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Como juntar dinheiro para a reserva de emergência? Poupança é uma opção?

Reserva de emergência serve para garantir a autonomia financeira do investidor em uma situação inesperada - Getty Images/iStockphoto/Brankospejs
Reserva de emergência serve para garantir a autonomia financeira do investidor em uma situação inesperada Imagem: Getty Images/iStockphoto/Brankospejs

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, de São Paulo

19/02/2022 04h00

A reserva de emergência deve ser o primeiro passo para quem não quer ser pego de surpresa quando surge uma situação inesperada. O dinheiro precisa estar disponível a qualquer momento, por isso deve ser investido em aplicações fáceis de resgatar —ou seja, sempre com alta liquidez.

Especialistas ouvidos pelo UOL revelam os melhores investimentos para ter uma boa reserva de emergência, e se a poupança é uma boa opção. Leia abaixo.

Fuja de investimentos arriscados

A reserva de emergência deve ficar longe de tipos de investimento que tragam risco, como declara Eliane Tanabe Deliberali, planejadora financeira CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar).

O objetivo [da reserva de emergência] é garantir a própria autonomia financeira mesmo em uma situação inesperada. Para isso, o caminho é aplicar em um produto conservador e de alta liquidez.
Eliane Tanabe Deliberali, planejadora financeira pela Planejar

Kelly Possebon, head educacional da Ativa Investimentos, concorda: "a reserva não pode estar exposta a riscos extremos".

Fundadora da fintech Grão, Monica Saccarelli também avalia que toda reserva de emergência seja aplicada em ativos conservadores, independentemente do perfil do investidor —conservador, moderado ou agressivo/arrojado.

"Os investimentos com o objetivo de arcar com despesas fixas em uma eventualidade, como a perda do emprego, não devem trazer emoção. Eles devem servir para a pessoa dormir em paz, tranquila. É o recurso que vai ficar ali, rendendo", diz Monica.

Longe da poupança

Apesar de a reserva de emergência exigir muita cautela para não colocar o valor acumulado em risco, é possível escolher alternativas com rentabilidade melhor do que tradicional caderneta de poupança —que ainda é vista como um sinônimo de porto seguro para muitos brasileiros.

Dados oficiais do Banco Central (BC) confirmam a pouca atratividade. Nos últimos anos, o rendimento real da poupança tem perdido para a inflação.

No ano passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 10,06%, enquanto a poupança teve rendimento real (descontada a inflação) negativo, de 6,37%. Ou seja, quem se programou com o objetivo de contar com uma reserva suficiente para custear as despesas viu parte do dinheiro acumulado ser corroído pela alta dos preços.

Como a poupança tem ficado atrás da inflação oficial do país desde 2019, as especialistas não indicam esse tipo de investimento nem mesmo para aqueles que são muito conservadores e têm medo de arriscar o patrimônio.

"Não recomendo a caderneta de poupança, há ativos muito melhores", afirma Monica.

Opões indicadas

Os investimentos mais indicados pelas entrevistadas para formar a reserva de emergência são:

- Títulos do governo, como o Tesouro Selic;

- Fundos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário);

- CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) que acompanham o CDI (desde que sem carência, ou seja, que não possam ser regatados apenas no vencimento do papel)

E quem não é conservador?

Eliane sugere aos investidores com perfil moderado e arrojado que, à medida que o valor da reserva de emergência se aproximar do que foi definido no planejamento financeiro para atender a situações inesperadas, pode-se começar a fazer uma segunda "caixinha" de poupança. Isto é, focar em produtos com possibilidade maior de ganhos ou com prazos de resgate mais longos.

O ideal é que a reserva de emergência, segundo a planejadora financeira, seja composta por um valor de três a 12 meses da renda mensal do investidor e que cubra as despesas.

"Ter uma soma guardada equivalente ao salário de 12 meses é muito dinheiro, um montante que não será usado de uma vez caso apareça uma situação inesperada. Por isso, é possível ter uma parte dessa reserva em um produto com alta liquidez e baixo risco, e outra parte pode permitir correr algum risco, com o resgate para três ou seis meses, mas ainda assim sem tantas surpresas geradas por oscilações na rentabilidade. Isso permite que haja um risco gerenciável", declara.

Novas "caixinhas" com o passar do tempo

Passada a etapa de formação do "colchão de segurança", a fundadora da Grão Primeiro afirma que o investidor pode se dedicar a outros investimentos com diferentes propósitos e alinhados ao seu perfil.

"Resolvida a reserva de emergência, é possível pensar em novas 'caixinhas' para diferentes objetivos, seja para fazer uma viagem, trocar de notebook ou se garantir na aposentadoria, com classes de ativos [investimentos] de médio e longo prazo, com possibilidade de ganhos maiores", diz Monica.

A head educacional da Ativa Investimentos diz que, seja o investidor conservador ou arrojado, ele deve se atentar sempre à evolução das suas despesas e fazer uma correlação com a reserva de emergência. Pode ser necessário aumentar o patrimônio acumulado para arcar com situações inesperadas por causa da alta dos custos do dia a dia —como aluguel, supermercado e mensalidade da escola.

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