Os investidores mais experientes sabem que a Petrobras (PETR4) não é uma ação como outra qualquer. Os papéis da companhia possuem um comportamento curioso: quanto maiores são o preço do petróleo e o volume de vendas da estatal, mais arriscado se torna o investimento em suas ações. Achou confuso? Sem problemas, explicarei melhor.
Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!
Diferentemente da maioria das petrolíferas mundo afora, sejam elas estatais ou não, a Petrobras é alvo constante de ataques quando apresenta bons resultados e oferece uma boa remuneração aos seus acionistas -dentre os quais merece destaque a União, que detém cerca de 28% do capital social da empresa.
Isso porque o lucro da Petrobras, bem como o de qualquer outra companhia do setor, está diretamente ligado aos preços pelos quais são comercializados os combustíveis derivados do petróleo, que, por sua vez, são calculados a partir do preço do barril da commodity no mercado internacional.
O debate, que já dura décadas, acerca da função social da companhia faz com que seja mais arriscado investir em suas ações justamente nesses momentos nos quais o cenário é favorável para a Petrobras. Quanto mais a estatal lucra, maior o risco de interferência governamental na sua gestão.
O motivo para isso é simples: o preço dos combustíveis é uma importante arma política. Quanto menores os preços, maior tende a ser a satisfação do eleitorado com o trabalho do governante -independentemente dos malefícios que a redução dos preços possa trazer no médio/longo prazo.
É curioso observar que não existe a mesma reação da parte dos consumidores ao se tratar de outros produtos. Quando as pessoas vão ao mercado e se deparam com preços mais altos, entendem que estão sentindo no bolso o peso da inflação, mesmo quando não sabem explicar as causas para tal fenômeno.
No caso do mercado de óleo e gás brasileiro, contudo, existe a noção de que os governantes possuem autonomia para driblar as regras do mercado e manter os preços mais baixos. Isso se deve ao mantra repetido incansavelmente desde antes da criação da Petrobras: "O petróleo é nosso."
Já experimentamos anteriormente períodos de intervenção do governo na política de preços da Petrobras, e o mais recente terminou rendendo prejuízos multibilionários à Petrobras -além de um aumento explosivo do endividamento da companhia.
Agora resta aos investidores decidirem se os resultados recordes projetados para a estatal em 2022 compensam o risco de apostar em uma companhia que pode passar por uma súbita mudança em seu modelo de gestão, o que pode lançar a Petrobras no caminho de uma nova crise, como aquela vivida entre 2014 e 2017 -período durante o qual os acionistas não receberam nem um centavo sequer da petrolífera.
Na quarta-feira (25), as ações da Petrobras fecharam em alta de 1,42%, cotadas a R$ 32,05.
Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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