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Dólar sobe 1,59% em semana com atos golpistas, a R$ 5,267; Bolsa cai 2,26%

Em setembro, o dólar registra alta de 1,84% frente ao real, enquanto o Ibovespa tem queda de 3,78% - Amanda Perobelli/Reuters
Em setembro, o dólar registra alta de 1,84% frente ao real, enquanto o Ibovespa tem queda de 3,78% Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/09/2021 17h22Atualizada em 10/09/2021 17h24

Após registrar queda de quase 2% na última sessão, o dólar fechou a sexta-feira (10) em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,267 na venda. Com o desempenho de hoje, a moeda americana encerra a semana com ganhos de 1,59% frente ao real, depois de uma sequência de duas quedas semanais seguidas.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caiu 0,93% neste pregão, terminando o dia aos 114.285,93 pontos. É a segunda semana negativa consecutiva para o indicador, que somou perdas de 2,26% desde segunda-feira (6) — puxadas principalmente pela sessão de quarta (8), um dia após os atos de 7 de setembro em apoio a pautas golpistas.

Em setembro, o dólar registra alta de 1,84% frente ao real, enquanto o Ibovespa tem queda de 3,78%. O cenário é semelhante em 2021, com a moeda acumulando ganhos de 1,51% e o indicador, perdas de 3,98%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Mercado receoso

Apesar de fechar em alta, o dólar passou boa parte da manhã em queda, chegando à casa dos R$ 5,16 na mínima do dia, pouco depois da abertura da sessão. Na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, essa mudança de direção pode ser reflexo das dúvidas do mercado sobre a durabilidade do "recuo" por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Os investidores podem estar procurando adotar uma postura de cautela caso Bolsonaro volte a adotar uma retórica mais dura. Hoje também é sexta-feira, e o mercado busca não ficar muito posicionado antes do fim de semana.
Luciano Rostagno, à Reuters

Ontem, em "declaração à nação", Bolsonaro disse nunca ter tido intenção de agredir qualquer um dos Poderes, explicando que suas palavras, "por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum". Ele também afirmou que "sempre" esteve disposto a manter diálogo permanente o Legislativo e o Judiciário "pela manutenção da harmonia".

A nota — cuja publicação fez o dólar despencar e a Bolsa, subir —, veio dois dias depois de o presidente participar de atos antidemocráticos em Brasília e em São Paulo. Na terça (7), ele voltou a fazer ataques ao Judiciário e chegou a dizer que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a quem xingou de "canalha".

Volatilidade "veio para ficar"

À Reuters, o estrategista-chefe da Davos Investimentos, Mauro Morelli, disse que, mesmo após Bolsonaro baixar o tom, a "volatilidade veio para ficar" no mercado. A expectativa é de que o dólar registre fortes oscilações à medida que as eleições de 2022 se aproximam, mesmo com eventuais aumentos nos juros básicos da economia (Selic), que tendem a favorecer o real.

No último encontro, em 4 de agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano, no maior ajuste na taxa em 18 anos. Também deixou em aberto a possibilidade de um novo aumento da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para o próximo dia 22.

Quando a Selic sobe, os custos dos empréstimos no Brasil também aumentam, o que torna o real mais atrativo para a realização de "carry trade". Essa estratégia consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo — como os Estados Unidos, por exemplo — e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (Brasil). Desta forma, o investidor ganha com a diferença entre as taxas.

(Com Reuters)