Quando você investe em produtos de renda fixa, você tem certeza de quanto receberá no final? Quais os riscos deste tipo de investimento?
No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, a planejadora financeira Lueny Santos diz que, na renda fixa, você conhece a sua condição de retorno. "Os produtos de renda fixa são, em sua maioria, títulos. São "contratos" que você faz com bancos, com empresas privadas, com o governo", afirma.
Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido semanalmente, às quintas-feiras, das 16h às 17h.
Para também ter sua dúvida respondida no programa, envie sua questão para o Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br.
O que saber da renda fixa:
- O que você conhece é a sua condição de retorno. "O seu retorno não é, necessariamente, um valor fixo. Você pode ter uma parte fixa e outra variável; a taxa pode variar naquele período pré-determinado", diz Lueny.
- Os produtos de renda fixa são, em sua maioria, "contratos" que você faz com bancos, empresas privadas ou com o governo.
Quando você faz um contrato, você sabe as suas condições. Você sabe o prazo, os riscos que está correndo com aquele contrato, você entende da empresa, você sabe para quem está emprestando o dinheiro.
Lueny Santos, planejadora financeira
Segundo ela, há algumas particularidades, como os fundos de investimentos em renda fixa, que não têm a rentabilidade prometida. "Quando você compra um título, [a rentabilidade] é algo prometido; ou seja, você está fazendo um acordo de quando vai ganhar. No fundo de investimento em renda fixa, você não tem essa informação", afirma.
Qual investimento na renda fixa rende mais?
"Depende", diz ela.
Na renda fixa, são três tipos de remuneração:
1) Com liquidez: A qualquer momento, você consegue resgatar o dinheiro. Os produtos estão atrelados à taxa 100% da Selic ou 100% do CDI. E aqui a característica mais importante é você conseguir resgatar o dinheiro a qualquer momento.
Se você tem prazo mais estabelecidos para usar esse dinheiro:
2) Prefixada: Os produtos têm taxa de rentabilidade prefixada no momento da compra. "Independente do que vai acontecer no mercado, você vai ganhar a rentabilidade combinada ao longo do prazo, por ano", diz ela. Um dos produtos disponíveis hoje é o Tesouro Prefixado 2029, que paga 13,2% ao ano. Ou seja, independente de como a Selic estiver nos próximos seis anos, a rentabilidade vai ser fixa de 13,2% ao ano.
3) Pós-fixada: Uma parte da rentabilidade dos produtos está atrelada a alguma taxa, que pode variar no período. Um dos produtos é o Tesouro Selic. "A rentabilidade vai mudando conforme a taxa Selic muda", diz.
E quais são os riscos?
Lueny diz que dentro da renda fixa há uma escala de risco. Os títulos públicos são mais seguros que os títulos da renda fixa privada. "Se um produto tem a segurança, a rentabilidade pode não ser tão interessante, comparada a de outros produtos", afirma.
Outro exemplo: Investir em debêntures, em que você empresta dinheiro a empresas privadas, é mais arriscado do que emprestar dinheiro ao governo. "Quando você assume mais riscos e prazos maiores, a rentabilidade será melhor", diz.
Portanto, segundo Lueny, escolher qual investimento na renda fixa que rende mais vai depender do risco que você quer correr, do prazo que você tem para resgatar o dinheiro, para quem você quer emprestar esse dinheiro.
Vale ressaltar que as condições de investimentos citadas aqui são referentes ao dia 2 de fevereiro. As taxas podem variar de um dia para o outro.
Posso perder dinheiro na renda fixa? Sim. Se você precisar vender o título antes do prazo de vencimento, você estará sujeito à marcação a mercado, podendo ter prejuízo.
A marcação a mercado é o quanto o mercado vai pagar por aquele título que você quer vender antes do prazo. Ela pode ser positiva ou negativa, de acordo com os movimentos do mercado [como a variação da taxa Selic e da inflação].
Lueny Santos, planejadora financeira
Por exemplo: você tem um Tesouro IPCA + 5% (paga a inflação mais um bônus de 5% ao ano) com prazo de vencimento de cinco anos. Mas hoje está disponível no mercado um Tesouro IPCA + 8%.
"Concorda que o título que você comprou está desvalorizado? Se ele está desvalorizado, você vai sofrer uma marcação a mercado negativa. Quem vai querer comprar esse seu título, se no mercado tem um IPCA + 8%? Você provavelmente vai perder dinheiro, se quiser vender esse título", afirma. Mas se você mantiver o título até a data de vencimento vai ganhar o combinado: IPCA +5%.
E os fundos de investimentos em renda fixa, como funcionam?
Neste investimento, é o gestor profissional à frente do fundo que escolhe os produtos para comprar.
"Em alguns momentos, como na pandemia, perder dinheiro em fundos de investimentos em renda fixa pode ser mais expressivo. Além de os produtos que o gestor vai vender antes do prazo estarem sofrendo marcação a mercado, há ainda a movimentação das pessoas saindo dos fundos. Se mais pessoas saírem dos fundos, mais o gestor tem que vender os títulos antes do prazo e menor a rentabilidade", afirma ela.
Selic em 13,75%: Investir em Tesouro Selic ou em Tesouro Prefixado?
- Tesouro Selic: Títulos com rentabilidade atrelada à taxa de juros. "Por mais que você conheça a condição de retorno deste título, a sua rentabilidade é volátil", diz ela.
- Tesouro Prefixado: Títulos com uma rentabilidade fixa. "Você precisa entender o risco deste título, que é o momento de comprar este prefixado", diz.
Quando você tem uma expectativa de queda na taxa de juros, há uma valorização em títulos prefixados; e vice-versa.
Por exemplo:
- Você compra hoje um Tesouro Prefixado que paga 14% ao ano. Como a taxa Selic está com expectativa de começar a cair, isso pode ser interessante.
- Em 2021, a Selic estava em 2% ao ano, e você comprou um Tesouro Prefixado que estava pagando 6% ao ano. "Mas naquele momento a expectativa era que a taxa Selic subisse, como ocorreu. Hoje, ela está em 13,75%, e o seu Prefixado continua em 6%. Ou seja, você está perdendo oportunidades de investimento melhores hoje", afirma Lueny.
E o que fazer? "Você precisa entender qual é o momento e quais os produtos que fazem sentido para a sua carteira, para você saber se quer assumir esse risco ou não", afirma.
Lueny diz também que, se você for investir em títulos prefixados hoje, vale ficar atento aos prazos. "Há títulos prefixados com vencimento em 2029. É muito tempo. A gente não sabe o que vai acontecer nos próximos seis anos, com a taxa Selic", afirma.
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Você pode enviar perguntas ao Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br —elas podem ser respondidas no programa.
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Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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