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Sexta-feira 13: Confira de que investimentos você precisa manter distância

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/08/2021 15h18

Mais do que descer da cama com o pé esquerdo ou passar debaixo da escada numa sexta-feira 13, o que pode trazer maus agouros para o investidor são escolhas ruins. E o mercado está cheio delas, à espreita de qualquer desavisado. Contar só com sal grosso, dentes de alho ou pimenta dedo-de-moça não vai proteger contra investimentos que são incapazes de derrotar a inflação ou, pior, causar perdas volumosas de dinheiro.

Especialistas ouvidos pelo UOL indicaram os 12 investimentos que provocam arrepios e dos quais o investidor deve manter distância. Alguns podem ser sempre sinal de azar, outros vivem apenas um momento obscuro e podem oferecer melhor sorte em um momento diferente. Veja abaixo quais são eles.

1. Poupança

Para Mauro Calil, professor e fundador da Academia do Dinheiro, um dos investimentos ruins, há algum tempo, é a caderneta de poupança.

"A poupança não tem rentabilidade nenhuma. Historicamente, ela perde da inflação, então, não é uma boa ideia", afirma o professor.

Atualmente, a poupança remunera 70% da taxa básica de juros, a Selic, que está em 5,25% ao ano, o que resulta em uma rentabilidade anual abaixo de 4%, lembra Gustavo Pitta, educador financeiro da Xpeed School.

"Considerando os níveis de inflação projetados para 2021, acima de 7%, o investidor que deixar suas economias na poupança estará perdendo poder de compra. É para ficar longe", diz.

2. Tesouro prefixado

Quem perdeu a luz que teve até pouco tempo foi o Tesouro Prefixado, um dos títulos do Tesouro Direto. Calil alerta que essa opção é boa entre as de renda fixa quando os juros estão caindo porque permite que o investidor consiga se adiantar às remarcações de preço ao mercado e ganhar dinheiro com isso.

"Agora, com os juros subindo, o Tesouro Prefixado tende a perder valor, é o movimento contrário", diz.

Em julho, dentre os títulos prefixados disponíveis para o investidor no Tesouro Direto, a queda foi de 0,87% a 1,45%.

3. Tesouro Selic

O Tesouro Selic é outra opção do Tesouro Direto que não tem sido favorecido pelo cenário atual.

Calil explica que essa opção não tem oferecido ao investidor rentabilidade suficiente para cobrir o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice que mede a inflação oficial do país.

A taxa Selic está em 5,25% ao ano, enquanto a inflação está batendo na casa dos 8,9%.

"Isso é muito ruim por motivos óbvios: você está perdendo poder de compra, mesmo que o dinheiro cresça, ele não vai acompanhar o valor das mercadorias", afirma

4. Câmbio

Investir na diferença entre o real e o dólar pode ser um problema por conta das incertezas no mercado internacional e na política interna, é o que aponta Evandro Bertho, fundador da Nau Capital.

"Inflação e incertezas institucionais no Brasil, além da desaceleração da economia chinesa, o avanço da variante delta pelo mundo e a inflação nos EUA, preocupação potencializada pelos pacotes agressivos do governo Biden, sugerem cautela em alocações nos ativos que ofereçam alta volatilidade, como o mercado cambial", afirma.

5. Opções binárias

São operações assim chamadas porque só há duas possibilidades, perda ou ganho, sempre com valor fixado em caso de lucro ou prejuízo.

Rodrigo Sivieri, professor na Trevisan Escola de Negócios, explica que essa opção é puramente especulativa porque tenta prever a curva de desempenho de ativos.

"Eu vejo mais como uma aposta, não deve nem ser chamada de investimento. Se você coloca R$ 100 e tudo dá certo, você ganha R$ 90, mas se tudo der errado você perde os R$ 100", afirma.

Além desses riscos, também é preciso levar em conta que não há garantias porque essa modalidade não é regulamentada no Brasil. O aporte só pode acontecer por meio de conta internacional e está fora dos cuidados das autoridades nacionais.

