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ANÁLISE

Itaú e XP têm crescimento no lucro; veja como ficam as ações

Felipe Bevilacqua

04/11/2021 09h50

Hoje comentaremos sobre os resultados do Itaú (ITUB4) e da XP (XPBR31). O Itaú teve crescimento de quase 20% no lucro e rentabilidade e XP tem alta de 82% no lucro líquido.

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Balanço do Itaú levemente acima do esperado

O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou os resultados do terceiro trimestre de 2021. O balanço veio bom, levemente acima do esperado pelo mercado, com destaque para o crescimento do lucro e da rentabilidade de 19,7%.

O lucro líquido ajustado da companhia atingiu R$ 6,8 bilhões, aumento de 3,6% em relação ao último trimestre e 34,8% maior que o resultado apresentado no terceiro trimestre de 2020.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 19,7% no trimestre, uma melhora em relação ao ano anterior (15,7%) e ao trimestre anterior (18,9%). O indicador caiu muito no início de 2020, atingindo 12,8%, e mostrou uma evolução gradual nos trimestres subsequentes, embora ainda abaixo do ROE de 23,7% do fim de 2019, no pré-pandemia.

A carteira de crédito cresceu 5,9% na base trimestral e atingiu R$ 962,3 bilhões, um crescimento de 13,6% em comparação na base anual. A inadimplência acima de 90 dias teve uma ligeira alta para 2,6% (2,3% no segundo trimestre). Essa ligeira elevação ocorreu (i) graças a um cliente específico da carteira de grandes empresas, que saltou de 0,3% para 1,1% na passagem trimestral; (ii) e, na América Latina, um cliente específico também foi responsável pelo aumento do índice de 1,4% para 2%. Ambos os clientes responsáveis pela piora nos indicadores já estão provisionados.

As provisões para créditos de liquidação duvidosa (indicador conhecido como PDD) tiveram um aumento de 14,3% em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 5,5 bilhões e contribuindo para o aumento de 11,5% do custo de crédito. Os gastos com PDD foram muito inferiores aos vistos no terceiro trimestre de 2020, quando todos os bancos ainda estavam com provisões extraordinárias devido à pandemia de Covid-19.

A margem financeira, diferença entre os juros que são cobrados pelo banco nos empréstimos e os juros pagos pelo banco em suas captações, cresceu 3,8% em relação ao trimestre anterior e 15,3% ante o mesmo trimestre do ano passado, alcançando R$ 19,5 bilhões. O número foi positivamente impactado pelo aumento no volume de crédito e mix de produtos (crédito para pessoa física e pequenas e médias empresas).

Outro ponto de destaque foi o avanço da receita de serviços. O Itaú obteve um aumento de 8,26% na base anual e de 4,85% na base trimestral, atingindo R$ 11,5 bilhões. Isso reflete o desempenho do setor de seguros, que é uma das avenidas de crescimento que o banco pretende focar nos próximos meses, principalmente com o avanço do Open Finance.

O Iti, o banco digital do Itaú, atingiu 10 milhões de clientes, com adição de 2,2 milhões apenas no terceiro trimestre. Do total dos 10 milhões, 85% não possuem contas no banco "tradicional".

Os resultados apresentados pelo Itaú vieram bons, levemente acima da expectativa do mercado e com tendências semelhantes às observadas no balanço do Santander Brasil (SANB11). Esperamos impacto positivo nas ações do Itaú no curto prazo.

Resultados do terceiro trimestre da XP

A XP Inc (XPBR31) apresentou os resultados do terceiro trimestre de 2021, o primeiro após a cisão junto ao Itaú (ITUB4). A corretora já havia divulgado sua prévia operacional com os principais indicadores do trimestre e que não foram bem recebidos pelo mercado. Contudo, acreditamos que a "versão completa" do período traz predicados interessantes não esperados, principalmente na linha de receitas.

O total de ativos sob custódia (AuC) alcançou a marca de R$ 789 bilhões, um aumento de 40% na base anual, mas queda de 3% na passagem trimestral. Como a captação líquida ajustada veio forte - R$ 47 bilhões no período - a queda no AuC se deve à desvalorização dos ativos no mercado.

Entre os principais destaques do trimestre estão: i) o crescimento de 50% na receita líquida em relação ao mesmo trimestre em 2020, atingindo R$ 3,17 bilhões; ii) O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que atingiu R$ 1,17 bilhão, representando um crescimento de 61% na base anual e iii) a margem operacional, que fechou o período em 36,9%, expansão de 2,3 pontos percentuais ante 2020, mas queda de 4,4 pontos no comparativo trimestral.

O varejo, que é responsável por 77% da receita bruta total, cresceu 53%, mantendo as taxas de comissão (take rate) dos últimos 12 meses estáveis em 1,3%.

O maior destaque do resultado foi o crescimento de 82% no lucro líquido do trimestre em relação ao mesmo período de 2020, impulsionado por uma alíquota de imposto mais baixa do que o usual (13,8% contra 23,4%).

Um dado marginalmente negativo foi a queda na margem operacional. Contudo, a companhia deixou claro que segue investindo de maneira intensiva em novas frentes de negócio, como serviços bancários, seguros, crédito e "outros". Vemos, portanto, um 'trade-off' margem contra crescimento mais do que justificado no curto e médio prazo.

Entendemos que os números apresentados pela XP foram bons. Como o dado fraco de ativos sob custódia (motivado por fatores exógenos e mal interpretado pelo mercado) já havia sido divulgado, acreditamos que as demais linhas serão bem recebidas. Esperamos impacto positivo no preço dos papéis da XP, já que, além do resultado, a performance ruim nas últimas semanas abre um espaço adicional para ganhos no curto prazo.

A companhia segue em uma trajetória muito interessante, sendo um dos raros casos no Brasil capazes de mesclar características de crescimento com geração de valor.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.