Os juros estão altos: a taxa Selic está hoje em 13,75% ao ano. O que isso muda para o meu bolso e na hora de investir? No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, a planejadora financeira Vivian Rodrigues diz que a Selic alta influencia não só suas aplicações, mas também financiamentos, crédito consignado, etc. Ela diz quais investimentos têm relação direta com a Selic.
É interessante observar que esse indicador tem influências diferentes para quem é investidor e para quem está endividado, declara.
Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo do dia 4 de agosto, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido semanalmente, às quintas-feiras, das 16h às 17h.
Sinais do Copom
A taxa Selic é definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central. É uma ferramenta para conter a inflação no país.
Vivian diz que, ao divulgar a nova taxa, o Copom sempre emite sinais sobre possíveis novos ajustes na Selic no futuro.
"O Copom sempre indica novos movimentos, em função da inflação no país e no mundo, juros subindo em outros países, o risco fiscal no Brasil, entre outros pontos. O Copom indica que a Selic deve ficar nessa faixa mais alta até a metade do próximo ano. Não são certezas; são projeções", diz. A próxima reunião do Copom será no dia 21 de setembro.
Quais investimentos se beneficiam com a alta da Selic?
Existem investimentos que têm relação muito direta com a taxa Selic, como o Tesouro Selic ou títulos privados pós-fixados atrelados ao CDI. O CDI é uma taxa que acompanha a Selic. "Se você tem títulos atrelados à Selic, essa nova taxa de juros vai passar a valer essas aplicações ao longo do período", afirma.
Mas, atenção: a nova taxa não vai valer desde o momento em que você começou a investir. "É como se esse juro de 13,75% ao ano fosse quebrado diariamente, e a cada dia o seu investimento vai render conforme a taxa Selic daquele período. Se a taxa Selic anual sobe, naturalmente essa sua referência diária também sobe", afirma.
Outro exemplo de investimento impactado com a alta dos juros é a poupança. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o retorno da poupança é de 6,17% ao ano mais TR. Quando a taxa de juros está abaixo de 8,5% ao ano, a remuneração da poupança é de 70% da Selic mais TR.
"Portanto, esses produtos têm uma relação muito direta com essa alta da taxa Selic. E a mesma coisa vai acontecer quando ela cair", declara.
Juros não podem ditar todas as decisões
Independente de a taxa Selic estar baixa ou alta, Vivian diz que é preciso olhar para a sua carteira de investimentos de forma mais perene e estratégica. "Não tente buscar o tempo todo uma reação a coisas que acontecem no mercado. Você deve pensar a estratégia antes", afirma.
Segundo ela, tanto para quem está começando a montar a sua reserva de emergência quanto para quem está investindo para a aposentadoria, há uma estratégia a seguir.
O aumento da Selic vai mudar algo nos empréstimos?
Depende, se a taxa de juros do empréstimo for atrelada à Selic. "Se você tem, por exemplo, um empréstimo em que a taxa de juros é a Selic mais 3% ao ano, o seu empréstimo vai ter agora uma taxa de juros bem mais alta ", diz Vivian.
A planejadora financeira diz que, se esse for o seu caso, vale tentar uma renegociação do financiamento.
Para os novos empréstimos, Vivian diz que é provável que a taxa de juros fique mais alta, por conta do aumento da Selic. "Isso vale para a maioria dos empréstimos imobiliários, créditos, créditos consignados, financiamento de carro. Eles têm a referência da taxa Selic", declara.
No site do Banco Central, é possível ver as taxas de juros dos principais tipos de empréstimos do país.
Em geral, o cheque especial e o cartão de crédito têm menos interferência da taxa Selic, proporcionalmente ao que outros financiamentos e outros tipos de crédito sofrem.
Segundo ela, essa diferença só será sentida para quem está buscando empréstimos agora ou para quem já tem empréstimos com taxa de juros atreladas à Selic ou ao CDI.
"É interessante observar que esse indicador tem influências diferentes para quem é investidor e para quem está endividado", declara.
A alta da Selic influencia também a renda variável?
Segundo a planejadora financeira, ao investir em títulos da renda fixa, você tem um acordo no momento da compra. Ao longo de um determinado período, como a data de vencimento do título, você terá uma rentabilidade que pode ser fixa (os títulos prefixados), atrelada ao CDI/Selic e atrelada à inflação.
Vivian diz que os títulos prefixados não sofrem nenhuma influência, independente do que aconteça com a taxa Selic ou com a inflação.
"Na renda fixa, a influência é muito direta. Você sabe exatamente o quanto aquela taxa vai influenciar na rentabilidade dos seus títulos", declara.
Já na renda variável, não existe essa influência direta. "Mas, quando você investe na Bolsa, você está comprando pedaços pequenos de grandes empresas. E eventualmente essas empresas têm empréstimos. E, se são empréstimos atrelados à Selic, as empresas vão sofrer com esse aumento da taxa de juros. E isso pode se refletir também [no desempenho dela] na Bolsa", declara.
Para Vivian, a melhor estratégia é montar uma carteira de investimentos diversificada, com títulos atrelados à inflação, títulos pós-fixados e também, a depender do seu perfil de investidor, aplicações com um pouco mais de risco, na renda variável, entre outros produtos.
"A ideia é olhar para essa carteira de uma forma conjunta e integrada. Independente dos movimentos do mercado, que ela tenha sempre um bom equilíbrio entre os produtos que sejam descorrelacionados, ou seja, que não tenham uma relação entre si", afirma.
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