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Localiza conseguirá desenrolar compra da Unidas no Cade? Leia análise

Felipe Bevilacqua

29/11/2021 09h54

Hoje falaremos sobre em que pé está a fusão entre Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) e a respeito de notícia da TIM (TIMS3).

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Proposta da Localiza para o Cade

A Localiza (RENT3) sugeriu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que estaria disposta a vender a marca Unidas (LCAM3), se for necessário, para conseguir a aprovação do órgão regulador em relação ao plano de incorporar a locadora concorrente ao seu negócio. A decisão sobre a fusão das duas companhias precisa sair até o dia 6 de janeiro.

A Localiza também ofereceu vender algo próximo de 30 mil carros, que corresponde a cerca de 6,5% da frota combinada, para obter o parecer favorável do Cade. A fusão tem causado desconforto às concorrentes do mercado, com a Movida (MOVI3) entrando como "terceiro interessado" no processo, no qual também participam as locadoras Fleetzil, do Grupo Volkswagen, a Ouro Verde e a Ald Automotive, todas demonstrando preocupações com os documentos enviados ao Cade.

A venda da marca Unidas significaria vender as lojas e a bandeira para um concorrente ou um novo player, juntamente com uma parte da frota.

O processo no Cade já se alonga há algum tempo por se tratar de uma operação complexa, com a Superintendência-Geral do Cade tendo, em setembro, recomendado remédios que foram considerados menos amargos do que o esperado. Entre os principais, estão o desinvestimento de frotas e agências em municípios e aeroportos com sobreposição entre Unidas e Localiza, a renúncia da utilização de uma das plataformas de comparação de preço, além da permissão da entrada da Vanguard no país —controladores canadenses da Unidas que têm um acordo que impede a entrada de suas marcas no Brasil.

O tema vem gerando intensos debates no Cade e críticas das concorrentes, uma vez que a Localiza e a Unidas são, respectivamente, a primeira e a segunda maiores locadoras do país. Na visão da Movida, a terceira maior empresa do setor no Brasil, a operação deveria ser reprovada, e os remédios aplicados são praticamente inexistentes, não sanando os problemas que serão criados a partir da concentração de mercado, como elevação de preço ao cliente final e poder excessivo na aquisição de veículos por parte da nova empresa.

A Localiza não concorda com essa visão. Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da companhia, as baixas barreiras de entrada do setor justificam a possibilidade da fusão. Ele cita como exemplo a recente criação da JV entre Cosan e Porto Seguro, empresa lançada para operar no setor de aluguel de carros.

Vemos a fusão como muito provável, levando em consideração que nunca houve uma sinalização de reprovação total. No entanto, podemos esperar remédios mais contundentes do que os que foram previamente divulgados.

Presidente da Tim Brasil é nomeado diretor-geral da Telecom Italia

Em uma reunião extraordinária da diretoria da Telecom Italia, Luigi Gubitosi, executivo-chefe da companhia, pediu demissão após conflitos com a Vivendi, maior acionista da empresa. O presidente da Tim Brasil, Pietro Labriola, é quem assumirá o cargo de diretor-geral da Telecom Italia.

O grupo francês Vivendi detém 24% de participação na Telecom Italia e vinha trabalhando por uma mudança de gestão, chegando a atribuir o fraco desempenho da companhia a Gubitosi. Na sexta-feira (26), os membros da diretoria decidiram se reunir para chegar a um consenso em relação à gestão da companhia.

Na semana passada, a Telecom Itália informou que recebeu uma oferta da KKR, gigante americana de private equity, de US$ 12,2 bilhões para aquisição da companhia. A oferta da KKR é de 0,505 centavos de euro por ação da Telecom Italia, o que corresponde a um prêmio de 45% em relação ao preço de fechamento do ativo em 19 de novembro, quando foi emitido o comunicado. Para a Vivendi, o preço oferecido pela KKR é baixo, visto que é cerca de metade da média que a companhia pagou para aumentar sua participação em 2016.

Outro ponto de conflito entre a Vivendi e o agora ex-executivo-chefe Luigi Gubitosi foi de que o conglomerado francês acredita que a oferta da KKR foi elaborada com a participação de Gubitosi e sem conhecimento da empresa.

A Telecom Italia passou por vários problemas neste ano, tendo chegado a emitir dois alertas de queda nos lucros dentro de apenas três meses. Além disso, a companhia possui um plano de fusão com sua rival, a Open Fiber, que está parado devido à complexidade da operação.

O italiano Pietro Labriola está à frente da Tim Brasil desde 2019, quando assumiu o cargo de CEO da companhia, após quatro anos como diretor de operações. Foi Labriola quem comandou o processo de aquisição de parte da operação móvel da Oi e preparou a Tim Brasil para o leilão do 5G. Desde julho deste ano, Labriola também atua como presidente da Conexis Brasil Digital, sindicato patronal de operadoras de telecomunicações.

Pietro Labriola exercerá sua nova função no Grupo Telecom Italia, juntamente com os cargos de CEO e Conselheiro da Tim Brasil. A notícia deve trazer um impacto neutro para a Tim Brasil, visto que a companhia reafirmou seu foco na execução de seu plano estratégico divulgado ao mercado no início do ano. Além disso, a operação brasileira do grupo Telecom Italia deve ser igualmente beneficiada no caso do fechamento da transação com a KKR.

Gubitosi permanecerá como membro do Conselho de Administração do Grupo. Ele teria optado por deixar o cargo para facilitar as negociações com a KKR.

Em relação às negociações com a KKR, a proposta está condicionada a uma auditoria de confirmação de quatro semanas e ao aval do governo italiano, que possui direito de veto sobre aquisições estrangeiras de ativos estratégicos. Caso a transação se concretize, esta será a maior aquisição de uma empresa da Europa por um fundo de private equity.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.