Na RedeTV!, Amanda Klein é inteligente, progressista e saco de pancadas
Toda discussão se reduz a dar ao adversário a cor de um tolo ou a figura de um canalha.
Paul Valéry
Atenção, muita atenção, este não é um texto para gente de pavio curto. Se você for conservador, então prepare-se para ficar muito irritado. O que vou discutir não tem nada a ver com ideologia, mas vou ter de elogiar uma mulher progressista, posicionada bem à esquerda e que dá excelente exemplo de como se comportar nas situações mais difíceis.
Estou me referindo a Amanda Klein, jornalista da bancada do programa "Opinião no ar", veiculado na hora do almoço pela RedeTV!, sob o comando de Ernesto Lacombe. Fazem parte da equipe também o experiente jornalista Silvio Navarro e o comentarista político Rodrigo Constantino, que recentemente foi demitido da Jovem Pan e da Record News por causa de um comentário polêmico que fez a respeito de uma notícia sobre estupro. Constantino participa dos Estados Unidos, onde reside.
O programa, que começou arrebentando de audiência logo na estreia, com o tempo foi perdendo fôlego, amargando agora números que chegam próximos do traço. Foi por esse motivo, provavelmente, que reforçaram o quadro com a contratação de Rodrigo Constantino, que faz muito sucesso com seus programas no YouTube.
Amanda é experiente
Essa jornalista paulistana tem pouco mais de 40 anos. Ela se formou em jornalismo na PUC-SP e possui uma carreira muito bem-sucedida. Trabalha há muitos anos como apresentadora de programas jornalísticos importantes: na Band News, falava de Economia; no SBT, atuou no Jornal da Noite, e agora está na RedeTV!. Ela fala de forma bem articulada, possui raciocínio lógico, ideias concatenadas, vocabulário fluente e timbre de voz bastante agradável.
Amanda é uma espécie de estrela solitária no programa. Enquanto os outros participantes, invariavelmente, se posicionam a favor dos temas mais conservadores, ela faz o contraponto discordando da opinião geral, defendendo posição mais progressista. Por mais que seja atacada e, em certos casos, até agredida verbalmente, nunca perde a serenidade e o equilíbrio ao opinar.
E seria até natural que se rebelasse, pois como diz Aristóteles na "Arte retórica": "Nós nos encolerizamos contra os que riem de nós, nos põem em ridículo, e escarnecem, pois nos ultrajam". Seria, portanto, da natureza humana que alguém demonstrasse ostensivamente contrariedade diante de atitudes como essas que ela tem contra si. Não agindo assim, ela demonstra grandeza e até superioridade contra seus detratores.
Uma profissional que se prepara
Não há tema que ela não saiba abordar. Demonstra ser estudiosa e se preparar de maneira disciplinada para discorrer sobre todos os assuntos debatidos no programa. Em certos momentos, dá a impressão de que até não emite a opinião que gostaria de externar, mas faz os comentários mesmo assim só para interpretar bem o papel de ser contra.
Basta que dê uma opinião a respeito de qualquer matéria que já vira saco de pancadas de todos os seus colegas. Firme no propósito de completar seu raciocínio, ainda que todos estejam falando ao mesmo tempo, ela faz de conta que não está ouvindo e segue em frente. Nunca demonstra um pingo de contrariedade. Não é raro também que, após ser contestada, volte a argumentar para impor sua maneira de pensar.
Assim que termina o programa, as redes sociais com posicionamento ideológico distinto do seu começam a atacá-la sem dó nem piedade. Mesmo que o conteúdo não corresponda bem aos comentários dos opositores, as chamadas são quase sempre sensacionalistas. Só para dar ideia, cito algumas das últimas postadas no YouTube: "Amanda Klein leva lição de Augusto Nunes"; "Constantino dá aula para Amanda Klein"; "Amanda Klein passa vergonha ao vivo"; "Amanda Klein fica roxa de vergonha'.
É questão ideológica
Não acho que seus colegas e os telespectadores se comportem assim pelo fato de ela ser mulher. Besteira. Se analisarmos bem, Caio Coppolla, quando estava na Rádio Jovem Pan enfrentou situação bastante semelhante. Por ser conservador, ele era obrigado a enfrentar sozinho os ataques dos quatro outros participantes do programa, que eram progressistas. Alguns de seus comentários chegavam a ser interrompidos quase trinta vezes.
Resolvi falar dessa jornalista porque ela é um exemplo de como devemos nos comportar em situações nas quais somos atacados por opositores nas mais diversas circunstâncias, especialmente na vida corporativa. Ainda que tenhamos razão, precisamos manter a tranquilidade e responder às agressões de forma serena e controlada.
Na próxima vez que assistir ao programa, antes de ficar só irritado, preste atenção ao comportamento dela. Vale a pena. É essa postura que se espera de um líder e de um profissional nas situações mais adversas. Esse equilíbrio e essa ponderação são atitudes que conquistam admiração e respeito dos pares, subordinados e superiores hierárquicos.
Superdicas da semana
- A serenidade do debatedor demonstra a força da sua convicção
- Aprender a se manter tranquilo em uma discussão é uma arte
- Quanto mais preparados estivermos para o debate, mais confiantes seremos
- O grito é arma dos que não têm razão
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "Superdicas para escrever uma redação nota 1.000 no ENEM", "Como falar de improviso e outras técnicas de apresentação", "Oratória para advogados", "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. "Oratória para líderes religiosos", publicado pela Editora Planeta.
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