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Não entre em pânico e saiba o que fazer quando ações na Bolsa caem muito

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

29/10/2020 15h21

Resumo da notícia

  • Ibovespa vinha em recuperação até agosto, quando passou a cair
  • Perdas se acentuaram esta semana em meio ao temor de segunda onda de covid-19
  • Veja o que recomendam consultores - para quem está na Bolsa e para quem pensa em entrar

A Bolsa vinha se recuperando de forma consistente desde abril após o forte tombo que sofreu no primeiro trimestre. Mas a reação foi interrompida em setembro, reabrindo o ciclo de perdas que foi acentuado esta semana em meio ao medo dos investidores com uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus na Europa.

Neste momento em que predomina a incerteza e o receio de que a economia volte a ser travada por novas medidas de isolamento social, os investidores buscam ativos considerados mais seguros. Daí a queda das ações. A onda pode levar aplicadores a decisões erradas, entrando no efeito manada. Por isso, dizem os consultores, a maior recomendação é ter cautela.

Veja o que profissionais recomendam aos aplicadores que estão na Bolsa ou que pensam em entrar. O UOL ouviu especialistas das plataformas de consultores certificados da Planejar, da Dsop Educação Financeira e da Fiduc.

Para quem está na Bolsa

A primeira pergunta que uma pessoa deve se fazer antes de sacar o dinheiro da Bolsa por causa das perdas é sobre o prazo que ela havia definido para essa aplicação. Dependendo do objetivo, o dinheiro está em ações para ser resgatado no curto, médio ou longo prazo. Veja cada situação.

  • Curto prazo (até um ano): Quem aplicou na Bolsa com meta para sacar antes de um ano assumiu um risco não recomendado pelos consultores. Exatamente porque a necessidade de resgate pode ocorrer justo em momento de perdas. A pessoa fica sem a opção de esperar o mercado melhorar para pegar o dinheiro. Se a pessoa realmente precisa desse dinheiro, a alternativa é minimizar as perdas.

Se o investidor aplicou para sacar em um prazo curto, a dica dos especialistas é checar o quanto a carteira já rendeu. Mesmo que o rendimento da carteira tenha caído nos últimos meses, se o ganho hoje ainda estiver batendo seu objetivo, digamos, mais de 10%, talvez valha a pena vender os papéis agora. O ciclo de baixa do mercado pode durar mais um pouco e corroer mais ainda o ganho que havia sido apurado.

  • Médio prazo (até cinco anos): Nesse caso, a pessoa deve buscar momentos de saída da Bolsa. Por exemplo, estabelecendo patamares como: vender a ação se ela cair 5%.

Um exemplo dessa situação pode ser o caso da Petrobras, papel que sofreu esta semana após a divulgação do balanço de resultados do terceiro trimestre. O prejuízo de R$ 1,5 bilhão entre junho e setembro provocou uma reação negativa no mercado, levando a uma onda de vendas que derrubou a cotação.

Para quem já estava com esse papel, mas conseguiu um bom retorno desde a aplicação, o momento até pode ser de venda. Mas, se o investidor pode ficar com o dinheiro lá, vale mais a pena esperar porque há espaço para a ação se recuperar, dizem os consultores.

  • Longo prazo para quem ainda está longe de sacar (mais de cinco anos): Para quem aplicou na Bolsa como parte de uma aposentadoria ou outros projetos mais para a frente, o melhor neste momento é deixar o dinheiro lá. Sacar agora significa efetivar a perda registrada nesses dias. Até porque o plano é pegar o dinheiro apenas em alguns anos, então vale a pena aproveitar que o preço das ações caiu para até comprar mais papéis de empresas que interessam ao aplicador.
  • Longo prazo para quem está perto de sacar o dinheiro: O mais indicado é vender mesmo as ações, pois a instabilidade pode continuar por mais algumas semanas. A recomendação tem ainda mais peso para carteiras com empresas que estão sofrendo mais com o dólar alto, por exemplo, pois a situação pode continuar instável.

Quem está fora do mercado

Profissionais de mercado destacam que a variação negativa da Bolsa não significa necessariamente que as perdas são para todos os aplicadores. As alternativas de investimento nesse mercado são amplas, e por isso, há espaço para diferentes estratégias.

  • Oportunidades fora do Ibovespa: O Ibovespa é o índice mais conhecido e usado no mercado de renda variável, pois é formado pelas ações mais negociadas no mercado e das maiores companhias do país. Mas há outros índices e outras formas de aplicar na Bolsa. É comum acontecer de o Ibovespa recuar enquanto outros índices registram ganhos. O investidor que não gosta de volatilidade pode buscar setores que apresentam comportamento mais estável, como o de energia.
  • Oportunidades pelas datas da aplicação: Bolsa em queda é vista como oportunidades por muitos consultores. Afinal, o momento da aplicação também é determinante para o investidor avaliar se terá mesmo perdas na Bolsa em 2020. Quem entrou na Bolsa no começo do ano e sacou o dinheiro no fim de março perdeu capital. Mas a pessoa que investiu em ações no começo de abril, ainda está no lucro.

Segundo os consultores, se o investidor seguir a recomendação de ver a Bolsa como um negócio de longo prazo, acima de cinco anos, a chance de surfar as melhores ondas é maior. Esse planejamento evita que o dinheiro aplicado tenha que ser sacado justamente no momento de baixa do mercado.