Dólar tem 4ª queda e vai a R$ 5,211, menor valor em 2 semanas; Bolsa sobe
O dólar chegou hoje a sua quarta queda consecutiva, esta de 0,97%, e fechou o dia cotado a R$ 5,211 na venda, o menor valor em duas semanas, desde 10 de agosto (R$ 5,197). É também a primeira vez em mais de dois meses que a moeda americana acumula uma sequência de quatro baixas — a última aconteceu entre os dias 21 e 24 de junho.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), registrou alta de 0,50%, chegando aos 120.817,71 pontos. A semana tem sido positiva para o indicador, que já soma ganhos de 2,34% desde segunda-feira (23), depois de uma forte queda de 2,59% acumulada na anterior.
Em agosto, o dólar segue praticamente estável, com leve valorização de 0,03% frente ao real. O Ibovespa ainda tem queda no mês, de 0,81%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Falas "acalmam" mercado
Contribuíram para a valorização do real frente ao dólar os recentes comentários apaziguadores de autoridades brasileiras sobre a situação fiscal no país. Ontem, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL, foto acima), disse que o Congresso não vai aprovar medidas que desrespeitem o teto de gastos ou prevejam calote no pagamento de precatórios (dívidas da União decorrentes de sentenças judiciais).
"Eu não vejo necessidade, possibilidade, de se estourar o teto", disse Lira em evento da XP Investimentos. Depois, ele ainda se encontrou com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, a fim de debater uma solução para pagar os precatórios, estimados em quase R$ 90 bilhões para 2022.
Ainda ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou haver melhora nos indicadores fiscais, acrescentando que o pano de fundo para a dívida bruta agora é "inegavelmente melhor" do que há alguns meses.
Temos visto as autoridades tentando mostrar que a agenda está forte, e a tendência é de que nos próximos dias vejamos mais figuras importantes passando o sentimento de que as coisas estão avançando. (...) Isso favorece a queda do dólar para um patamar mais baixo.
Gustavo Cruz, da RB Investimentos, à Reuters
Perspectivas para juros ajudam
Paralelamente, sinais de uma inflação persistentemente alta estão levando investidores a apostarem em um posicionamento ainda mais duro do Banco Central em relação aos juros básicos da economia (Selic), o que poderia beneficiar o real. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em 4 de agosto, a Selic foi elevada em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano — a maior alta em 18 anos.
Mais cedo, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a pressão do preço da energia elétrica levou a prévia da inflação oficial do Brasil a disparar a 0,89%, o nível mais alto para agosto em quase duas décadas.
"As pressões inflacionárias elevadas e em disseminação, as intensas pressões da inflação de custos, estímulo fiscal adicional e aumento dos prêmios de risco político e fiscal devem levar o Banco Central a continuar a normalizar a política monetária e antecipar e acelerar o caminho até uma taxa de juros acima de neutra", avaliou em relatório Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs.
(Com Reuters)
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