Sem churrasco: ações de carne estão entre as maiores baixas do mês na Bolsa
Não vai ter churrasco em 2023, pelo menos, na China, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados unidos (USDA) em Pequim. Na semana passada, o órgão divulgou um documento em que prevê uma queda de 19% nas importações chinesas de carne bovina e de 8% nas suínas.
Isso impactou diretamente companhias brasileiras exportadoras de carne, como Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3), que são os destaque da lista das ações com pior desempenho no mês de setembro.
Inflação, queda no preço dos combustíveis, dívidas e acusações de fraudes também afetam empresas.
Veja abaixo quais foram as ações que mais sofreram na Bolsa em setembro.
Quais ações mais caíram em setembro?
Confira a lista das ações que mais desvalorizaram no mês, conforme levantamento de Einar Rivero, da Trademap:
- IRB Brasil (IRBR3) -38,41%
- Marfrig (MRFG3) -24,33%
- São Martinho (SMTO3) -21,25%
- CVC (CVCB3) -20,18%
- Méliuz (CASH3) -18,32%
- BRF (BRFS3) -17,67%
- Minerva (BEEF3) -17,09%
- Ecorodovias (ECOR3) -17,06%
- Qualicorp (QUAL3) -15,90%
- Cosan (CSAN3) -14,66%
Dentre as dez maiores baixas do mês, três são do setor de carnes. "A China é a maior importadora de carnes do mundo. Quando existe previsão de queda, isso afeta todas as exportadoras, incluindo as brasileiras", diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.
O que aconteceu na Bolsa em setembro?
No geral, o mês não foi muito bom para a Bolsa de Valores. "Setembro foi difícil porque o mercado percebeu o tamanho do esforço que o banco central americano, o Federal Reserve, vai ter que fazer para controlar a inflação dos Estados Unidos", diz Varejão.
Ou seja: ainda deveremos ver mais aumentos na taxa de juros dos EUA, o que acaba retirando dinheiro em circulação do mercado internacionalmente e prejudicando bolsas de mercados emergentes, como o Brasil.
IRB sofre com acusações de fraude: Entre as maiores quedas do mês, a pior foi a da resseguradora IRB Brasil. A empresa que faz o seguro de seguradoras está em crise desde o início de 2020, quando foi acusada de fraude.
Os papéis da empresa, que no final de 2019 valiam cerca de R$ 100, caíram para R$ 2 com os indícios de operações irregulares.
Na penúltima semana de setembro, o IRB informou que teve prejuízo de R$ 58,9 milhões em julho, ante as perdas de R$ 97,6 milhões no mesmo período de 2021. O resultado ainda não considera o aumento de capital da empresa, que foi considerado um fiasco.
Para levantar R$ 1,2 bilhão com uma nova oferta de ações, a empresa teve que precificar seus ativos em R$ 1 por papel, um forte desconto de 28,57% em relação ao preço de fechamento do dia anterior, 1º de setembro. De janeiro até julho de 2022, o prejuízo líquido acumulado do IRB foi de R$ 351,7 milhões, mais que as perdas de R$ 253,7 milhões do mesmo período de 2021.
Queda dos combustíveis impacta ações: São Martinho e Cosan, as duas empresas do setor de açúcar e álcool sofrem com a baixa do preço do etanol provocada por descontos de impostos nos combustíveis.
"Toda vez que existe uma incerteza tributária, isso afasta o investidor", diz Daniel Sasson, analista do setor de produtos básicos (commodities) do Itaú BBA. O governo federal estipulou no final de junho um teto para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis para baixar o preço nos postos.
Viajar está cada vez mais difícil
CVC sofrem ainda com os reflexos da pandemia, com o aumento do preço do petróleo, que fez subir o preço das passagens aéreas.
"Espera-se que os preços das passagens continuem a subir, diante da valorização do dólar e taxa de juros maiores no hemisfério norte, impactando os custos das companhias aéreas, como combustíveis e leasing de aeronaves. Além disso, a Argentina, um importante mercado para a empresa, se encontra em situação muito delicada e não deve apresentar melhoras logo", diz Régis Chinchila, da equipe de análise da Terra Investimento.
Empresas estão mais endividadas: Ecorodovias não está sendo bem avaliada pelo mercado que acredita que o endividamento da concessionária de rodovias subiu demais depois que, no final do mês, a empresa venceu o leilão para exploração do lote Noroeste Paulista.
O grupo ganhou com uma oferecendo de R$ 1,2 bilhão para poder atuar nas estradas da região. "Diferentemente da companhia, o mercado não demonstra acreditar que a concessão terá retorno que justifique o investimento e, assim, a ação se desvalorizou", diz Luis Novaes, da equipe de análise da Terra Investimentos.
A Méliuz, de cashback, perde com a inflação, a diminuição do consumo e problemas internos da companhia (que fez várias aquisições de outras empresas).
Qualicorp foi rebaixada: Já a forte desvalorização da Qualicorp, de convênios médicos, aconteceu após a divulgação de um duro relatório do Credit Suisse. Os analistas cortaram pela metade o preço alvo do papel de R$ 18 para R$ 9 por conta da diminuição do número de segurados da empresa.
"Além disso, com notícias de grande impacto para o setor, como a suspensão de piso salarial da enfermagem e sanção da lei que obriga as operadoras a cobrirem tratamentos fora da lista da Agencia Nacional de Saúde (ANS), a projeção de dificuldades no curto prazo para a Qualicorp se tornou ainda pior", analisa Chinchila.
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