bastante terreno contra o euro. "Esse movimento é reproduzido nos mercados emergentes também", explicou.

O grande foco de especialistas em câmbio tem sido a condução das políticas monetárias nas principais economias do mundo. O Federal Reserve, banco central dos EUA, iniciou em março deste ano um ciclo de aperto, que está encabeçando a ritmo mais agressivo que o inicialmente previsto pelos mercados.

No âmbito local, o aval dado nesta semana pelo Tribunal de Contas da União à privatização da Eletrobras teve impacto positivo no câmbio, uma vez que agentes financeiros estrangeiros podem passar a enxergar melhores oportunidades de investimento no Brasil, disse Argenta.

*Com Reuters