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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mercado de capitais se movimenta para financiar energia solar

Juliana Mello

22/11/2021 04h00

Em pleno 2021, já ficou claro que a transição energética, com a migração para uma matriz mais limpa de geração, é uma realidade. Não bastasse a pressão ambiental sobre o tema, esse movimento ganhou impulso adicional no Brasil este ano: a falta de chuvas em grande parte do país fez subirem os preços da energia por aqui. A alta, segundo o IBGE, já chega a quase 25%.

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o aumento no preço da energia elétrica resultará em uma queda de R$ 8,2 bilhões no PIB deste ano. Para muitas empresas e famílias, a saída foi investir em painéis fotovoltaicos para a produção de energia solar.

Os números provam que essa migração ganhou força em 2021. A capacidade de geração dos painéis instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos aumentou 53% de janeiro até novembro.

Se considerarmos tanto os painéis instalados em residências quanto as usinas de grande porte, o total da capacidade de geração solar no Brasil atingiu 12 GW este ano, quase o mesmo produzido pela usina de Itaipu (14 GW). A energia solar já responde a pouco menos de 7% de toda a capacidade de geração de energia brasileira.

Desde 2012 até hoje, foram mais de R$ 58,2 bilhões investidos nessa fonte energética e mais de 347 mil novos empregos gerados, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Além disso, foram mais de R$ 15,6 bilhões em arrecadação de tributos e 13,6 milhões de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas.

Tal movimento não passa despercebido ao mercado de capitais, que já começa a se preparar para atender a essa nova demanda por financiamento e está de olho nesse setor como uma grande oportunidade. Obviamente, o mercado de capitais tem ficado cada vez mais criativo na hora de estruturar operações específicas para esses novos clientes.

Exemplo disso foram emissões recentes que captaram recursos para a construção de fazendas solares através de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) verde. Por se tratar de um título verde (ESG), essas emissões ainda obtiveram outros benefícios, além daqueles que o CRI já possui, como a isenção de Imposto de Renda para pessoa física.

O cenário que vivemos hoje no mercado de energia não é transitório. Os preços de energia elétrica no Brasil seguirão em alta —a estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê um aumento superior a 20% em 2022.

Além disso, o custo para a geração de energia solar é bastante competitivo. Desde 2012, a energia solar teve seu preço reduzido em 80% —de US$ 100 o megawatt-hora para cerca de US$ 20. O preço fica abaixo do custo de todas as outras fontes, com exceção da geração eólica, segundo a Absolar.

Dados todos esses fatores, veremos cada vez mais esse tipo de operação no mercado, com estruturas de CRIs desenhadas especificamente para financiar a expansão da capacidade instalada de energia solar. Além de financiar uma necessária transição energética, a emissão desses papéis atende também a outra demanda crescente dos investidores: a por títulos com o selo ESG.

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