6. Forex

Entre as opções binárias estão as negociações entre moedas, negociadas por meio de um mercado conhecido como Forex, que é proibido de ser acessado no Brasil, como definiu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas que pode ser acessado via corretoras estrangeiras.

Esse mercado funciona 100% no ambiente virtual e os participantes negociam moedas sempre em dupla, ganhando ou perdendo conforme a variação cambial entre elas.

O perigo está no alto risco dessas negociações e no fato de o investidor estar muito exposto a fraudes.

"O Forex é muito arriscado e de liquidez duvidosa. Eu não recomendaria também porque é preciso mandar dinheiro para o exterior", afirma Calil.

"Não há como verificar se o lugar para o qual o dinheiro foi enviado existe e a confiabilidade de quem deve operar o dinheiro. E na hora de sacar, se o dinheiro não vem, não tem com quem reclamar", diz.

7. Altcoins

Calil destaca também as chamadas alternative coins ou criptomoedas alternativas que prometem oferecer melhores condições de transação que a pioneira Bitcoin.

"É preciso tomar muito cuidado com as promessas de rendimento absurdo em muitos desses ativos, principalmente desses mais desconhecidos", alerta o professor, já que, na teoria, qualquer pessoa que tenha conhecimento sobre programação e blockchain pode criar uma criptomoeda, o que facilita muito a propagação de ativos fraudulentos ou sem liquidez.

8. Derivativos

Contratos de índices, de dólar ou de commodity compõem algumas das possibilidades de derivativos, um mercado apontado por Sivieri como muito arriscado.

Essa opção é utilizada principalmente pelo agronegócio para proteger o preço de commodities, "mas há quem acesse para especular, principalmente em day trade, por conta da alavancagem", afirma.

Se o contrato tiver uma queda mínima, o investidor pode perder todo o seu dinheiro. "Se você entra para especular, é como se você jogasse uma moeda para cima, você tem 50% de chance de dar certo", diz.

9. Fundos de renda fixa com altas taxas de administração

O comportamento passivo é o que faz pessoas perderam dinheiro em casos como fundos de renda fixa com altas taxas de administração, alerta Pitta, da Xpeed.

"É preciso entender as taxas cobradas, a rentabilidade real de cada fundo e comparar. Muitos investidores deixam suas aplicações em fundos que basicamente investem em títulos do governo, cobram altas taxas de administração e por consequência rendem menos que poupança", afirma.

Além disso, esses fundos podem remunerar abaixo do CDI, o que significa rentabilidade baixa em relação a outras opções no mercado, alerta o especialista.

10. Títulos de capitalização

Títulos de capitalização são produtos oferecidos pelos bancos como investimentos ao pequeno e médio poupador, mas na realidade não são investimentos.

Nessa modalidade, a pessoa paga um valor mensal para concorrer a prêmios, e, segundo Pitta, "ela fica presa a uma carência mínima, em muitos casos. E quando rende, o retorno é menor que o da poupança".

11. Consórcios

Outro produto vendido como investimento, mas que não é investimento e, sim, um crédito. Os consórcios são instrumentos que podem auxiliar o poupador a conquistar um sonho como a casa própria ou um carro.

"São muito parecidos com os títulos de capitalização", afirma Pitta. "O poupador concorre a sorteios de bens, podendo amortizar parcelas via lances, aumentando a chance de ser contemplado, mas a melhor opção é investir em algo mais rentável e, ao final do investimento, adquirir o bem", diz.

12. Fundos de Previdência

Há fundos bons e fundos ruins. É para manter distância de fundos de previdência com histórico de renderem abaixo do CDI.

Assim como os demais fundos de renda fixa com essa característica, esses fundos são desaconselhados para o investimento por não oferecerem rentabilidade ao menos comparável aos melhores investimentos conservadores, alerta Pitta.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.