Há vagas: conheça setores que estão contratando na pandemia
Setores da economia como o e-commerce, TI, construção civil e saúde hospitalar registraram aumento nas contratações desde o início da pandemia. Este crescimento ocorreu num período em que a maioria das empresas teve de demitir em vez de contratar. Segundo a PNAD (Pesquisas Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, o Brasil registrou recorde de desemprego em 2020, com 13,4 milhões de desempregados - taxa média de 13,5%.
Na contramão da crise econômica e sanitária, por exemplo, o empresário Ricardo Zanlorenzi viu seu empreendimento crescer. Além de fechar 2020 em alta, o negócio iniciou 2021 com 17 contratações e expectativa de incluir mais dez funcionários na folha de pagamento até o fim deste ano. O atual cenário é fruto de uma recuperação inesperada: entre março e julho de 2020, Zanlorenzi teve contratos de serviços renegociados e cancelados, derrubando o faturamento em 30% no pior momento.
Zanlorenzi teve a "sorte" de que a empresa que ajudou a fundar, a Nexcore, atua na área de tecnologia, com serviços de customização no atendimento ao cliente - nicho que cresceu no contexto da pandemia. "Tivemos um desempenho que não estava dentro do planejado para 2020. Fizemos, então, uma releitura do cenário, ajustamos as projeções para 2021 e esperamos crescer 35% em relação ao ano passado", diz Zanlorenzi, CEO da Nexcore. O setor teve crescimento em meio à crise sanitária justamente pelas mudanças de hábitos exigidas pelo contexto: mais compras online e mais demanda tecnológica para esse setor.
"As empresas precisaram se adaptar para sobreviver à pandemia, então houve um processo de digitalização", explica José Tortato, gerente de negócios do Banco Nacional de Empregos. "O setor de TI teve alta de contratações de 20% no primeiro trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano anterior", completa. As vagas mais ofertadas foram: desenvolvedor java, técnico de informática, analista de sistema, analista de suporte e desenvolvedor front-end.
Trabalho remoto aquecendo a economia
Para ilustrar o tamanho da onda que a Nexcore e outras empresas ligadas ao comércio online surfaram em 2020, o comércio virtual cresceu 75% no ano passado, de acordo com dados da MasterCard. Um efeito imediato dessa expansão é o aumento nos quadros de funcionários das lojas para atender a clientela crescente e das empresas de entrega para distribuir os produtos.
Nesse dominó da economia, o setor de logística também fugiu das estatísticas negativas da pandemia. "As pessoas começaram a consumir mais de casa, isso aqueceu o e-commerce, que puxou outros setores, como o delivery, e outros que fazem o abastecimento de toda a cadeia de suprimento das empresas", justifica Tortato. As vagas de emprego aumentaram 31% na comparação entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021, com maior demanda para as funções de motorista (de delivery e veículos leves), estoquista, operador de empilhadeira, entregador e motorista de caminhão.
Outro setor que se beneficiou com mais gente trabalhando em casa foi o da construção civil. "Muita gente descobriu que a casa não estava tão preparada assim para o home office, e buscou reformar os ambientes internos", diz Tortato. "Isso gerou uma maior demanda de pedreiros, técnicos em segurança do trabalho, serventes de obra, pintores e inspetores de qualidade", complementa.
Outro ponto importante para o aquecimento das ofertas de trabalho na construção civil é que as taxas de juros caíram - a Selic chegou ao índice recorde de 2%. E isso levantou os financiamentos imobiliários. Com tanta demanda, o setor de construção civil contratou 47% a mais no primeiro trimestre de 2021, do que no mesmo período de 2020.
Saúde em alta
Com centenas de milhares de vítimas da covid-19 e infectados na casa das dezenas de milhões, a crise sanitária exigiu a construção de novos hospitais e a contratação de mais profissionais para lidar com a alta procura por atendimentos e internações. Houve uma alta de 17% em contratações nos primeiros meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Principalmente em busca de técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas.
Só em um novo hospital, com pouco mais de 200 leitos, construído dentro da Universidade Nove de Julho (Uninove) em São Paulo, 800 funcionários foram contratados. E esse é só um dos 10 hospitais construídos pela prefeitura paulistana desde o começo da pandemia.
"Para cada novo hospital, precisamos de 200 a 300 médicos, além de todo o corpo de enfermagem e de outros profissionais, como fonoaudiólogos, psicólogos", explica Nacime Salomão Mansur, superintendente da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), entidade filantrópica que atua na prestação e gestão de serviços de saúde em todo o Brasil.
Segundo dados divulgados pelo jornal Valor Econômico, entre março e junho de 2020, a SPDM aparecia na quarta posição entre as empresas que mais contrataram - com um saldo positivo de 4,2 mil vagas entre admissões e demissões. "Fomos chamados para vários projetos [o da Uninove foi um deles], para aumentar o número de leitos, enfermarias e UTIs. E, nesses processos, contratamos muita gente", relata Mansur.
Muita gente mesmo. Entre 2020 e 2021, SPDM aumentou suas contratações em 20%. E, infelizmente, como a pandemia ainda não perdeu força no Brasil, a expectativa é que o setor siga aquecido, com mais vagas disponíveis.
O Prêmio Lugares Incríveis Para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da FIA para reconhecer as empresas que têm as melhores práticas em gestão de pessoas. Os vencedores são definidos a partir da pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), que mede a qualidade do ambiente de trabalho, a solidez da cultura organizacional, o estilo de atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. As inscrições para a edição 2021 estão abertas e vão até 15 de junho.
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