Violência faz procura por blindagem de carro aumentar até 35% em SP
Os altos índices de violência e a sensação de insegurança dos brasileiros fizeram aumentar a procura por blindagem de veículos em 2013. Empresas do setor já registram alta de até 35% nos pedidos.
É o caso da Concept Blindagens, em Mauá (SP). Só no segundo trimestre de 2013, o número de pedidos mensais subiu de 52 para 70, alta de, aproximadamente, 35%.
A procura é tanta que a empresa teve de ampliar o prazo de entrega dos veículos de 30 dias úteis para 50, segundo o CEO, Rogério Garrubbo, 51.
O Estado de São Paulo detém 72% do mercado de blindagem de veículos, segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem).
“Diante do aumento do número de roubos de carros e latrocínios, a população tenta se proteger como pode. Uma dessas formas é a blindagem do próprio carro”, diz.
Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que o roubo de carros cresceu 6,4% no primeiro semestre de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado.
Já os latrocínios (roubo seguido de morte) aumentaram 10,6% no mesmo período.
Segundo Garrubbo, a empresa atua no mercado desde 2003. O investimento inicial foi de R$ 1,5 milhão. Mas, durante os três primeiros anos de atividade, as aplicações no negócio somaram R$ 4 milhões.
O preço de uma blindagem varia de R$ 45 mil (para um Toyota Corolla) a R$ 75 mil (para um Jaguar), por exemplo. O faturamento não foi divulgado.
Em Cotia (31 km a oeste de São Paulo), a Tecno Blindagem registrou alta na procura de 20% em 2013. O número de blindagens mensais subiu de 16 para 20, segundo a sócia da empresa, Ângela Simi Moreira, 56.
O custo para blindar o veículo varia de R$ 38 mil a R$ 50 mil. “Hoje, a blindagem está mais acessível do que era no começo do ano 2000 devido à própria concorrência no setor, que é alta”, diz Moreira.
A empresa atua no mercado há 13 anos. O investimento inicial, segundo a sócia da companhia foi de R$ 100 mil em ferramentas e equipamentos. No entanto, ela afirma que de lá para cá outros R$ 600 mil foram investidos no negócio. O faturamento não foi divulgado.
Já o Grupo Avallon, com fábrica m Barueri (30 km a oeste de São Paulo), teve crescimento de 40% no primeiro semestre de 2013, incluindo a venda e locação de carros blindados.
Por mês, o negócio chega a blindar entre 60 e 70 carros. A empresa mantém duas lojas de mostruário na capital paulista.
“A sensação de insegurança da população se mantém alta há anos, o que colabora com o aumento de pedidos na nossa fábrica”, afirma o gerente comercial da Avallon, Ricardo Souza, 37.
O preço da blindagem varia de R$ 45 mil a R$ 75 mil, dependendo do modelo do carro e tipo de vidro utilizado. O faturamento não foi revelado.
Setor está em crescimento
De acordo com dados da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), o número de veículo blindados, em 2012, foi de 8.384. Para este ano, a expectativa é que 9.928 carros ganhem proteção antibala, alta de 18,4%.
Segundo a entidade, o tipo de blindagem mais utilizada no país é a de nível III-A, que suporta tiros de pistolas, revólveres e até submetralhadoras.
A sensação de insegurança dos brasileiros é o principal fator que impulsiona a blindagem automotiva, de acordo com Christian Conde, executivo da Abrablin.
“As mulheres, por serem alvos preferenciais da criminalidade, têm aumentado a participação neste mercado e já representam 42,5% do total de clientes”, declara.
De acordo com Conde, novos mercados começam a surgir. "Estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Ceará tiveram alta procura por blindagem de veículos, em 2012", diz.
O executivo da Abrablin afirma, ainda, que, para atuar no setor de blindagem automotiva, a empresa precisa de uma autorização do Exército, assim como seus fornecedores. Além disso, é preciso informar o órgão militar sobre cada carro a ser blindado.
"Parece burocracia, mas é uma forma de evitar com que criminosos e traficantes façam a blindagem de seus carros", diz.
Concorrência no mercado é acirrada
Para o consultor de negócios automotivos da JR Motors, Harry de Lima Franco Junior, o risco de abrir uma empresa de blindagem de carros é alto. Segundo ele, a concorrência no mercado é acirrada e já existem prestadoras de serviço consolidadas em atividade.
“Estabelecer-se neste mercado é muito difícil porque o cliente dificilmente vai blindar o carro em uma empresa desconhecida ou nova. Se o serviço não for bem feito, é a vida dele que estará em jogo”, diz.
Franco Junior afirma que alguns materiais usados na blindagem, como a cola e a manta de aramida (fibra sintética de alta resistência), são importados.
Quando o dólar está elevado, a empresa paga mais caro pelos insumos, mas não repassa o custo para o cliente. “Isso faz com que a margem de lucro do negócio caia em alguns períodos”, declara.
O consultor diz, ainda, que o veículo tem uma valorização inicial após a blindagem. No entanto, o carro sofre depreciação de 10% a 30% do valor original a cada ano, dependendo do estado de conservação.
"Vender um carro blindado usado é um pouco mais difícil porque ele é caro demais para a classe C e velho demais para a classe A. Se o proprietário está realmente preocupado com a segurança, é recomendável que ele permaneça com o veículo por mais tempo", afirma.
Onde encontrar:
Concept Blindagens: avenida Papa João XXIII, 929, Distrito Industrial, Mauá (SP). Fone: (11) 5181-3801. Site: www.conceptblindagens.com.br
Grupo Avallon (Showroom): avenida Europa, 888, Jardim Europa, São Paulo (SP). Fone: (11) 3061-4000. Site: www.avallonblindagens.com.br
SER Glass Vidros Blindados: Rua Oneda, 117, Bairro Planalto, São Bernardo do Campo (SP). Fone: (11) 5093-2103. Site: www.ser-company.com.br
Tecno Blindagem: rua São Gabriel, 153, Parque Industrial São José, Cotia (SP). Fone: (11) 4612-3214. Site: www.tecnoblindagem.com.br
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