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O que pré-candidatos a presidente já falaram de Petrobras e combustíveis?

Ideias dos candidatos vão de privatizar a Petrobras a mudar política de preços da estatal - Fernando Frazão/Agência Brasil
Ideias dos candidatos vão de privatizar a Petrobras a mudar política de preços da estatal Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Giulia Fontes

Do UOL, em São Paulo

14/02/2022 04h00Atualizada em 14/02/2022 11h29

O preço dos combustíveis tem gerado cobranças ao presidente Jair Bolsonaro (PL), por causa do impacto no bolso dos consumidores. A Petrobras é parte importante desse cenário, já que uma fatia significativa do preço dos combustíveis é destinada à empresa. O que os pré-candidatos a presidente da República pretendem fazer com a empresa e sua política de preços?

O UOL buscou declarações públicas a respeito da Petrobras feitas pelos cinco concorrentes mais bem colocados na última pesquisa Datafolha. A reportagem pediu um posicionamento da Petrobras a respeito das falas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Os candidatos foram listados de acordo com sua posição na pesquisa. Veja abaixo o que eles já disseram sobre a Petrobras:

Lula (PT)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que pretende interferir na política de preços da Petrobras. O chamado PPI (Preço de Paridade de Importação) foi instituído pela companhia em 2016. A política prevê que os preços cobrados pela Petrobras no mercado interno acompanhem variações no mercado internacional, em dólar.

Desde então, a empresa, que antes registrava prejuízos, passou a contabilizar lucros.

No ano passado, essa foi a principal fonte de aumento dos combustíveis, já que dólar e petróleo estavam em alta. No início de 2022, o aumento do preço do petróleo já faz importadoras pressionarem a Petrobras a realizar um novo reajuste dos derivados no mercado interno.

Em uma entrevista à Rede de Rádios do Paraná (RDR), Lula afirmou que, se for eleito, não manterá os preços vinculados ao mercado internacional.

Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu acho que os acionistas de Nova York, os acionistas do Brasil, têm direito de receber dividendos quando a Petrobras der lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro.
Lula

Jair Bolsonaro (PL)

O presidente já fez afirmações diversas em relação à estatal. Em 2018, ainda como pré-candidato, Bolsonaro disse que existia a possibilidade de privatização da Petrobras, mas que ele era "pessoalmente contra".

"Eu entendo que a Petrobras é estratégica. Por isso eu não gostaria de privatizá-la, esse é o sentimento meu. Então é o recado que eu dou para o pessoal da Petrobras: vamos ajudar a buscar uma solução", disse.

Ao longo do mandato, porém, Bolsonaro mudou de ideia. No ano passado, o presidente afirmou que tinha vontade de privatizar a empresa, chamando-a de "monstrengo". Ele também disse que pretendia revisar a política de preços da estatal.

No mês passado, após aumento no preço dos combustíveis, Bolsonaro afirmou que, "se pudesse, ficaria livre da Petrobras".

Alguém acha que eu sou o malvadão, que foi aumentado o preço da gasolina e do diesel ontem porque sou o malvadão? Primeiro que não tenho controle sobre isso. Se pudesse, ficaria livre da Petrobras.
Jair Bolsonaro

Sérgio Moro (Podemos)

O ex-juiz já defendeu privatizar não só a Petrobras como "todas as estatais". Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a Petrobras é "uma empresa atrasada", pois vive da exploração de petróleo —que, de acordo com Moro, deve ser abandonado no resto do mundo em prol de fontes de energia limpa. A assessoria de imprensa do pré-candidato nega que ele tenha dito que a empresa é atrasada e afirma que a fala se referia à discussão em torno do tema.

No ano passado, Moro já havia dito, em entrevista à rede de TV CNN, que não tem "nenhum problema" em privatizar a Petrobras.

Se do ponto de vista econômico fizer sentido a privatização da Petrobras, se isso gerar eficiência para a economia, a decisão tem que ser tomada.
Sérgio Moro

À época, porém, ele disse que não era possível "fazer uma afirmação categórica" a respeito do assunto. Segundo Moro, seriam necessários estudos para comprovar que esse é o melhor caminho. "Política pública tem que ser baseada em evidências, fatos, ciência. E isso tem faltado, lamentavelmente, nos últimos tempos no Brasil", disse.

Ciro Gomes (PDT)

Ciro já criticou os lucros da Petrobras, afirmando que números positivos da estatal eram "um tapa na cara de cada brasileiro e uma apunhalada profunda no coração dos mais pobres".

O pré-candidato é contra uma possível privatização da estatal. "Temos, sim, que tomá-la de volta e colocá-la no seu verdadeiro rumo, que é o de gerar riqueza e bem-estar ao povo brasileiro", já afirmou Ciro.

Quando questionado sobre uma possível privatização da Petrobras pelo governo Bolsonaro, antes das eleições, Ciro disse que "toma a empresa" de volta.

Se venderem, eu tomo de volta com as devidas indenizações. O que Bolsonaro e Guedes planejam, com essa absurda política de preços de combustíveis, é, nada menos, que a privatização da Petrobras. (...) De um lado, [querem] tornar a Petrobras queridinha dos mercados internacionais. De outro, torná-la antipática ao povo brasileiro.
Ciro Gomes

Procurados pelo UOL, a Presidência da República e o Ministério da Economia não comentaram.

João Doria (PSDB)

Atual governador de São Paulo, Doria já disse que, se eleito presidente, pretende privatizar a companhia "para que ela seja mais competitiva".

Segundo ele, a ideia é dividir a empresa "em três ou quatro" para a privatização. Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Doria disse que o plano incluiria, ainda, a criação de um fundo de estabilização para o preço dos combustíveis.

Haverá uma modelagem benfeita e profunda para garantir que a Petrobras possa cumprir um novo papel em sua história nas mãos da economia privada. Ela não terá o mesmo tamanho que tem hoje. Será fatiada. As empresas que vencerem o leilão terão que mensalmente aportar recursos a um fundo de compensação que será um colchão a cada vez que tivermos aumentos mais expressivos no barril de petróleo no plano internacional.
João Doria