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Ciclo de vida de negócio da moda, como paleteria, dura quatro anos

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

14/04/2015 06h00

Eles trazem um produto novo, em um modelo de negócio que também é novidade e, de repente, estão em todos os lugares. Essa é a definição de negócio da moda, de acordo com a consultora Ana Vecchi, da Vecchi Ancona. O consultor Marcus Rizzo, da Rizzo Franchise, vai além e diz que essas empresas são transitórias e, em geral, não proporcionam receitas compatíveis com o investimento inicial.

Foi assim com as franquias de frozen iogurte, de cupcakes, de bolos, de esmalterias e, agora, de paleterias, segundo os consultores. A pressa em lançar franquias de modismos faz com que muitos franqueados quebrem ao longo do tempo, pois o mercado não comporta muitos negócios semelhantes e as franqueadoras não têm a experiência necessária para dar suporte às operações.

“A hora de entrar num negócio da moda é quando ele ainda não é percebido como moda”, diz Rizzo. Ele diz que, antes de virar franquia, o empresário tem que conhecer, pelo menos, dois ciclos completos do negócio, ou seja, ter dois anos de experiência, para conhecer as altas e baixas do mercado e saber como enfrentar períodos de sazonalidade.

Segundo Vecchi, o ciclo de vida de um negócio da moda é de três a quatro anos. “Quem investe logo no começo enfrenta o risco de não saber se dará certo, mas tem chances de faturar por um período maior, antes do declínio”, diz. As paleterias, por exemplo, surgiram em 2012 e viraram franquia em 2013. Assim, a onda pode durar até 2017.

Para Rizzo, por outro lado, esses negócios são especulativos e não valem a pena. “Quem compra uma franquia, geralmente, está aplicando as economias de uma vida e quer investir seu capital e seu trabalho em um negócio que dure, que seja sustentável.”

Há risco de quebradeira nos próximos anos, diz consultor

No caso das paleterias, Vecchi diz que entrar no negócio hoje é mais arriscado do que há dois anos. Ela acredita que no médio prazo algumas marcas serão compradas por outras, algumas empresas vão fechar, assim como alguns pontos de venda. Mas ainda há espaço no mercado a ser explorado. 

"O mercado está se consolidando, os melhores pontos já foram ocupados. A hora certa para investir já passou, agora é necessário escolher o lugar certo. Regiões quentes, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste sofrem menos com a sazonalidade, por exemplo."

O ticket médio (valor de venda por cliente) nas paleterias não é alto, mas o produto é considerado caro para o segmento de sorvetes, o que torna um desafio ganhar no volume de vendas. “As lojas têm que ser instaladas em locais que vendam bem nos sete dias da semana. Tem que ter movimento comercial e de escritórios de segunda a sexta e de lazer aos finais de semana”, diz Vecchi.

Para Rizzo, é possível que haja uma quebradeira de franqueados nos próximos anos. "É um negócio que exige um alto capital para instalação, mas que não tem receitas compatíveis com o investimento. No inverno, as vendas caem porque o brasileiro não tem o hábito de consumir sorvete no frio", afirma.