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Analistas: Troca de ministros gera instabilidade, mas favorece reformas

Os presidente da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Arthur Lira, na saída do Palácio do Planalto - Ueslei Marcelino/Reuters
Os presidente da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Arthur Lira, na saída do Palácio do Planalto Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, de São Paulo

30/03/2021 17h45

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez na segunda-feira (29) uma reforma ministerial, com seis trocas no primeiro escalão. Após as mudanças, a Bolsa e do dólar fecharam em alta ontem. Hoje, a Bolsa subiu 1,24%, e o dólar fechou em leve queda.

Analistas ouvidos pelo UOL afirmam que as movimentações podem trazer mais instabilidade e incerteza ao mercado. Por outro lado, avaliam que, ao abrir mais espaço para o centrão, o governo aumentou as chances de andarem reformas econômicas desejadas pelo mercado.

Mas eles afirmam que o Orçamento para 2021, aprovado na semana passada, continua sendo um ponto de preocupação e que investidores devem ter cautela neste momento. O Orçamento foi criticado por subestimar despesas e cortar gastos obrigatórios para destinar o dinheiro a emendas parlamentares.

Veja abaixo as análises sobre como a reforma ministerial pode impactar o bolso de investidores.

Dificuldade para planejar médio e longo prazos

Para analistas, o principal risco dessas mudanças é a instabilidade que isso pode trazer para os mercados e para o cenário político.

A gente sabe que o cenário político é complicado no Brasil, e essas mudanças assombram a perspectiva de reformas fiscais, tão necessárias para os investimentos engrenarem no Brasil.
Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos

Ontem as alterações de ministros geraram instabilidade no mercado, mas a Bolsa fechou positiva, puxada pelo setor de commodities. Analisando a carteira de investimentos, essas mudanças geram instabilidade e atrapalham a organização de pensamentos de médio e longo prazo do investidor, e o mercado sofre com isso. A impressão que dá é que o governo, a cada manobra política, tem muitos pratinhos para equilibrar, o que gera instabilidade e impacta no preço de ativos.
Rodolfo Carneiro, analista e sócio da Valor Investimentos

Aceleração de reformas

Analistas avaliam que, com uma presença mais forte do centrão no governo Bolsonaro, algumas reformas econômicas podem sair mais rapidamente.

Essa troca ministerial foi feita para ter um número maior de ministros alinhados com os ideais do [ministro da Economia, Paulo] Guedes e do [presidente da Câmara, Arthur] Lira. É possível que ao longo do tempo haja maior celeridade na votação de pautas importantes, como a reforma tributária, que ganham maior visibilidade.
Rodolfo Carneiro, analista e sócio da Valor Investimentos

Entendo que colocar o centrão mais próximo do governo facilita o diálogo. O governo opta pelo pragmatismo, que pode minimizar a sequência de ruídos e de questões que podem impactar na economia. O presidencialismo de coalizão é uma forma mais pragmática, eficiente, do que o presidencialismo de enfrentamento e colisão, mas pode ter seu preço sobre os gastos fiscais.
Simone Pasianotto, economista chefe da Reag Investimentos

Orçamento ainda é ponto de tensão

Investidores ainda estão de olho no Orçamento 2021, aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada, com três meses de atraso. O principal desafio do Orçamento para 2021 é o cumprimento da regra do teto de gastos, que limita o crescimento da despesa de cada ano à variação da inflação no ano anterior.

Além da reforma tributária, temos a questão do Orçamento, que está no radar dos investidores pela gravidade do tema. Parece que o Orçamento tem algumas manobras, pelo que esta sendo identificado por técnicos, e esse é o tema de principal apreensão esta semana.
Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos

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