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Tirou R$ 4.000 da poupança, vendeu sapatilhas em casa e abriu 63 franquias

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/01/2018 04h00

Ela chegou a atrasar três meses o pagamento das prestações da casa própria. Foi a necessidade financeira que levou a fonoaudióloga Renata Marcolino, 32, a buscar alternativas: tirou R$ 4.000 da poupança para comprar sapatilhas e revendê-las em casa. Hoje, ela é dona da rede Mil e uma Sapatilhas, empresa aberta em novembro de 2015, em São Paulo.

Com 64 lojas (1 própria e 63 franquias) em oito Estados (SP, RJ, MG, PR, BA, PB, MS e GO), a rede de franquias faturou R$ 20 milhões no ano passado. O lucro não foi revelado.

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Sou louca por sapatilhas, sempre as usei, por serem práticas e confortáveis. Quando precisei de uma renda extra, pensei nelas na hora.

Renata Marcolino, dona da empresa

Na época, trabalhava na Prefeitura de Guarulhos e em um consultório particular na Mooca (zona sul de São Paulo). O marido, Arthur Marcolino, 31, tocava, junto com os pais e o irmão, as três lojas de móveis para escritório da família, que foram fechadas entre 2015 e 2016. A família estava no ramo havia 50 anos. Hoje, ele é sócio de Renata na empresa.

Inicialmente, Renata vendia os sapatos em casa mesmo, na Mooca, para amigas e conhecidas. “Mas eu ia aonde soubesse que havia clientes. Levava para Guarulhos onde eu atendia. Até em uma viagem a passeio, eu levei os pares para vender”, relata.

Sua clientela cresceu. Renata e o marido decidiram, então, ampliar os negócios, com a ajuda de revendedores. Após dois meses, em novembro de 2015, eles abriram a primeira loja, no bairro do Tatuapé (zona leste de São Paulo). Investiu R$ 50 mil.

Sapatilhas têm preço fixo

O foco da Mil e uma Sapatilhas, como o nome diz, são sapatilhas, mas vende calçados femininos em geral, como sapatos de salto, tênis, botas, rasteirinhas, chinelos, anabelas, mocassins e scarpins, entre outros.

O produto mais barato é o chinelo (R$ 19,99), e o mais caro, o scarpin (R$ 79,99). As sapatilhas, que são os calçados mais vendidos, custam R$ 35 em São Paulo e R$ 39,99 nos demais Estados.

A empresa vende 150 mil pares de sapatos por mês (80% de sapatilhas), no atacado e varejo. A Mil e uma Sapatilhas não tem e-commerce, mas, segundo Renata, a rede pode realizar vendas por meio das redes sociais.

A empresa tem mais de 15 mil revendedores cadastrados e 64 unidades, sendo 63 no modelo de lojas de rua (vendas no atacado e varejo) e uma (com o nome de Estilo Milli) dentro do Shopping Itaquera, em São Paulo, que só vende no varejo. A única loja própria é a do Tatuapé; as demais são franquias.

“Os revendedores compram os produtos com preços especiais (em torno de 30% de desconto) e revendem por quanto eles quiserem. Hoje, em média, eles têm 60% de lucro sobre os produtos”, diz Renata.

A Mil e Uma Sapatilhas pretende alcançar cem unidades, com foco na região Nordeste, e dobrar o número de revendedores até o final deste ano.

Confira os dados da franquia, fornecidos pela empresa:

  • Investimento inicial: R$ 93 mil (inclui taxa de franquia + custo de instalação + capital de giro)
  • Fundo de marketing: R$ 500/mês
  • Faturamento médio mensal: de R$ 85 mil a R$ 150 mil
  • Lucro médio mensal: 12% do faturamento (de R$ 10,2 mil a R$ 18 mil)
  • Retorno do investimento: 11 meses

Empresa deve profissionalizar marketing, diz consultor

Alexandre Pereira, consultor de negócios do Sebrae-SP, diz que os pontos positivos do negócio são o foco nos benefícios do produto (como conforto, preço justo, variedade e design) e a busca por informações antes de expandir.

Ele diz, no entanto, que a empresa precisa buscar constantemente informações sobre tendências e cenários, para avaliar a sua situação no mercado e a dos concorrentes.

“Um dos exemplos de informações no setor é o relatório anual da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). É fundamental conhecer a concorrência e o mercado para ter melhor relacionamento com sua clientela.”

Segundo ele, a Mil e Uma Sapatilhas deve também profissionalizar o marketing, investindo em canais de comunicação e de comercialização com profissionais da área.

“Hoje a internet e as redes sociais são formadores de opinião. O cliente pode elogiar, mas também reclamar nas redes sociais, o que pode ser ruim para a imagem da empresa”, declara.

Manter contato permanente com os franqueados, para entender a demanda e o comportamento de compra dos clientes, é outro ponto importante dentro da estratégia da empresa, afirma Pereira. A empresa deve oferecer a eles um bom planejamento com indicadores de resultados.

No mercado de franquias, você não pode errar. Se a empresa trabalhou uma marca e ela não avançou, não tem como recuperá-la.

Alexandre Pereira, consultor de negócios do Sebrae-SP

Para finalizar, Pereira afirma que a Mil e uma Sapatilhas deve começar a avaliar o mercado internacional, num planejamento ao longo prazo.

Onde encontrar:

Mil e Uma Sapatilhas - www.mileumasapatilhas.com.br