Taxas para chinesas podem ajudar Renner e Magalu na Bolsa? Não é bem assim
O fim da isenção de impostos sobre encomendas postais de até US$ 50 (R$ 247) pode ajudar varejistas brasileiras a recuperar uma parte do prejuízo que vêm sofrendo no último ano. Mas isso não significa que elas irão disparar na Bolsa.
Qual é a situação?
O governo anunciou que vai acabar com a insenção de imposto sobre encomendas internacionais de pessoa a pessoa de até US$ 50. Essa isenção facilita a venda sem tributação de plataformas como AliExpress, Shein e Shopee.
Todas as compras feitas, de qualquer valor, em sites do exterior, devem ser taxadas. Hoje já existe a tributação sobre o valor da encomenda, mas segundo o governo a cobrança não é efetiva. O governo quer acabar com a isenção de US$ 50 para envios entre pessoas físicas para impedir fraudes.
A estimativa é os itens importados vendidos por essas empresas chinesas fiquem em média 60% mais caros.
O que pode acontecer com as empresas brasileiras
Brasileiras podem se beneficiar com a medida. "Havia uma competição desleal com o varejo brasileiro que, se a medida for realmente colocada em prática, vai ajudar no ganho das empresas", diz Victoria Minatto, analista da Eleven Financial.
As mais beneficiadas com a medida devem ser Renner (LREN3) e C&A (CEAB3). Elas competem diretamente com a chinesa de moda Shein, segundo André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. A C&A, por ter uma situação de dívida bem melhor que a da Renner, pode ganhar mais competitividade, segundo Fernandes.
Para empresas que vendem produtos mais caros, o impacto é menor. Magazine Luiza e Via (VIIA3), a dona das Casas Bahia, não vão ser beneficiadas pela taxação das chinesas porque elas não são concorrentes diretamente. Elas vendem mais eletrodomésticos e itens de grande valor, diz Fernandes.
O marketplace pode ser beneficiado. Essas grandes empresas abrem suas plataformas para que outros parceiros vendam produtos. Magalu, que em seu marketplace vende produtos mais baratos, como os comercializados pela AliExpress e Shopee, pode ser beneficiada indiretamente, acredita Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos.
Mas ainda há dúvidas sobre o impacto total. Ainda não se sabe quando a mudança começa a valer. O governo diz que vai editar uma Medida Provisória para acabar com a isenção e criar regras para ampliar a cobrança do imposto de 60% sobre as remessas internacionais.
Também não é possível saber o tamanho da mudança. A nova regra só valerá para encomendas entre pessoas.
Hoje os tributos só têm sido pagos quando as encomendas são barradas pela Receita Federal. Em sites como Amazon e Mercado Livre, porém, o imposto é cobrado no momento da compra internacional.
O que mais afeta as brasileiras
A possível queda de juros é o que mais deve movimentar essas ações no médio prazo. Magazine Luiza (MGLU3) subiu 19%, para R$ 3,88, nos últimso pregões, principalmente impulsionada pela expectativa de queda nos juros com a redução da inflação.
Os juros menores ajudam as empresas a venderem mais. No Magazine Luíza, por exemplo, somente 34% das vendas são pagas à vista. Nesse caso, o consumidor está comprando produtos mais baratos.
As compras mais caras - como geladeiras e TVs - são parceladas em sua maioria. E para que essas compras voltem a crescer, só baixando os juros, diz Fernandes.
O que dizem as chinesas
Empresas dizem que respeitam lei e apoiam mudanças. O AliExpress disse que "tem o compromisso de fornecer aos consumidores brasileiros produtos de qualidade e participar ativamente no desenvolvimento da economia digital local. Cumprir as regulamentações dos locais onde operamos é nossa principal prioridade.
Para a Shoppee, as possíveis mudanças tributárias em compras internacionais não afetarão os consumidores. Mais de 85% das vendas da Shopee são de vendedores brasileiros, e não de fora do país.
Já a Shein disse: "Reconhecemos a importância em propor melhorias para as regras no Brasil de modo a fornecer segurança jurídica para os operadores e garantir que milhões de brasileiros possam continuar a ter acesso ao mercado mundial, bem como a artigos produzidos localmente".
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