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Com juros altos, onde investir na Bolsa? Veja os setores recomendados

Bolsa de valores: veja onde investir na Bolsa hoje, com juros altos - GETTY IMAGES
Bolsa de valores: veja onde investir na Bolsa hoje, com juros altos Imagem: GETTY IMAGES

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/04/2023 04h00

Ainda que os juros altos sejam, de maneira geral, ruins para a Bolsa, existem empresas que podem se beneficiar desse cenário. Veja que ações podem se valorizar, segundo especialistas.

O que está acontecendo

Alta já dura meses. A taxa de juros básica do país, a Selic, está estacionada em 13,75% desde agosto do ano passado. Mesmo que o Banco Central decida amenizar os juros nos próximos meses, ainda estarão bem elevados.

Com juros altos, a Bolsa sofre. Investidores preferem a renda fixa, que está dando retornos maiores e com menos risco. "Juros altos são ruins para todos os setores, mas alguns ganham momentaneamente com eles", diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos.

Empresas podem se prejudicar. As empresas endividadas sofrem porque pagam mais juros. As que dependem de investimento têm mais dificuldade de conseguir dinheiro no mercado de capitais, porque os investidores preferem aplicações mais seguras, e nos bancos, com jutos altos. E as que lidam diretamente com o consumidor final perdem vendas, pois o crediário fica mais caro e as pessoas deixam de comprar.

Mesmo assim, algumas ações podem ter benefícios nesse cenário. Veja quais são os setores que ganham com os juros abaixo.

Bancos

Os bancos ganham com os juros porque eles cobram mais alto dos clientes que pegam empréstimos ou financiamentos. O capital que eles têm guardado também rende mais. Por outro lado, também sofrem por conta da inadimplência.

O Santander é um dos maiores credores da Americanas, por exemplo. A instituição financeira tem cerca de R$ 3,6 bilhões a receber da varejista que entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas de aproximadamente R$ 47 bilhões.

Quais ações são recomendadas? As queridinhas do setor bancário são o Banco do Brasil (BBAS3) e o Itaú (ITUB4), por terem menor inadimplência. Os papéis do Itaú devem valorizar para R$ 35 até o final do ano, segundo estimativas do BTG, que recomenda a compra da ação, cotada atualmente a R$ 25,62 (cotação de 12 de abril). Já o ativo do BB, que atualmente custa R$ 41,38, pode chegar R$ 58 segundo o Banco Safra, que também classifica o papel como compra.

Seguradoras

As seguradoras têm reservas grandes de dinheiro, que é usado para pagar os sinistros. Então, quanto mais alta a taxa de juros, mais elas ganham com o investimento desse dinheiro.

Assim como acontece com os bancos, o risco aqui também é a inadimplência.

Quais ações são recomendadas? A ação mais recomendada desse setor é BB Seguridade (BBSE3). A companhia opera muito com o agronegócio, onde a inadimplência é baixa. Dentre 14 corretoras e bancos que analisam a ação, dez recomendam a compra e quatro preferem não comprar, nem vender. O preço alvo varia entre R$ 32 e R$ 49,40. A ação custa atualmente R$ 35,16.

Porto Seguro (PSSA3) também é uma opção. O Safra tem recomendação de compra e preço alvo de R$ 32 para a ação que custa R$ 23,81.

Empresas de energia

Aqui a situação é outra: ao contrário dos bancos, as empresas de energia elétrica têm uma inadimplência muito baixa. E quando tem inflação, elas repassam tudo para o preço das tarifas.

Também são empresas com dívidas baixas. Então elas sofrem menos com os juros, explica Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.

A exceção é a Light (LIGT3). Este mês, a empresa entrou com uma medida cautelar na Justiça pedindo liminares para suspensão do pagamento de suas dívidas, além da instauração de procedimento de mediação coletiva com os credores. A Light tem mais de R$ 11 bilhões em dívidas.

As mais recomendadas do setor são Copel (CPLE6) e Alupar (ALUP11). A XP recomenda compra de Copel, cujo preço atual R$ 7,53. O preço alvo é de R$ 8,50, com potencial de valorização até o final do ano de 12,88%. A Genial estipulou o preço alvo da Alupar para R$ 30; ação agora vale R$ 28,32.

Empresas de matérias-primas

As empresas de petróleo, minério e matérias-primas também ganham. Segundo Caumont, elas corrigem seu preço pela variação internacional e assim se protegem da inflação doméstica.

Hoje, o cenário internacional está positivo para elas. O preço do petróleo está em alta, com o corte feito pela Opep. Além disso, o reaquecimento da economia chinesa impulsiona as exportadoras de minério de ferro.

Nesse conjunto, são boas compras, segundo ele, PetroRio (PRIO3) e Vale (VALE3). PRIO3 tem recomendação de compra para o BTG, que prevê preço alvo de R$ 54 para ação que custa R$ 36,34. Vale é recomendada pela XP, com potencial de passar de R$ 80,51 para R$ 97 até o fim do ano.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.