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Bolsonaro reafirma mudanças na Petrobras, apesar de mercado reagir mal

Bolsonaro participa de evento no reservatório de Barro Branco, em Sertânia (PE); durante a agenda, ele reafirmou que a Petrobras sofrerá mudanças - Adalberto Marques/MDR/Divulgação
Bolsonaro participa de evento no reservatório de Barro Branco, em Sertânia (PE); durante a agenda, ele reafirmou que a Petrobras sofrerá mudanças Imagem: Adalberto Marques/MDR/Divulgação

Do UOL, em São Paulo*

19/02/2021 12h17Atualizada em 19/02/2021 16h24

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), reafirmou hoje que pretende fazer mudanças na Petrobras, apesar da reação negativa do mercado às críticas feitas ontem durante sua live à política de preços de combustíveis da empresa. Ele não foi específico sobre quais alterações planeja na companhia.

As ações da Petrobras operaram em queda hoje. Por volta das 13h, a ação preferencial da Petrobras, com prioridade na distribuição de dividendos, caía 5,02%, enquanto a ação ordinária, com direito a voto em assembleia, recuava 6,22%. O Ibovespa perdia 0,38%, a 118.751,73 pontos.

Repetindo o teor de seu posicionamento de ontem, Bolsonaro disse que nada mudou em suas intenções. Ele participou do acionamento das comportas do Ramal do Agreste no reservatório de Barro Branco, em Sertânia (PE).

Anuncio que teremos mudança sim na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preço. Mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes. Faça-os, mas com previsibilidade. É isso que queremos.
presidente Jair Bolsonaro

Segundo a agência de notícias Reuters, as pressões públicas de Bolsonaro têm como intuito a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Ontem, o presidente afirmou na transmissão que "obviamente" vai ter consequência a fala de Castello Branco, que dias atrás havia dito que a ameaça de greve de caminhoneiros não era problema da empresa.

Na véspera, a Petrobras anunciou reajustes no preço do diesel e da gasolina. Bolsonaro reafirmou que pretende fazer mudanças para controlar a situação dos combustíveis.

"Decidimos que nos próximos dois meses iremos zerar também os impostos federais em cima do diesel. Nestes dois meses teremos medidas que possam causar conforto na questão de combustíveis no Brasil", disse.

Bolsonaro não foi específico em relação às mudanças, mas disse que vai exigir transparência em relação ao assunto.

"Se lá fora aumenta o barril do petróleo e aqui o dólar está alto, sabemos das suas repercussões no preço do combustível. Mas isso não vai continuar sendo um segredo de estado. Exijo e cobro transparência de todos aqueles que tenho responsabilidade de indicar", disse.

O presidente não explicou qual seria a contrapartida de arrecadação para a União sem a cobrança dos impostos. O Ministério da Economia não se manifestou sobre o assunto.

Aumento dos combustíveis

A Petrobras confirmou ontem o reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel em suas refinarias, que ficarão R$ 0,23 e R$ 0,34 mais caros a partir de hoje. Com mais esse reajuste, o litro da gasolina passará a custar R$ 2,48 e o do diesel, R$ 2,58. Porém este não é o preço que chega ao consumidor.

Em comunicado, a companhia enfatizou que mantém os seus preços alinhados aos do mercado internacional, o que, segundo a estatal, "é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras".

A opção do governo para baixar o preço é mexer nos impostos. O governo federal, no entanto, só é responsável por Cide, PIS/Pasep e Cofins. O ICMS é de competência estadual.

No caso do diesel, segundo informações da Petrobras, 23% do preço correspondem a tributos: 14% de ICMS e mais 9% de PIS/Pasep e Cofins.

*Com informações da Reuters.