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Após pesquisa de clima, Gerdau aumenta diversidade e diminui hierarquia

Pesquisas de clima organizacional motivaram a criação de iniciativas de inclusão e diversidade - Ricardo Teles/Gerdau
Pesquisas de clima organizacional motivaram a criação de iniciativas de inclusão e diversidade Imagem: Ricardo Teles/Gerdau

Diogo Antônio Rodriguez

Do UOL, em São Paulo

28/08/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Desde 2014, Gerdau realiza pesquisas de clima organizacional a cada dois anos
  • Avaliações estimularam nova cultura corporativa, com líderes mais acessíveis e decisões mais ágeis
  • Demanda por diversidade gerou novos comitês, programa de estágio para pessoas negras e programas de liderança para mulheres
  • Pesquisa de 2019 viu aumento na avaliação favorável da empresa pelos funcionários: 74%, contra 69% em 2017

Nos últimos seis anos, a Gerdau, gigante da siderurgia com mais de um século de existência, vem passando por uma transformação significativa. "Antes, as pessoas tinham medo de errar. Era uma cultura muito mais amarrada", afirma a head de pessoas e responsabilidade social, Caroline Carpenedo. "Hoje, a empresa é mais colaborativa, diversa e horizontal."

A chave para a mudança foi bem clara: pesquisas constantes de clima organizacional - como a que será usada para definir o Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar, concedido pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e pelo UOL no final deste ano. Empresas podem se inscrever (e realizar uma pesquisa de clima gratuita) no site da FIA.

Na Gerdau, a iniciativa de ouvir os funcionários com regularidade trouxe mudanças visíveis - literalmente. Hoje, por exemplo, todos os diretores sentam juntos, em um escritório aberto. Segundo Carpenedo, foi uma maneira pragmática e também simbólica para a liderança se mostrar "menos hierárquica, mais aberta e mais disposta a investir tempo no desenvolvimento de pessoas", conforme uma necessidade detectada nas pesquisas.

Resultados da pesquisa ajudaram na pandemia

Caroline Carpenedo, head de pessoas e responsabilidade social da Gerdau - Divulgação/Gerdau - Divulgação/Gerdau
Carpenedo: "Não acredito em mudança cultural de uma hora para outra
Imagem: Divulgação/Gerdau
Os processos para mensurar o clima organizacional começaram em 2014. Anualmente, é realizado o chamado "Pulse Check", uma pesquisa mais leve, para compreender a percepção dos colaboradores. A cada dois anos, vem um estudo mais aprofundado, que fornece dados robustos para orientar a gestão de pessoas e a cultura corporativa.

Para Carpenedo, esse compromisso constante é essencial. "Não acredito em quem diz que mudança cultural é possível de uma hora para a outra. É uma jornada que deve ser continuamente trabalhada", avalia. "Você precisa reforçar mensagens e comportamentos, mexer no sistema, nos seus símbolos", diz.

Para tornar a liderança mais acessível, por exemplo, foram realizadas sessões de coaching, mentoria e workshops. O objetivo era preparar os gestores para iniciar e conduzir tanto as conversas fáceis quanto as difíceis, criando um ambiente "com mais autonomia para a tomada de decisão", segundo Carpenedo.

Graças às pesquisas e a esta nova mentalidade, a Gerdau já vinha realizando experiências de home office. Quando a pandemia de covid-19 chegou ao país, a empresa estava muito mais preparada. "Não foi difícil entender como trabalhar nesse contexto, porque a confiança já estava estabelecida. Já havia uma segurança psicológica para que as pessoas pudessem [fazer essa transição]", explica.

Uma empresa mais inclusiva - e com maior aprovação

Funcionários no escritório central da Gerdau, em São Paulo - Ricardo Teles/Gerdau - Ricardo Teles/Gerdau
Funcionários em São Paulo: 95% deseja continuar na empresa
Imagem: Ricardo Teles/Gerdau
Outra demanda detectada nas pesquisas era por políticas de diversidade mais estruturadas. "Em 2017, nos demos contas de que precisávamos dar esse próximo passo. Até então, não debatíamos esse assunto com profundidade", relembra Carpenedo.

Naquele ano, foi criado o primeiro Comitê de Diversidade, que realizou treinamentos de viés inconsciente e de liderança inclusiva com os colaboradores. "Também criamos quatro grupos de afinidades: gênero, raça, PcD e LBGT+. Abrimos para toda a população da companhia que quisesse participar. Tivemos mais de 100 voluntários", afirma.

Desde então, a Gerdau estabeleceu um programa de estágio exclusivo para pessoas negras, novos processos de seleção às cegas e um programa de liderança voltado às mulheres. Os resultados vieram: em 2017, mulheres totalizavam 38% dos estagiários e 24% das aprendizes. Em 2019, subiram para 46% e 37%, respectivamente. Em posições administrativas, já são 34% e, na liderança, 18%. O número de mulheres que saíram da empresa após a licença-maternidade caiu de 28% em 2018 para 5% em 2019. Os negros compõem 32% do quadro de funcionários e 15% das lideranças. PcDs representam 2%. A promessa é ampliar ainda mais. "Hoje, temos uma diversidade muito maior e continuamos trabalhando nisso", afirma Carpenedo.

Como consequência desse processo de escuta e diálogo com os funcionários, os índices de aprovação da empresa nas próprias pesquisas de clima têm subido regularmente. Em 2017, 69% dos colaboradores viam a Gerdau favoravelmente. Na pesquisa mais recente, de 2019, o valor chegou a 74%. O desejo de continuar trabalhando na companhia é de 95%.

Carpenedo e sua equipe já se preparam para a próxima grande pesquisa de clima, a ser realizada no ano que vem. "Cada transformação vai criando um solo fértil para outras transformações", acredita. "Colaboradores que saíram da Gerdau e vêm nos visitar dizem que a gente parece outra empresa".

O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que vai medir o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. As inscrições estão abertas até o dia 12/9 e podem ser feitas, gratuitamente, no site da pesquisa FIA Employee Experience.