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Nova onda de covid e dívida pública derrubam Bolsa e alimentam dólar e ouro

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

30/10/2020 17h57

Resumo da notícia

  • Bolsa tem 3º mês seguido de queda pressionada por incertezas com relação à economia global e doméstica
  • Ambiente de dúvidas favoreceu procura por dólar e ouro, que sobem
  • Profissionais de mercado dizem que volatilidade vai prevalecer neste último bimestre do ano

A Bolsa brasileira fechou outubro com a terceira queda mensal seguida em meio às incertezas provocadas pela segunda onda da covid-19 na Europa e pela gestão da dívida pública no Brasil. O ambiente de insegurança levou a uma maior procura por ativos considerados mais estáveis e seguros, como dólar e ouro, que fecharam o mês com variação positiva.

No exterior, o temor é de que os governos tenham que voltar a adotar medidas rigorosas de isolamento social, travando novamente toda atividade econômica. No Brasil, a fonte de incerteza é a dívida pública crescente, que está levando os investidores a pedirem taxas mais elevadas para os títulos do governo.

Esse ambiente negativo tanto no exterior como doméstico ficou mais evidente nesta última semana de outubro, quando as Bolsas operaram com forte queda em todo o mundo, enquanto o dólar acelerou a valorização.

O Ibovespa encerrou outubro com queda de 0,69%, terceira retração seguida, cedendo a 93.952 pontos. No acumulado do ano, a Bolsa perde 18,76%. No sentido contrário, o dólar avançou 2,2%, para R$ 5,738. No ano, a alta acumulada é de 43%. E o ouro, que vinha se aproveitando da volatilidade dos mercados em 2020, avançou mais 2,4% e chegou agora a uma valorização acumulada de 70,3% este ano.

Veja abaixo o desempenho de alguns ativos dos mercados aqui no Brasil.

O que esperar para o fim do ano

Para o chefe de alocação da XP Investimentos, Felipe Dexheimer, no Brasil os problemas fiscais continuam preocupando o mercado e, com isso, as expectativas de juros devem seguir em alta, o que atrapalha a Bolsa. No exterior, além da segunda onda da covid-19, as eleições americanas representam outra fonte de incerteza, que pode provocar volatilidade nos mercados.

"O mês foi bastante volátil para o mercado Ibovespa, que no seu melhor momento retornou à faixa de 102 mil pontos, enquanto no pico de estresse retornou para a mínima de setembro, na região de 93 mil pontos. Esses serão os dois patamares que vão definir o rumo do mercado de ações até o final do ano", disse o analista de ações da Clear Corretora, Rafael Ribeiro.

Segundo Ribeiro, uma piora da percepção quanto ao rumo da economia em vista da escalada da covid-19 resultará na perda dos 93 mil pontos pelo Ibovespa e isso abrirá caminho para a faixa de 80 mil pontos. Se os dados econômicos ajudarem e os resultados das empresas seguirem fortes, a faixa de 90 mil pontos deverá ser conservada, afirma.

"Mas, para romper a faixa entre 102 mil e 105 mil pontos, será necessário o avanço da agenda de reformas no Brasil, algo que não deveremos ver tão cedo no momento", disse o analista da Clear Corretora.