Empresa leva cães para fazer rafting e trilha e fatura R$ 20 mil por mês
Em vez de vender pacotes de viagem para hotéis e resorts, a empresária Larissa Rios, 39, especializou-se em criar passeios em que os cães são os protagonistas e seus donos, os acompanhantes. Ela é fundadora da Turismo 4 Patas, empresa paulistana que fatura R$ 20 mil por mês com a venda de atividades para donos de animais. O lucro não foi divulgado.
Entre as atividades realizadas pelos cães na companhia de seus proprietários estão rafting e boia cross (descida de rios em botes e boias individuais), “stand up paddle” (uma espécie de surfe com o cão na prancha), trilha na mata, caminhadas na cidade e até visita a produtores de cachaça. “Nesse caso, só os donos podem degustar a bebida”, afirma a empresária.
Veja cães praticando rafting com seus donos
Segundo ela, a maior parte dos passeios dura um dia e acontece em cidades a, no máximo, 80 km da capital paulista, como Atibaia, Jundiaí, Juquitiba e São Lourenço da Serra. “Nossa proposta é levar os animais para o convívio com a natureza. Em todos os passeios, há um rio próximo para que eles possam nadar”, diz.
As atividades acontecem aos finais de semana e custam R$ 50 por animal e R$ 130 por pessoa. Eventualmente, a empresa faz roteiros de quatro dias, com hospedagem inclusa, que podem custar R$ 125 por cão e R$ 800 por pessoa ou casal. Em média, os passeios reúnem 35 cachorros e 40 acompanhantes.
O negócio foi criado em 2007 com investimento de R$ 4.000, segundo Rios. A ideia veio da dificuldade enfrentada pela empresária para encontrar locais que aceitavam cães. Além de funcionar como um guia com dicas e sugestões de viagens para pets, a empresa também criou um tipo de certificação para avaliar estabelecimentos que admitem a presença de animais.
Turismo pet representa 5% das vendas de agência
Outra empresa que percebeu o potencial do turismo pet foi a EcoAção, em Brotas (246 km a noroeste de São Paulo). A agência de viagens trabalha com roteiros e passeios dentro da cidade, famosa pela prática de esportes radicais.
De acordo com Giovana Guedes, 34, diretora comercial da agência, os preços para atividades como trilha para cachoeira, rafting e caiaque variam de R$ 35 a R$ 70 para o cão e o dono. Pacotes de dois dias com hospedagem em quarto duplo mais passeios custam R$ 689. O faturamento não foi divulgado.
Os primeiros passeios para cães começaram a ser vendidos há oito anos. Hoje, esse público representa 5% das vendas da empresa. “É uma participação pequena, mas enxergamos nesse serviço um diferencial”, diz. “A empresa é vista como amigável e quem traz o cão acaba nos recomendando para os amigos que tenham ou não animais.”
As duas empresas afirmam que os passeios são acompanhados por adestradores. No caso do rafting, a atividade é feita em um trecho mais calmo do rio e com menos quedas. Também são disponibilizados coletes salva-vidas para os animais e seus donos.
Baixa oferta de hotéis que aceitam pets limita mercado
A pouca oferta de hospedagens e restaurantes que admitem a presença de animais, no entanto, pode limitar o mercado de empresas que vendem passeios turísticos para pets, segundo Célio Placer, professor de gestão de serviços e marketing da FIA (Fundação Instituto de Administração).
“Se há poucos hotéis que oferecem estadia para animais, os locais de visita ficam limitados”, afirma. “A oferta ainda é pouca para a quantidade de animais que temos no país.”
Outro limitador para o mercado, segundo Placer, é a dificuldade de embarcar com animais em aviões. Cada empresa aérea tem suas regras, mas, no geral, os pets devem ser transportados em caixas apropriadas e o peso não pode ultrapassar 5 kg ou 7 kg. Caso ultrapasse, o animal vai no compartimento de cargas.
“Isso faz com que os roteiros turísticos fiquem restritos a locais próximos do cliente para que ele possa fazer a viagem em veículo próprio”, declara.
Onde encontrar:
EcoAção: www.ecoacao.com.br
Turismo 4 Patas: www.turismo4patas.com.br
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