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Hamburgueria fatura R$ 1,5 mi, mas tem prejuízo de R$ 300 mil; o que houve?

Wagner Alexandre abriu a Pimp Burger, em 2017; hoje, são 14 opções de hambúrgueres no cardápio - Divulgação
Wagner Alexandre abriu a Pimp Burger, em 2017; hoje, são 14 opções de hambúrgueres no cardápio Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/09/2022 04h00Atualizada em 19/09/2022 16h06

Após ter outros negócios, Wagner Alexandre, 34, investiu R$ 80 mil para abrir em 2017 a Pimp Burger, em Curitiba. Em 2021, a empresa, que tem duas unidades próprias na cidade, faturou R$ 1,5 milhão, mas fechou o ano no prejuízo de R$ 300 mil.

"Quando abri a Pimp Burger em 2017 não tinha um plano de negócio estruturado. A hamburgueria faturava bem, mas sempre que faltava dinheiro eu fazia empréstimos. O negócio estava sangrando, mas eu não enxergava isso", declara.

Com a chegada da pandemia, a situação piorou. O faturamento caiu 40%, e as dívidas continuavam. "Fiquei inadimplente, sem crédito, com as contas no vermelho, e lucro na casa dos 2%, um perigo para qualquer negócio", diz. Até que ele contratou um consultor financeiro em fevereiro de 2021. "Era a última saída para salvar a minha empresa. Ele colocou as contas em dia, mas a pandemia quase levou o meu negócio", afirma.

Alexandre diz que os quatro primeiros meses foram os mais difíceis, pois teve que fazer redução de custos (cortar cupons de desconto, enxugar o quadro de motoboys, negociar prazos e preços com fornecedores) e até vender dois carros da família, para injetar dinheiro na empresa.

Depois, o negócio atingiu o "ponto de equilíbrio" (quando receita e despesas se igualam) e, no final do ano, já estava no azul, mas Alexandre ainda tinha uma dívida de R$ 300 mil para pagar, que foi parcelada por um ano. Neste ano, a Pimp Burger está com "boa saúde financeira", diz ele. De janeiro a agosto, o faturamento foi de R$ 812 mil; e o lucro de 12%.

Para ele, ter um plano de negócio estruturado e planejado a médio e longo prazo é fundamental para qualquer negócio. "Assim fica mais claro para saber as chances de o negócio prosperar", declara.

Em junho passado, Alexandre começou a vender franquias da Pimp Burger, com investimento inicial de R$ 199 mil. O valor inclui taxa de franquia, capital de giro, projeto arquitetônico, mobiliário e utensílios.

Primeiro negócio: loja de peças de celular

Em 2006, após fazer um curso técnico de eletricista de automóveis e acessórios automotivos, Alexandre trabalhou por dois anos em uma loja de instalação de som em carro. Dos 19 aos 23 anos, ele foi auxiliar de depósito em uma loja de tecidos, passou a vendedor e virou gerente.

Querendo ter um negócio próprio, abriu uma pequena loja de peças para celular, em 2010. Saiu da sociedade quatro meses depois e, como parte da rescisão, pegou uma quantidade de produtos. Em 2012, abriu uma empresa Mastertech para revender essas peças. Ele e o antigo sócio (Juliano Frison) chegaram a ter duas lojas. Em 2017, vendeu sua parte para o sócio.

Empréstimo com a namorada e com o ex-sócio

Para abrir a Pimp Burger, Alexandre juntou os R$ 40 mil da rescisão de outra sociedade que tinha e pegou outros R$ 40 mil emprestados: R$ 10 mil com a então namorada (hoje esposa), Malu Bianchini, e R$ 30 mil com Frison, amigo e ex-sócio. Ele diz ter pago a dívida com os dois em 2018.

Alexandre gastou mais R$ 110 mil parcelados para comprar equipamentos e mobiliário para o local. Em fevereiro de 2022, o amigo Moacir Júnior entrou na sociedade, e a segunda loja foi aberta, em Curitiba.

A Pimp Burger é o segundo negócio de Alexandre no ramo de hamburgueria. Antes, de 2015 a 2017, ele foi sócio na Motha Focka Hamburgueria.

Hambúrguer a R$ 5 no dia da inauguração

No dia da inauguração da Pimp Burger, Alexandre fez uma ação de marketing: qualquer hambúrguer a R$ 5. "Encomendei 45 quilos de carne [para fazer 300 hambúrgueres], 300 pães e 150 litros de chope, tudo no fiado, apenas na base da confiança dos meus fornecedores. O lugar lotou. Tive que encomendar mais às pressas. Vendi naquele único dia 854 lanches", diz.

Hoje, a Pimp Burger tem 14 opções de hambúrguer no cardápio. O mais vendido é El Cabron (pão, hambúrguer de carne 150g, queijo muçarela, bacon e maionese da casa), que custa R$ 27,90.

Falta de planejamento financeiro é erro

Samuel Souza, consultor de negócios do Sebrae-SP, afirma que um grande erro de todo negócio é a falta de planejamento financeiro. "Em geral, dentro do plano de negócio, vale se endividar se for para fazer investimentos na empresa; e não para pagar dívidas", declara.

Para o consultor, as experiências anteriores do dono da Pimp Burger podem ajudá-lo a fazer uma gestão mais eficiente hoje. "Para isso, ele precisa aprender com os erros."

Outra dica fundamental é conhecer bem os custos do seu negócio para poder precificar corretamente o produto, e também conhecer a sua margem de lucro. Qualquer ação para atrair ou fidelizar o cliente, como promoção, cartão fidelidade, cupom ou brinde, deve fazer parte da sua estratégia de negócio. "Não existe almoço grátis. Ele precisa saber de onde essa despesa vai sair. Para isso, pode diminuir seu custo interno, para produzir mais com menos, ou até diminuir sua margem de lucro", diz.

Souza afirma que o mercado de hamburgueria é competitivo. "É fundamental ter um diferencial para saltar aos olhos do cliente. Pode ser tanto a comida em si, quanto o bom atendimento, a decoração instagramável, os preços justos", afirma.

O consultor diz ainda que é preciso ficar atento às tendências do mercado de alimentação. "Existe entrada de novos clientes no mercado o tempo todo, com perfis e exigências diferentes. Portanto, você precisa pensar em opções para este novo público."

Onde encontrar:

Pimp Burger: https://pimpburgershop.menudino.com/