Americanas pedem extensão de recuperação judicial nos EUA
As Americanas apresentaram hoje um pedido de extensão aos Estados Unidos dos efeitos de proteção da sua recuperação judicial.
- Esse processo é conhecido como "Chapter 15", segundo um documento judicial.
- A intenção da empresa é blindar os ativos das Americanas existentes nos EUA, assim como feito no Brasil.
Na última quinta-feira (19), a varejista teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela justiça brasileira.
Em nota, a empresa disse que pediu "notadamente a suspensão de pagamentos a credores", falando que os efeitos de proteção estão "assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil, o que é chamado de Chapter 15".
Hoje pela manhã, foi divulgada uma lista com os débitos e credores das Americanas. O documento foi entregue à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Ao total, a empresa declara uma dívida de R$ 41,2 bilhões a 7.967 nomes.
- Ao todo, as Americanas devem R$ 41.231.076.111,35 -- desse total, R$ 109.484.866,54 se referem a micro e pequenas empresas; R$ 64.842.121,99 são créditos trabalhistas e R$ 41.056.749.122,82 são créditos quirografários (crédito sem garantia);
- Bancos, empresas de tecnologia e até fabricantes de chocolate aparecem no documento --as Americanas dizem ser "a maior varejista de ovos de Páscoa do mundo" e usou esse argumento no pedido de recuperação judicial;
- Um dos credores das Americanas é a Ambev, que pertence aos mesmos acionistas da varejista, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. A dívida é de R$ 4,1 milhões;
- Outra dívida expressiva é com a B2W Lux, empresa que atua como marketplace das Americanas, no total de R$ 3,2 bilhões.
Veja outros nomes e valores
Bancos
- Deutsche Bank: R$ 5,2 bilhões
- Bradesco: R$ 4,5 bilhões
- BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões
- Itaú Unibanco: R$ 2,7 bilhões
- Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
- Safra: R$ 2,5 bilhões
- Santander (Brasil): R$ 3,6 bilhões
- Votorantim: R$ 3,2 bilhões
- Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões
Empresas de tecnologia
- Google: R$ 94 milhões
- Apple: R$ 98 milhões
- Facebook: R$ 11 milhões
Fabricantes de chocolates
- Nestlé: R$ 259 milhões
- Mondelez: R$ 97 milhões
- Neugebauer: R$ 15 milhões
- Hershey: R$ 16,7 milhões
Fabricantes de eletros
- Samsung: R$ 1,2 bilhão
- Semp: R$ 70 milhões
- LG: R$ 52,8 milhões
- Lenovo: R$ 31 milhões
- Dell: R$ 36,8 milhões
A crise das Americanas foi anunciada em 11 de janeiro, quando o então presidente Sérgio Rial revelou um rombo de R$ 20 bilhões no balanço das Americanas e renunciou.
Veja, a seguir, a retrospectiva sobre o caso.
- 12 de janeiro: Segundo a empresa, menos de seis horas depois da divulgação do problema, credores já haviam cobrado o pagamento antecipado das dívidas, "fechando as portas para qualquer tipo de negociação";
- 13 de janeiro: a Justiça do Rio de Janeiro deu 30 dias para que as Americanas decidissem se pediriam recuperação judicial, protegendo temporariamente a empresa dos credores;
- Em paralelo, agências de classificação de risco rebaixaram a nota das Americanas. Na S&P, a varejista passou para "D", de "default" (calote);
- 18 de janeiro: o BTG Pactual conseguiu na Justiça bloquear R$ 1,2 bilhão das Americanas. Outros bancos também iniciaram uma batalha jurídica contra a varejista;
- 19 de janeiro: pela manhã, a empresa disse ter apenas R$ 800 milhões em caixa. À tarde, protocolou um pedido de recuperação judicial, declarando dívidas de R$ 43 bilhões com 16.300 credores;
- A Justiça do Rio aceitou o pedido no mesmo dia, e determinou que os bancos Votorantim, Bradesco, Safra e Itaú sejam intimados a cumprir a liminar do dia 13, que protegia as Americanas;
- 21 de janeiro: em comunicado aos consumidores, as Americanas negam que vão falir e dizem seguir operando "normalmente";
- 22 de janeiro: os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas das Lojas Americanas, se pronunciaram pela primeira vez desde 11 de janeiro e disseram que "jamais" tiveram "conhecimento" do rombo da companhia;
- 23 de janeiro: a companhia contrata a empresa de consultoria A&M (Alvarez & Marsal), que teve entre seus funcionários o ex-ministro, ex-juiz e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR). Ela atuará na reestruturação da empresa;
- 24 de janeiro: os bancos Santander e Safra pedem à Justiça a suspensão da recuperação judicial das Americanas, mas recursos são negados.
*Com Reuters
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