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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conhece as regras do mercado de capitais que protegem seus investimentos?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Juliana Mello

01/05/2023 04h00

A indústria de investimentos é mais complexa do que o sobe e desce das ações na Bolsa de Valores. Há uma infinidade de produtos disponíveis, voltados para interesses e públicos distintos.

Isso só é possível por conta do amadurecimento do mercado de capitais, que tem tido a atuação dos órgãos reguladores cada vez mais presente, sempre em busca de garantir segurança para o bom funcionamento do setor.

E, nesse sentido, conhecer esse universo com propriedade é uma das principais maneiras de se sentir seguro para tomar decisões mais assertivas sobre os ativos que devem compor a sua carteira.

O ponto de partida para entender todo o processo é considerar uma premissa. O mercado de capitais segue uma série de regulamentações e é fiscalizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Portanto, essas entidades são responsáveis pela criação de normas rígidas para assegurar que os interesses dos diversos agentes desse setor não sejam colocados à frente em determinadas situações.

O conceito nomeado "chinese wall" está relacionado a esse contexto. O termo, transportado da história, é usado no mercado financeiro como uma regra de conduta: impedir troca de informações entre departamentos e empresas que firam os interesses de um dos lados. Nesse mesmo sentido, é importante destacar que os recursos das instituições que operam no mercado financeiro devem, também, ser separados (como uma muralha) dos de terceiros.

De forma mais prática, quando falamos em investimentos, isso se aplica da seguinte forma: o patrimônio dos fundos não se mistura com o do administrador ou do gestor. E, assim, movimentos de mercado relacionados às companhias do segmento financeiro não geram impactos para os produtos geridos por essas mesmas empresas.

A recente venda do Credit Suisse para o UBS Group, por exemplo, evidencia esse cenário. Esse fato não gera qualquer consequência para os diversos fundos imobiliários do banco listados no Brasil. As legislações são bem embasadas para evitar conflitos de interesse e, dessa forma, proteger a integridade do segmento como um todo.

Outro exemplo são as gestoras em geral, prestadoras de serviço que tomam decisões com o objetivo de proteger o patrimônio e o interesse de seus investidores, respeitando o regulamento dos fundos geridos. A regulamentação também exige que essas casas mantenham seus formulários de referências atualizados com total transparência para livre acesso dos cotistas, que são os donos dos ativos.

Então, uma holding que atua no mercado financeiro pode contar com uma estrutura em que coexistem assets, corretoras, DCM, ECM, securitizadora e gestoras, desde que siga a regulamentação vigente. A rigidez das normas pode, inclusive, exigir uma dupla aprovação para as ações tomadas: uma securitizadora atua em conjunto com um agente fiduciário, que zela pelas suas decisões, enquanto uma gestora atua em conjunto com um administrador.

Do lado dos investidores, portanto, a principal recomendação é ter cuidado redobrado com aqueles que tentam confundir as informações e conceitos com interesses escusos. E, além disso, é importante conhecer as regras principais que norteiam a dinâmica do mercado financeiro, justamente para se sentirem confortáveis em relação às decisões sobre seus aportes financeiros.

Nesse mercado, como em qualquer outro, o conhecimento aprofundado a partir de informações sérias, de fontes confiáveis, é uma premissa essencial para a conquista de resultados positivos.

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