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Com alta dos juros, o Tesouro Selic vale a pena? Veja se é bom para você

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/08/2021 04h00

Título público que rende de acordo com os juros da economia, o Tesouro Selic é considerado uma porta de entrada para o mundo dos investimentos. Geralmente é o primeiro passo que o brasileiro dá fora da poupança, em busca de um pouco mais de rentabilidade com a mesma segurança. Mesmo com o Banco Central aumentando a taxa Selic, os juros da economia são considerados historicamente baixos. Vale investir nesse título mesmo assim?

"Mesmo com a Selic baixa, ele ainda é uma das melhores alternativas para alguém que queira um investimento com grande liquidez, com pouco risco e que vai render mais do que a poupança", afirmou Gabriela Mosmann, analista sênior da casa de análises Suno Research, durante o encontro do Guia do Investidor UOL, série de eventos gratuitos e quinzenais do UOL, para quem quer aprender a cuidar do próprio dinheiro. Veja abaixo as vantagens e desvantagens desse título.

Tesouro Selic sofre pouca oscilação com o tempo

É um título recomendado para quem quer fazer uma reserva de emergência, mas não está satisfeito com o rendimento da poupança, que é de 70% da taxa Selic.

"O Tesouro Selic tem esse lado da reserva de emergência e aí não interessa se os juros estão a 1% ao ano ou 20%. Reserva de emergência deve ser sempre reserva de emergência", disse Roberto Indech, estrategista-chefe da corretora Clear e sócio da XP Inc.

Aplicar em um título público é o mesmo que emprestar dinheiro para o Tesouro Nacional. O investimento é considerado seguro, pois as chances de um calote são mínimas. Mas, ainda assim, é possível perder dinheiro com o Tesouro Direto, caso o investidor decida deixar a aplicação antes do seu vencimento.

No caso do Tesouro Selic, por ser atrelado apenas aos juros, isso é bem mais difícil de acontecer.

"É um título que não vai ter tanta volatilidade (oscilação de preço) e isso pode ser uma vantagem para a maioria dos investidores. Mas justamente por essa característica, o Tesouro Selic vai ter um pouco menos de rentabilidade, o que poderia ser uma desvantagem também", afirmou Gabriela.

Tem cobrança de IR sobre os rendimentos

Assim como quase todo investimento em renda fixa, também há cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre o rendimento dos títulos do Tesouro Direto. O Tesouro Selic não é exceção.

"O IR começa com uma taxação de 22,5% [em aplicações de até seis meses] e essa alíquota vai caindo, após dois anos [ou 720 dias], para 15%", disse Indech.

Essa regra pode mudar com a reforma tributária, que prevê alíquota única de 15%, independentemente do prazo com o qual o investidor fica com o papel.

Gabriela Mosmann, porém, diz que a cobrança do imposto faz pouca diferença sobre o rendimento e não tira a vantagem do título em relação à poupança, por exemplo.

"A gente tem o imposto, mas vale lembrar que quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende apenas 70% da Selic. Compensa pagar parte do imposto, mas as diferenças são tão mínimas, que é melhor fazer um esforço para estudar mais outros tipos de investimento", afirmou a analista.

Para quem o Tesouro Selic é indicado?

Por ser um investimento mais conservador e com a rentabilidade limitada atualmente pelos juros baixos, o Tesouro Selic é recomendado para reservas de emergência (recursos para cobrir de seis meses a um ano de despesas) ou para objetivos de prazo mais curto.

"Se eu estou economizando para uma viagem, por exemplo, é melhor optar por investimentos menos arriscados e o Tesouro Selic entra nessa categoria. Ele tem altíssima liquidez [quando os recursos podem ser resgatados na hora em que o investidor quiser], não tem muita volatilidade, então é bastante recomendado para essas finalidades", disse Gabriela Mosmann.

Segundo Roberto Indech, o dinheiro guardado no Tesouro Selic também pode ser usado como reserva de oportunidade —aquele dinheiro que você guarda para investir em ações, por exemplo, em um momento de baixa da Bolsa. Mas o estrategista alerta que é importante não confundir esse dinheiro com a reserva de emergência.

"A gente viu no início da pandemia, com um aumento de desemprego considerável, muita gente tirando dinheiro da reserva de emergência que estava no Tesouro Selic para comprar ações. Isso não faz sentido", disse Indech.

E para quem não vale a pena?

Enquanto a inflação, que chega a quase 9% no acumulado dos últimos 12 meses, estiver maior que os juros, o rendimento do Tesouro Selic não consegue manter o poder de compra do consumidor. Gabriela Mosmann acredita que isso tende a mudar em breve, com a trajetória de alta dos juros da economia. Mas explica que o Tesouro Selic não fez ninguém ficar rico.

"Se você está pensando realmente investir para o longo prazo, querendo valorização do seu patrimônio, o título não é o mais adequado. Até no próprio Tesouro Direto você tem outras opções mais interessantes, que vão ter mais rentabilidade", disse a analista.

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