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XP estreia na Bolsa brasileira 2 anos após ir aos EUA; veja se vale comprar

Juliana Portugal

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/10/2021 04h00

Quase dois anos após a estreia na Bolsa eletrônica norte-americana Nasdaq, as ações da XP desembarcam no mercado brasileiro. Por aqui, os papéis da maior corretora do país estão sendo comercializados por meio dos chamados BDRs, sigla para Brazilian Depositary Receipts —certificados que representam ações de empresas negociadas no exterior.

Com isso, o investidor brasileiro terá acesso na Bolsa brasileira às ações da XP negociadas na Nasdaq. Desde a estreia, no dia último dia 4, até o fechamento da sessão da última quarta (6), os BDRs da empresa (XPBR31) caíram 1,40%, negociados a R$ 215,65. Será que vale a pena investir nos papéis da XP? Veja abaixo o que disseram os analistas ouvidos pelo UOL.

Expectativa é boa, mas momento é diferente, diz analista

"A expectativa em relação aos BDRs da XP é alta e positiva, porém, diferente do que era o momento quando ela estreou na Bolsa norte-americana, em 2019, hoje o cenário é outro. Aqui no Brasil, muitas pessoas estão assustadas com o que está acontecendo na renda variável", afirma Ricardo Maila Hiraki, CEO da Plano Fintech, empresa de planejamento financeiro.

Uma das vantagens de se investir em BDRs é que o investidor pode aplicar em determinada companhia, que possui ações negociadas em Bolsas internacionais, sem precisar arcar com os custos relacionados à remessa de recursos para o exterior, por exemplo.

Vale ressaltar que, mesmo exposto às variações de um investimento internacional, as operações são realizadas no Brasil e o preço recebido será em real.

Mas é preciso ter atenção com certas variações, segundo Tiago Piassum, sócio-fundador da assessoria Marco Investimentos.

"Neste tipo de ativo, há duas variáveis: a oscilação da ação e a do câmbio. Isso pode representar um risco extra em alguns cenários. Além disso, pode servir como exposição ao dólar, caso você acredite em uma alta [do dólar]."

É um bom investimento?

"Bom investimento é o que cabe dentro da carteira do investir. Se for o objetivo compor uma carteira variável e diversificada pode fazer sentido sim. O ativo é novo, ainda não tem histórico para uma avaliação mais completa", afirma Gisele Borba, chefe de operações da Amur Capital.

Segundo Hiraki, os interessados em investir na XP devem observar também alguns pontos que vão além dos BDRs, como o fato de a companhia ter se posicionado como uma empresa bastante sólida, ter ampliado o portfólio de produtos com resultados positivos e ter lucro e receitas altos.

No segundo trimestre, a empresa registrou lucro líquido de mais de R$ 1 bilhão, um aumento de 83% frente ao mesmo período de 2020 e de 22% em relação ao primeiro trimestre do ano.

Além disso, para Hiraki, o preço dos BDRs da XP está em um nível intermediário, considerando o potencial da empresa.

Segundo Gisele, os BDRs são investimentos mais indicados para investidores com perfil mais arrojado. No entanto, não significa que aqueles mais conservadores ou moderados não possam se aventurar.

"Vale salientar que os BDRs, em geral, não costumam apresentar tanta liquidez, mas para o investidor que está acostumado com a renda variável e que já foca mais no longo prazo, pode ser mais interessante", afirma.

Balanço das ações

Na última segunda-feira (4), quando passaram a estar disponíveis para os investidores brasileiros, os BDRs da XP fecharam o dia em queda de 0,72%, a R$ 223,80, em um dia em que o Ibovespa recuou 2,22%.

Mesmo com pouco tempo disponível, os BDRs da XP já contam com cerca de meio milhão de acionistas, vindos em meio ao processo de cisão com o Itaú.

Além disso, a chegada dos BDRs da empresa sinaliza a saída do Itaú do capital da corretora, posto que possuía desde 2017, quando o banco adquiriu 49,9% da XP.

XP captou US$ 2,2 bi na Bolsa dos EUA

Em dezembro de 2019, a corretora começou com pé direito na Bolsa norte-americana. Naquele momento, as ações da companhia estrearam com uma alta de 21,3%, com os papéis saindo de US$ 27 para US$ 32,75.

Com isso, a XP detinha um valor de mercado de US$ 18 bilhões, além de figurar entre as 15 maiores empresas brasileiras de capital aberto. No total, o montante captado foi de R$ US$ 2,25 bilhões, com a venda de 83 milhões de ações.

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