4 milhões de brasileiros investem em criptos: quais as mais comuns?
O Brasil chegou a mais de 4 milhões de investidores em criptomoedas. É o maior número calculado pela Receita Federal desde que passou a receber declarações de ativos digitais e corretoras com sede no país. O retorno atrativo e a recuperação do bitcoin no começo do ano impulsionaram o crescimento e interesse por esse tipo de investimento.
Mais de 4,13 milhões de CPFs negociaram criptomoedas em julho. É o dado mais recente divulgado. No mês, foram negociados R$ 18,86 bilhões em criptomoedas no total. Desde o começo do ano, já foram negociados R$ 128,87 bilhões. Esse número inclui as negociações feitas por pessoas físicas e jurídicas.
Homens são maioria. Eles representam 84,46% das operações com criptomoedas, enquanto as mulheres dão 15,54%.
Veja a seguir quais são as mais comuns e quais os cuidados que você deve ter ao investir.
Quais os ativos mais populares?
Os dois criptoativos que mais atraem os olhares em todos os mercados, não apenas no Brasil, são o bitcoin e ethereum. Além de serem os mais conhecidos, esses são os projetos mais maduros e que recebem a maior cobertura da mídia, isso acaba atraindo mais atenção dos pequenos investidores, diz João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex.
A stable coin Theter é a mais negociada no Brasil. Depois dela, ganham o Bitcoin, o USC Coin e BRZ, token brasileiro.
A pedido do UOL, Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, selecionou os dez ativos mais negociados no Brasil, segundo os dados da Receita Federal para o ano de 2023, de janeiro a julho.
- Theter (USDT): R$ 109,83 bilhões
- Bitcoin (BTC): R$ 7,63 bilhões
- USC Coin (USDC): R$ 5,18 bilhões
- Brazilian Digital Token (BRZ): R$ 2,67 bilhões
- Ethereum (ETH): R$ 1,69 bilhão
- Polygon (Matic): R$ 300,92 milhões
- Ripple (XRP): R$ 230,27 milhões
- Binance USD (Busd): R$ 217,48 milhões
- Solana (SOL): R$ 154,69 milhões
- Lite Coin (LTC): R$ 150,54 milhões
- Bitcoin Gold (BTG): R$ 108,56 milhões
A performance nos últimos 12 meses foi a seguinte.
- Bitcoin Cash (BCH): 106,42%
- Litecoin (LTC): 21,99%
- Stellar (XLM): 5,18%
- Bitcoin (BTC): 38,70%
- Ethereum (ETH): 23,54%
- Chainlink (Link): -1,11%
- Ethereum Classic (ETC): -43,04%
- Uniswap (UNI): - 32,66%
- Polkadot (DOT): - 36,21%
Fonte: plataforma TradingView pela Binance. Variação dos 12 meses até 28 de setembro, em dólar
Como escolher uma criptomoeda?
Mesmo que seja intuitivo preferir o bitcoin e ethereum pela popularidade, não quer dizer que seja a melhor opção para todo mundo. Essas moedas até podem servir de referência na hora de comparar e avaliar o que faz sentido na carteira de investimentos, diz Bazan.
Decidir onde e como investir é uma tarefa que envolve muitas variáveis. Você precisa entender o seu nível de tolerância ao risco, saber qual é o valor mínimo de aplicação que pode ser feito, data de vencimento, no caso da renda fixa, e retorno esperado. O mesmo vale para os criptoativos, principalmente por terem um alto risco.
O primeiro fator a se considerar é o prazo de investimento. Por serem uma classe muito volátil, é mais aconselhável para investimentos de longo prazo, segundo Cunha.
Já sabendo o que pretende fazer com o dinheiro aplicado, selecione o ativo que mais combina com o seu objetivo. Leve em consideração fatores como volume negociado, capitalização de mercado e tecnologia oferecida.
O perfil de risco do investidor também é importante para determinar qual é a quantidade adequada de criptoativos que ele pode carregar.
João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex
O que saber antes de investir
Veja se a moeda digital está listada nas maiores exchanges, que são as corretoras especializadas em criptomoedas. Depois, confira no site oficial o documento com todas as informações, chamado de whitepaper.
Dedique parte do seu tempo a pesquisar e entender o mercado e o ativo. Mas não se apegue ao histórico da valorização, pois rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Não coloque todo o seu dinheiro, apenas uma quantia que se, caso der errado, não prejudique sua saúde financeira, afirma o analista de criptoativos da Empiricus Research.
Por ser um desafio até para os profissionais do mercado financeiro, a recomendação é não se aventurar sozinho e optar por investimentos passivos. Dá para fazer isso através de índices de referência como o NCI ou fundos ativos liderados por gestores confiáveis. É uma forma de diminuir o risco de tomar decisões sozinho.
Atenção com os golpes
Registro não é obrigatório. As corretoras de criptomoedas não precisam ser registradas e, até o momento, não há uma central de registros para verificar se uma instituição de fato existe. Mas, há meios de confirmar se o analista, especialista ou banco está regulamentado a oferecer esse tipo de investimento, afirma Tatiana Guazzelli, sócia do Pinheiro Neto Advogados e especialista em criptoativos.
Cheque se a instituição é confiável. Verificar a situação da empresa pelo CNPJ no site da Receita Federal, avaliar sites de reclamações de consumidores, como o Reclame Aqui, e ver se a corretora de criptomoedas é associada a entidades de boa reputação, como a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).
Banco Central irá regulamentar mercado. O BC ficou designado como autoridade responsável por regular e supervisionar os prestadores de serviços de ativos virtuais. Em junho deste ano, entrou em vigor uma nova lei que regulamenta os criptoativos, e agora o órgão está preparando a proposta.
Existe uma preocupação com a proteção dos ativos virtuais, a expectativa é que a nova regulamentação também cuide dessa questão e traga regras sobre a manutenção.
Tatiana Guazzelli, sócia do Pinheiro Neto Advogados e especialista em criptoativos
Aulão: Como se aposentar sem depender do INSS
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