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Professor ganha primeiro milhão vendendo DVD de aula de música

Heitor Castro tem três escolas de música, mas ficou rico com a venda de aulas em DVD - Divulgação
Heitor Castro tem três escolas de música, mas ficou rico com a venda de aulas em DVD Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

08/07/2013 06h00

O músico Heitor Castro, 45, é dono de três escolas de música no Rio de Janeiro (RJ) que somam cerca de 500 alunos, mas foi com a venda de aulas gravadas em DVD que ele faturou seu primeiro milhão ano passado.

Desde 2008, ele já vendeu mais de 80 mil DVDs que ensinam a tocar violão, guitarra, piano, bateria e a cantar.

A ideia de usar vídeos para ensinar música surgiu para complementar as aulas presenciais dadas nas escolas Mais que Música.

“Eram lembretes curtos, de onde colocar o dedo no instrumento, por exemplo, para quando o aluno praticasse em casa. Eu colocava o vídeo no YouTube que, naquela época, não permitia vídeos muito grandes”, conta Castro.

A iniciativa fez sucesso entre alunos e não alunos e o professor resolveu gravar DVDs com aulas completas. Os DVDs eram vendidos junto com uma revista na banca de jornal e, por causa do sucesso na terceira edição, ele comprou a editora responsável pela publicação.

“Nos primeiros DVDs, eu só ensinava as batidas. Como tocar rock, bossa nova, bolero”, afirma.

Veja uma aula de Heitor Castro

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Castro é formado no GIT (Guitar Institute of Technology, escola de música em Los Angeles) e já gravou dois CDs , um deles, com a orquestra de cordas de Londres no Abbey Road, estúdio onde bandas famosas, como Beatles e Pink Floyd, já gravaram.

Nas escolas Mais que Música, ele conta que já teve alunos famosos, como Francisco Cuoco, Claudio Heinrich, Marcelo Bonfá e Marjorie Estiano.

Os atores Daniel de Oliveira, Caroline Abras e Roger Gobeth são alunos atuais da escola.

Curso presencial custa sete vezes mais

O curso presencial na Mais que Música custa cerca de R$ 300, mas Castro afirma que o faturamento da escola é pequeno perto do que ganha com a venda de DVDs.

Hoje, é possível comprar os DVDs na loja virtual Mais que Música por R$ 40 cada. O preço é fixo para qualquer aula e qualquer instrumento. Se o frete passar de R$ 6, ele paga a diferença. Castro diz que vende até para o exterior.

Os vídeos são gravados no estúdio que ele tem em casa e o professor cuida de todo o processo, da arte à edição. O único gasto que tem é com a compra do DVD para gravação, que custa R$ 4 cada.

No YouTube, ele divulga trechos das aulas, o que ajuda a atrair compradores. Na internet, são disponibilizados cerca de 15 minutos do conteúdo do DVD.

O DVD completo possui de três horas e meia a quatro horas de duração. Hoje, o canal dele no YouTube tem mais de 15 milhões de acessos, 23 mil inscritos e 379 vídeos.

Segundo Castro, os DVDs e os vídeos no YouTube também ajudam a atrair alunos para a escola. “Nunca pensei que os DVDs pudessem concorrer com os cursos presenciais porque as escolas têm atuações muito locais. Já o DVD é para todos, vendo para Europa, África e até Japão”, diz.

Manter alunos é desafio das escolas de música, e vídeos podem ajudar

Valéria Forte, consultora da CAEM (Central de Apoio às Escolas de Música), diz que, de fato, aulas em vídeo no YouTube ou DVDs ou mesmo revistas que ensinam a tocar música não competem com as escolas tradicionais de música.

“Donos de escolas de música têm que se esforçar para manter os alunos porque, muitas vezes, eles estão empolgados com determinado instrumento, mas depois de alguns meses perdem o interesse. Ferramentas multimídia e atividades como festivais de música e workshops ajudam a mantê-los engajados”, declara.

Ela diz que é importante calcular o número de alunos necessários para que a escola pague seus custos fixos e dê lucro, por isso, o trabalho para atração e retenção de alunos deve ser constante.

“O empreendedor tem que ter em mente que só vai faturar nove meses por ano. Dezembro, janeiro e fevereiro tendem a ser fracos porque são meses de encerramento de aulas no ensino regular”, diz.

Além disso, de acordo com Forte, a maioria das escolas trabalha com professores comissionados. Em média, 35% do valor pago pelo aluno são repassados para o professor, 40% é para o pagamento de despesas da escola e os 25% restantes são para investimentos no negócio e lucro. 

Segundo a consultora, o investimento inicial para uma escola de música varia de acordo com o público-alvo, localização e instrumentos que serão adquiridos. "É difícil calcular um valor médio porque há muita variação entre os instrumentos. Dá para comprar um teclado por R$ 500 ou por R$ 5 mil."