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Banco Central mantém juros em 6,5% ao ano pela 9ª vez seguida

Do UOL, em São Paulo

08/05/2019 18h01Atualizada em 08/05/2019 18h14

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. Esta é a nona reunião seguida em que os juros são mantidos nesse nível. A última alteração na Selic ocorreu em março de 2018, quando a taxa caiu de 6,75% para 6,5% ao ano.

A decisão foi unânime. Com isso, a Selic continua em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos (leia mais abaixo).

No comunicado divulgado após a decisão, o Copom reiterou que "a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".

O Copom também afirmou que os riscos de a inflação subir ou cair permanecem equivalentes. Entre os riscos citados estão a fraqueza da economia, a possibilidade de a reforma da Previdência não ser aprovada e uma eventual piora do cenário externo para economias emergentes, como a brasileira.

"O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração do cenário externo para economias emergentes. O Comitê avalia que, embora o risco associado à ociosidade dos fatores de produção tenha se elevado na margem, o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico", diz o comunicado.

Taxa caiu de 14,25% para 6,5% ao ano

Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic, que foi interrompida em maio do ano passado. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano, patamar mantido desde então.

Juros ao consumidor são mais altos

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. A Selic não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros média do cheque especial subiu em março para 322,7% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 299,5% ao ano, em média.

Poupança rende 4,55% ao ano

Desde setembro de 2017, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).

Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Como a TR atualmente vale zero, o rendimento da poupança equivale hoje a 4,55% ao ano.

Juros x inflação

Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

A meta é manter a inflação em 4,25% este ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 2,75% e 5,75%. Em março, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,58%, dentro da meta do governo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para o mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, vai se manter nesse patamar e fechar 2019 a 4,04%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (6).

Entenda o que é o spread bancário e a relação com os juros que você paga