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Como o mercado reagiu ao primeiro balanço da Petrobras do governo Lula?

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras - Tomaz Silva/Agência Brasil
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/05/2023 13h52

Os investidores gostaram dos resultados financeiros da Petrobras no primeiro trimestre e - principalmente - do anúncio de nova distribuição bilionária de dividendos.

Nesta sexta-feira (12), no início do primeiro pregão depois da publicação, PETR3 chegou a subir 5,44% e PETR4 valorizava 4,6%. Mas por volta das 14h, a alta era menor: PETR3 avançava 3,27% para R$ 29,07 e PETR4, 2,67% para R$26,11.

Com os preços internacionais do petróleo cerca de 20% nos primeiros três meses do ano, a Petrobras teve, em relação ao resultado de um ano antes, uma queda de 14,4% no lucro líquido, que somou R$ 38,2 bilhões. Na comparação com o quarto trimestre, o resultado recuou 12%.

"Por conta da queda do dólar e do petróleo, o mercado já esperava um resultado menor", explica Vitorio Galindo, analista de investimentos e diretor de análise da Quantzed, casa de análise de Maringá (PR).

Ainda assim, os resultados vieram sólidos e um pouco acima das expectativas para Ruy Hungria, analista da Empiricus Research. Para ele, os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ou Ebitda, na sigla em inglês) superaram o que o os investidores esperavam ao atingir R$ 72,4 bilhões, com uma ligeira queda de 0,8% em relação ao último trimestre de 2022, mesmo com uma desvalorização bem maior do petróleo no período.

Quanto será distribuído aos acionistas?

O que surpreendeu mesmo foi o anúncio dos dividendos. A estatal de petróleo vai pagar R$ 1,89 por ação relativo ao primeiro trimestre, o que equivale a cerca de R$ 24,7 bilhões.

Vão ter direito aos proventos todos os que tiverem ações da companhia até 12 de junho e 14 de junho para os detentores de ADR.

Os dividendos vão ser pagos em duas parcelas de R$ 0,946788 por ação ordinária e preferencial em circulação, no dia 18 de agosto.

A segunda, de R$ 0,946789 por ação, no dia 20 de setembro.

Não sabe se a política de distribuição de lucro será mantida

A empresa, liderada por Jean-Paul Prates, um indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu manter a política de remuneração aos acionistas. O mercado temia que houvesse já agora uma possível alteração diante de críticas do presidente ao pagamento de dividendos e à política de preços de paridade internacional.

"A distribuição está em linha com a política de dividendos que tem sido adotada nos últimos anos, e trouxe um alívio para os investidores que temiam um corte pela nova gestão já neste primeiro trimestre", diz Hungria.

Mas o mercado, mesmo assim, mantém sua preocupação com a estatal para os próximos meses. "A incerteza de mais longo prazo persiste", comenta Luís Moran, diretor da EQI Research.

"Na verdade, a maior probabilidade é de que realmente teremos uma redução na distribuição de dividendos", diz o analista da Empiricus.

A empresa, segundo ele, vai guardar dinheiro para bancar maiores investimentos em energia renovável e refino.

O presidente da Petrobras, tambem afirmou que a estatal vai adotar preços menores para os combustíveis, mas sem se "desgarrar" das cotações do mercado internacional. A declaração foi dada por Prates em entrevista ao jornal O Globo.

Comprar ou não comprar?

Para o Goldman Sachs, é melhor não vender e não comprar. "Apesar da avaliação relativamente barata, reconhecemos o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos", publicou o banco em relatório para investidores.

O Itaú BBA tem a mesma classificação neutra. O banco ressalta que o conselho de administração da Petrobras solicitou que a diretoria executiva elabore uma proposta para modificar a atual política de dividendos, incluindo a possibilidade de recompra de ações, até o final de julho.

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