Dólar passa de R$ 5 no dia, mas desacelera e fecha a R$ 4,786, novo recorde
O dólar comercial chegou a subir mais de 6% e superar a marca de R$ 5 pela primeira vez na história, pouco depois das 9h, no início dos negócios. A alta perdeu força depois da atuação reforçada do Banco Central no mercado de câmbio, e do BC dos EUA anunciar injeção de US$ 1,5 trilhão para tentar acalmar os investidores. O dólar comercial fechou em alta de 1,38%, a R$ 4,786 na venda. Este é o maior valor nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real. No ano, o dólar acumula valorização de 19,26% em relação ao real.
Foi mais um dia de caos nos mercados globais, com investidores preocupados com os impactos do coronavírus na economia mundial, especialmente após os EUA restringirem viagens vindas da Europa. A Bolsa de Valores teve duas paradas temporárias pela manhã. É a primeira vez na história que a Bolsa é suspensa em três dias da mesma semana.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
BC reforça intervenção no mercado
Em meio à disparada da moeda norte-americana, o Banco Central fez um leilão de venda à vista de até US$ 2,5 bilhões, em que vendeu US$ 1,278 bilhão, depois de cancelar o anúncio de venda de até US$ 1,5 bilhão feito no dia anterior.
Depois de não conseguir vender o total da oferta, o BC anunciou novo leilão, de até US$ 1,25 bilhão em moeda à vista, vendendo apenas US$ 332 milhões. Em seguida, fez outro leilão, de até US$ 1 bilhão, em que nenhuma proposta foi aceita.
"O Banco Central não conseguiu vender tudo ofertado nos leilões porque não há demanda na ponta à vista. Está tendo demanda no (dólar) futuro, uma medida de proteção", disse Jefferson Laatus, sócio e fundador do grupo Laatus. "Muita coisa vai acontecer ainda no dia de hoje, e a tendência é ver o BC fazendo vários leilões."
Recorde do dólar não considera inflação
O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.
Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.
Bolsa suspensa 2 vezes hoje
A Bolsa abriu as negociações às 10h e, por volta de 10h25, o Ibovespa despencava 11,65%. As negociações foram suspensas por 30 minutos. Ao voltar a operar, as quedas aceleraram, e a Bolsa foi suspensa novamente, por volta das 11h15, ao atingir queda de 15,43%. A segunda suspensão durou uma hora. Por volta de 12h18, a Bolsa voltou a operar de novo.
É a terceira vez nesta semana que a Bolsa interrompe temporariamente as negociações. O "circuit breaker" também foi acionado na Bolsa brasileira na segunda-feira e na quarta-feira.
Trump restringe viagens
O mercado teve um novo dia de tensões, após o presidente norte-americano, Donald Trump, restringir viagens da Europa para os Estados Unidos, agravando as preocupações sobre o impacto econômico do novo coronavírus.
Ele afirmou que os EUA vão suspender viagens de estrangeiros da Europa para os EUA pelos próximos 30 dias. As restrições começam amanhã (13), a partir da meia-noite, e não se aplicarão ao Reino Unido.
Com a medida de Trump, passageiros com viagem agendada terão de remarcar voos e o comércio internacional fica comprometido, elevando os riscos de uma recessão econômica.
"Hoje, os mercados financeiros dão sequência ao caos instalado em função da expansão do coronavírus pelo mundo", disse em nota a Correparti Corretora. "Ontem, a OMS reconheceu a enfermidade como uma pandemia, o que serviu para aprofundar o sentimento de fuga do risco pelos investidores. Além disso, a proibição dada pelo presidente norte-americano (...) serve para aprofundar ainda mais o desmonte dos mercados."
No Brasil, gastos públicos preocupam
Somado à tensão internacional, o "fato de Congresso e governo domésticos estarem em conflito aumenta pressão" sobre o real, de acordo com Jefferson Laatus, sócio e fundador do grupo Laatus.
O governo brasileiro estuda editar uma medida provisória para buscar a liberação de R$ 5 bilhões para reforçar a estrutura do Ministério da Saúde no combate à covid-19 coronavírus, de acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Nesta quinta pode ocorrer uma reunião entre Alcolumbre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para definir a melhor maneira de liberar os recursos.
As discussões sobre o combate ao coronavírus ocorrem após o Congresso Nacional derrubar na tarde de ontem (11) o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). A derrota imposta pelos parlamentares deve impor um gasto extra de R$ 20 bilhões.
(Com Reuters)
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