JBS quer ter ações nos EUA e valor dispara: isso é bom para o investidor?
As ações da JBS (JBSS3) estão em alta hoje, depois que a maior produtora de carnes do mundo propôs listar seus ativos nos Estados Unidos. Se o órgão regulador de mercados dos EUA, a SEC, aprovar a listagem, a empresa terá ações listadas nos dois países.
Por volta das 16h30, as ações estão saltando 8,82%, para R$ 18,76.
O que muda?
Se a SEC aceitar a listagem da JBS nos EUA, isso trará vários benefícios para empresa. O maior deles é conseguir captar dinheiro a um custo menor. "Por isso essa listagem já era um pedido que o mercado fazia", diz Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, casa de análise de Maringá (PR).
Mais de 75% do faturamento da JBS vem dos Estados Unidos. A empresa tem uma presença forte por lá, com as marcas Swift, Primo e Great Southern, entre outras. Vendendo ações nos EUA, a empresa terá acesso mais barato a um dinheiro que será usado para a expansão da companhia, possivelmente para a Europa.
A listagem nos EUA já beneficiava os concorrentes da JBS no país. Agora, se a listagem for aprovada, ela fica de igual para igual com os pares e economiza com custos de captação de dinheiro - já que antes precisava de empréstimos e outras fontes mais caras de financiamento, explica Milena Araújo, estrategista de investimentos na Nexgen Capital, de Goiânia.
Além disso, existe um ganho de governança. As regras de transparência da SEC, lembra Piovesan, são mais rígidas que das brasileiras.
Isso é muito importante para uma empresa que já se envolveu com tramas políticas e corrupção. Em 2017, a controladora do frigorífico JBS fechou um acordo de leniência, uma espécie de delação premiada das empresas, com o Ministério Público Federal e concordou com o pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões.
Como está a JBS em relação aos concorrentes
A Economatica fez o comparativo do valor de mercado (em dólares) das maiores empresa do setor. Também elencou o retorno das ações nos últimos 12 meses. No último ano, todas as maiores empresas do setor tiveram perdas. Confira:
- Hormel Foods Corp (HRL): US$ 21,42 bilhões / -16,44%
- Tyson Foods (TSN): US$ 18,37 bilhões / -34,89%
- JBS (JBSS3): US$ 7,81 bilhões / -39,12%
- Pilgrim'S Pride (PPC): US$ 5,32 bilhões / -23,92%
- Minerva (BEEF3): US$ 1,17 bilhão / -26,96%
- Marfrig (MRFG3): US$ 974 milhões / -30,17%
É uma boa comprar ações da JBS agora?
Sim, dizem os analistas. Expansão da JBS pode fazer seu preço subir. "Isso abre caminho para destravar o valor da ação", diz Milena. Além disso, a empresa voltou a pagar dividendos este ano e deve pagar mais no futuro.
A XP projeta uma alta de 109% para ação, com preço alvo de R$ 39. O BTG prevê que a ação cheque a R$ 35 em 12 meses.
No último ano, a ação despencou 39,12%. Segundo a Economatica, o prejuízo se estende há quatro anos. O retorno dos últimos quatro anos foi uma perda de 10,48% no valor das ações.
Mas ação ainda deve sofrer com o chamado "ciclo do boi". Assim como as safras na agricultura, o mercado de carne depende de pastagens e da engorda do boi. Atualmente, nos EUA, o ciclo do boi está em baixa para a empresa: a oferta é alta e o preço da carne cai. Por isso a JBS encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão.
Esses resultados ruins devem se repetir neste segundo semestre. "As coisas só devem melhorar no ano que vem", diz Piovesan.
Outro risco é o processo de listagem não ir para frente. "Eu esperaria a confirmação antes de comprar a açãop", diz André Sanson, diretor da TM3 Capital, de Curitiba. "Já houve no passado essa especulação de listagem e a companhia não prosseguiu com o processo", diz ele.
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