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Americanas pedem extensão de recuperação judicial nos EUA

Fachada de loja Americanas Express na região central de São Paulo - Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo
Fachada de loja Americanas Express na região central de São Paulo Imagem: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo

Do UOL*, em São Paulo

25/01/2023 17h17Atualizada em 25/01/2023 19h05

As Americanas apresentaram hoje um pedido de extensão aos Estados Unidos dos efeitos de proteção da sua recuperação judicial.

  • Esse processo é conhecido como "Chapter 15", segundo um documento judicial.
  • A intenção da empresa é blindar os ativos das Americanas existentes nos EUA, assim como feito no Brasil.

Na última quinta-feira (19), a varejista teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela justiça brasileira.

Em nota, a empresa disse que pediu "notadamente a suspensão de pagamentos a credores", falando que os efeitos de proteção estão "assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil, o que é chamado de Chapter 15".

Hoje pela manhã, foi divulgada uma lista com os débitos e credores das Americanas. O documento foi entregue à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

Ao total, a empresa declara uma dívida de R$ 41,2 bilhões a 7.967 nomes.

  • Ao todo, as Americanas devem R$ 41.231.076.111,35 -- desse total, R$ 109.484.866,54 se referem a micro e pequenas empresas; R$ 64.842.121,99 são créditos trabalhistas e R$ 41.056.749.122,82 são créditos quirografários (crédito sem garantia);
  • Bancos, empresas de tecnologia e até fabricantes de chocolate aparecem no documento --as Americanas dizem ser "a maior varejista de ovos de Páscoa do mundo" e usou esse argumento no pedido de recuperação judicial;
  • Um dos credores das Americanas é a Ambev, que pertence aos mesmos acionistas da varejista, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. A dívida é de R$ 4,1 milhões;
  • Outra dívida expressiva é com a B2W Lux, empresa que atua como marketplace das Americanas, no total de R$ 3,2 bilhões.

Veja outros nomes e valores

Bancos

  • Deutsche Bank: R$ 5,2 bilhões
  • Bradesco: R$ 4,5 bilhões
  • BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões
  • Itaú Unibanco: R$ 2,7 bilhões
  • Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
  • Safra: R$ 2,5 bilhões
  • Santander (Brasil): R$ 3,6 bilhões
  • Votorantim: R$ 3,2 bilhões
  • Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões

Empresas de tecnologia

  • Google: R$ 94 milhões
  • Apple: R$ 98 milhões
  • Facebook: R$ 11 milhões

Fabricantes de chocolates

  • Nestlé: R$ 259 milhões
  • Mondelez: R$ 97 milhões
  • Neugebauer: R$ 15 milhões
  • Hershey: R$ 16,7 milhões

Fabricantes de eletros

  • Samsung: R$ 1,2 bilhão
  • Semp: R$ 70 milhões
  • LG: R$ 52,8 milhões
  • Lenovo: R$ 31 milhões
  • Dell: R$ 36,8 milhões

A crise das Americanas foi anunciada em 11 de janeiro, quando o então presidente Sérgio Rial revelou um rombo de R$ 20 bilhões no balanço das Americanas e renunciou.

Veja, a seguir, a retrospectiva sobre o caso.

  • 12 de janeiro: Segundo a empresa, menos de seis horas depois da divulgação do problema, credores já haviam cobrado o pagamento antecipado das dívidas, "fechando as portas para qualquer tipo de negociação";
  • 13 de janeiro: a Justiça do Rio de Janeiro deu 30 dias para que as Americanas decidissem se pediriam recuperação judicial, protegendo temporariamente a empresa dos credores;
  • Em paralelo, agências de classificação de risco rebaixaram a nota das Americanas. Na S&P, a varejista passou para "D", de "default" (calote);
  • 18 de janeiro: o BTG Pactual conseguiu na Justiça bloquear R$ 1,2 bilhão das Americanas. Outros bancos também iniciaram uma batalha jurídica contra a varejista;
  • 19 de janeiro: pela manhã, a empresa disse ter apenas R$ 800 milhões em caixa. À tarde, protocolou um pedido de recuperação judicial, declarando dívidas de R$ 43 bilhões com 16.300 credores;
  • A Justiça do Rio aceitou o pedido no mesmo dia, e determinou que os bancos Votorantim, Bradesco, Safra e Itaú sejam intimados a cumprir a liminar do dia 13, que protegia as Americanas;
  • 21 de janeiro: em comunicado aos consumidores, as Americanas negam que vão falir e dizem seguir operando "normalmente";
  • 22 de janeiro: os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas das Lojas Americanas, se pronunciaram pela primeira vez desde 11 de janeiro e disseram que "jamais" tiveram "conhecimento" do rombo da companhia;
  • 23 de janeiro: a companhia contrata a empresa de consultoria A&M (Alvarez & Marsal), que teve entre seus funcionários o ex-ministro, ex-juiz e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR). Ela atuará na reestruturação da empresa;
  • 24 de janeiro: os bancos Santander e Safra pedem à Justiça a suspensão da recuperação judicial das Americanas, mas recursos são negados.

*Com Reuters